A ameaça de Joe Biden ao Brasil só foi possível porque o governo Jair Bolsonaro rebaixou o país a pária global. O primeiro erro é um Estado nacional se aliar incondicionalmente a outro, abrindo mão da defesa dos seus interesses. Mas o segundo erro, mais grave ainda, é submeter os interesses de um Estado aos interesses de uma pessoa, como Bolsonaro fez com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Esse vira-latismo geopolítico tem consequências econômicas reais. Biden é só uma das dores de cabeça que aguardam o Brasil. O que é ruim tende a piorar com Bolsonaro no poder.
No debate com o republicano Trump, o democrata Biden afirmou na noite desta terça-feira que se reuniria com outros líderes mundiais para obter verba de US$ 20 bilhões a fim de preservar a Amazônia. Não deu detalhes se seria um dinheiro a fundo perdido ou uma linha de crédito. Mas Biden foi claro num ponto: “Parem de destruir a floresta! E, se vocês não pararem, irão enfrentar consequências econômicas significativas”. O democrata tratou o Brasil como se uma fosse uma república de bananas.
Em uma situação normal, isso causaria estranheza. Mas o Brasil de Bolsonaro virou uma república de bananas. O país tem uma democracia fragilizada. Bolsonaro reagiu a Biden invocando uma suposta ameaça à soberania nacional. Disse que o país “não aceita mais subornos”. Bolsonaro afirmou que seu “governo está realizando ações sem precedentes para proteger a Amazônia”.