Maria Aleksándrova O navio venezuelano “Ayacucho” passou a se chamar “Máximo Gorki” e mudou de bandeira para poder encontrar uma seguradora. O petroleiro perdeu suas seguradoras internacionais devido às sanções impostas pelos Estados Unidos.
O maior petroleiro da Venezuela passará a navegar sob a bandeira russa, segundo o jornal econômico russo RBC. O acontecimento é extraordinário, já que das mais de 800 embarcações que levam a bandeira venezuelana, há raros casos de passagem para outra jurisdição, como a Libéria ou Panamá, de acordo com o banco de dados de embarcações marítimas da “Equasis”.
O petroleiro tem 320,8 mil dwt (a medida de porte das embarcações, “toneladas de porte bruto”), ou seja, pertence à classe VLCC (Very Large Crude Carrier). Antes chamado “Ayacucho”, em homenagem a uma cidade venezuelana chamada Puerto Ayacucho, ele mudou de nome em maio de 2020, passando a se chamar “Máximo Gorki” (Maksím Górki).
Desde junho, ele também está inscrito no registro russo e navega sob a bandeira russa, de acordo com a “Equasis” e com o “Registro Internacional de Navios da Rússia”. O superpetroleiro foi registrado na Rússia em 27 de maio de 2020, segundo a última entidade. O certificado foi emitido em 20 de agosto pelo Russian River Register.
O maior petroleiro sob bandeira russa
Assim, o “Máximo Gorki” se tornou o maior petroleiro navegando sob a bandeira russa. Antes, os maiores petroleiros de armazenamento (depósitos flutuantes de óleo) na Rússia eram o “Umba” (300.000 dwt) e o “Kola” (309.000 dwt), de acordo com o banco de dados da “Equasis” e publicações de fontes abertas.
Em 2013, a petrolífera estatal “Petróleos de Venezuela” (PDVSA) recebeu solenemente um novo super-petroleiro “Ayacucho” do estaleiro chinês “Bohai Shipbuilding”, que também construiu petroleiros para a “Sovcomflot” navegando sob bandeira estrangeira.
“Ele é um navio que pode transportar 2 milhões de barris de petróleo. É quase tão grande quanto um porta-aviões. É um porta-aviões da nossa pátria, da nossa soberania”, declarou o então ministro do Petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez.
O “Ayacucho” e três outros superpetroleiros figuravam no balanço patrimonial da “CV Shipping”, joint venture de Cingapura entre a PDVSA e a estatal chinesa “PetroChina”.
No entanto, depois que os Estados Unidos impuseram sanções contra a PDVSA e as seguradoras internacionais retiraram sua cobertura, o sócio chinês iniciou falência da joint venture em Cingapura.
A “PetroChina” ficou com três petroleiros, mas deixou o quarto, o “Ayacucho”, para os venezuelanos.