Chico Vigilante – Deputado Distrital – PT/DF
Tem situações que só a arte propicia. Tomamos conhecimento que a Sra. Michele Bolsonaro foi a uma delegacia de polícia para registrar queixa em relação à música da banda Detonautas e ao integrante compositor, Tico Santa Cruz. A música, de forma bem humorada, repete a pergunta que circula nas redes sociais e fora delas desde que tomamos conhecimento dos depósitos que o Fabrício Queiroz e esposa teriam feito em conta da primeira-dama.
A Sra. Michele poderia vir a público dizer que não é verdade. Ou reconhecer a verdade, mas explicar que refere-se a uma transação legal e mostrar documentos provando sua versão. Mas não. Prefere atacar os artistas que estão exercendo legal e legitimamente sua atividade. A música, por sinal, não afirma nada. Apenas pede: Ei, Michele, conta aqui pra nós…
Bolsonaro aposta em seu poder presidencial para abafar as investigações sobre as relações entre Queiroz e seus filhos. Que, na verdade, são relações entre Queiroz e Jair. Seus filhos foram usados, conscientemente, para montar as fábricas de dinheiro dos gabinetes para enriquecimento ilícito, em imóveis comprados com dinheiro vivo, loja de chocolates que mais parece lavanderia e a vida boa da família. Há suspeitas de que há dinheiro de atividades milicianas que abasteceram o caixa familiar, mas nem quero adentrar esse terreno.
O fato é que Bolsonaro e família, Michele incluída, devem explicações ao povo brasileiro. E demonstram não conseguir explicar, quando ela vai à polícia tentando censurar uma banda de rock. Não deu muito certo. Nos últimos dias, o compartilhamento do clipe da referida música circulou como nunca na internet. Viralizou, como dizem.
Nós só podemos repudiar a tentativa de censura. Censura rima com ditadura. E é patético que em um país no qual mais de 140 mil brasileiras e brasileiros perderam a vida pela omissão criminosa de um governo insano, uma música seja a preocupação de Michele, Jair e sua família. Abaixo à ditadura, censura nunca mais. Chico Vigilante é deputado distrital, foi deputado federal por dois mandatos, fundador do PT e da CUT