O Distrito Federal ultrapassou o Rio de Janeiro e se tornou a unidade da federação com o maior índice de mortalidade pela Covid-19 a cada 100 mil habitantes. Os dados são do Ministério da Saúde e dizem respeito à noite de terça-feira (22).
De acordo com as informações da pasta, a capital tinha 103,8 óbitos a cada 100 mil habitantes. O RJ, que até então liderava a lista, registrava 103,1 mortes na mesma comparação. Até a noite de terça, a doença tinha feito 3.131 vítimas na capital. Confira as unidades de federação com maior taxa de mortalidade a cada 100 mil habitantes:
- DF – 103,8
- RJ – 103,1
- RR – 101,7
- CE – 96,9
- AM – 95,7
Já com relação à incidência da doença, ou seja, o número de casos a cada 100 mil habitantes, o DF está em segundo lugar. Segundo os dados do Ministério da Saúde, são 6.147 infectados nessa comparação, atrás apenas de Roraima, que possui 8.013,4 casos a cada 100 mil habitantes.
Segundo especialistas, comparações que consideram a população são importantes para estudar a evolução e a distribuição da doença. No entanto, afirmam que, durante a pandemia, vários fatores precisam ser levados em conta ao fazer tal cálculo, como o estágio da doença, o tamanho e o perfil etário da população, o nível de testagem, entre outros.
Acionada pelo G1 para comentar os dados, a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) disse, em nota (veja íntegra ao fim da reportagem) que os números do Ministério da Saúde incluem moradores de outros estados que faleceram na capital e, por isso, a pasta alega que a taxa de mortalidade de quem efetivamente vive na capital é menor.
“Considerando esse critério epidemiológico, até ontem (22/9) a taxa de mortalidade no DF é de 92,4 óbitos por 100 mil habitantes. Historicamente o DF recebe pacientes de outras UF, principalmente do entorno, o que pode ser observado no número absoluto de óbitos ocorridos e óbitos em residentes.”
Taxa de letalidade
Na taxa de letalidade, que indica o número de mortes entre as pessoas que foram comprovadamente infectadas pelo novo coronavírus, o DF tem uma situação melhor. Segundo boletim da SES-DF, entre os 173.721 casos confirmados até a noite de terça, apenas 1,7% haviam terminado em óbito.
Segundo boletim divulgado pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) na terça, a capital possui o quinto menor índice de letalidade do país. O órgão, no entanto, alerta que a taxa “pode ser duplamente afetada pelo problema de subnotificação, tendo em vista que as dificuldades relacionadas à testagem e confirmação do diagnóstico podem afetar tanto o número de casos confirmados quanto o número de óbitos”.
Ainda de acordo com o documento, o “pico” da pandemia na capital ocorreu entre julho e agosto. A Codeplan afirma que esses meses “registraram a maior quantidade de casos e óbitos desde o início da pandemia”.
“Até o dia 20/09, setembro teve 36% do número de óbitos ocorridos em agosto considerando a data do óbito e 21% dos óbitos registrados em agosto ao se considerar a data do registro do óbito.”
No entanto, segundo a companhia, os números “podem sofrer ajustes retroativos, em particular quanto ao mês de setembro, tendo em vista que indivíduos cujo estado de saúde ainda não foi informado, ou pessoas contaminadas cujos sintomas se iniciaram recentemente podem ainda não ter tido seus registros realizados”.
Flexibilização do isolamento
Na segunda-feira (21), alunos de escolas particulares da capital voltaram a ter aulas presenciais. Na primeira fase, foram retomadas as atividades de estudantes do ensino infantil e fundamental I. Os alunos que preferirem podem continuar fazendo as tarefas pela internet.
Também na segunda, o governador Ibaneis Rocha (MDB) assinou um decreto flexibilizando ainda mais as medidas de isolamento social no DF. Entre as atividades permitidas a partir de terça-feira (22) estão:
- Eventos corporativos;
- Eventos esportivos;
- Uso de piscinas em clubes;
- Uso de provadores em lojas;
- Parques de diversão e de jogos eletrônicos, brinquedotecas e áreas de recreação;
- Eventos em museus;
- Pontos de Encontro Comunitários (PECs).
Apesar da liberação, devem ser obedecidos protocolos e medidas de segurança para evitar a propagação do novo coronavírus. Boates, casos noturnas e eventos que exijam licença do Executivo continuam proibidos de funcionar.
O que diz a Secretaria de Saúde
“A taxa de mortalidade é um indicador calculado com o número de óbitos em residentes, dividido pela população da região. Considerando esse critério epidemiológico, até ontem (22/9) a taxa de mortalidade no DF é de 92,4 óbitos por 100 mil habitantes. Historicamente o DF recebe pacientes de outras UF, principalmente do entorno, o que pode ser observado no número absoluto de óbitos ocorridos e óbitos em residentes.
A estratégia da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do DF para captar óbitos, tem sido bastante eficiente, garantindo que quase a totalidade dos óbitos suspeitos e confirmados sejam avaliados pela equipe de vigilância.
Assim como a vigilância dos casos de COVID-19 no DF, a vigilância do óbito tem atuado permanentemente em parceria com hospitais e profissionais da saúde da rede pública e privada para a captação e investigação dos casos. Todos os óbitos captados e registrados passam por criteriosa avaliação da equipe técnica composta por servidores experientes e especialistas, buscando a melhor qualificação e fidedignidade dos dados.
Todos os dados podem ser observados no boletim diário e na página da transparência do DF.”