O primeiro estudo sobre a vacina russa contra a covid-19, chamada de Sputnik V, foi publicado hoje pela revista científica Lancet. De acordo com a pesquisa, que apresenta resultados referem às fases 1 e 2, o imunizante parece seguro, não causa efeitos adversos importantes e é capaz de induzir a resposta imune (produção de anticorpos) no organismo dos voluntários. No entanto, a pesquisa tem limitações e os pesquisadores admitem que são necessários mais testes para a comprovação de sua eficácia.
A Sputnik V, que é uma criação de cientistas russos do Instituto Gamaleya, teve seu registro anunciado pelo presidente Vladimir Putin em 11 de agosto e gerou desconfiança por parte da comunidade científica. Pesquisadores alertam que uma vacina desenvolvida de maneira precipitada pode ser perigosa, uma vez que a fase final dos testes (3) —que normalmente dura meses e envolve milhares de voluntários— começou apenas recentemente.
Como o estudo foi feito
Foram feitos dois estudos com 38 voluntários cada (76 no total) e, segundo os pesquisadores, não foram verificados efeitos colaterais sérios até 42 dias depois da imunização. A Sputnik V usa dois vetores de adenovírus –tipo 26 (rAd26-S) e tipo 5 (rAd5-S)–, que funcionam como um “veículo de lançamento” do coronavírus no organismo humano. Em cada um dos estudos, nove pacientes foram testados com o tipo 26, outros nove com o tipo 5 e os 20 restantes, com os dois. Como são usadas formas enfraquecidas do adenovírus, ele não é capaz de se replicar no corpo humano e, consequentemente, não causa doenças. O adenovírus geralmente causa o resfriado comum. Os participantes foram testados entre 18 de junho e 23 de agosto e todos desenvolveram anticorpos para o coronavírus.