Uma pesquisa realizada pelo instituto Data Influye, do Chile, revelou um cenário eleitoral inédito para a história do Chile: um candidato do Partido Comunista aparece liderando as pesquisas.
Se trata de Daniel Jadue, prefeito da comuna de Recoleta (uma das mais humildes da Região Metropolitana de Santiago), que foi apontado como favorito por 15,7% dos entrevistados.
Descendente de imigrantes palestinos, Jadue é conhecido no país por criar políticas de sucesso como a Farmácia Popular e a Livraria Popular, que vendem produtos a preço de custo. Recentemente, lançou a Imobiliária Popular, com qual declarou guerra à especulação imobiliária em seu município.
O Partido Comunista chileno jamais teve um candidato à presidência com chances de vitória, mas já fez parte de uma fórmula política de sucesso, ao menos eleitoral. Foi há exatos 50 anos, em 1970, quando fez aliança com Salvador Allende, do Partido Socialista, para criar o projeto que ficou conhecido como Unidade Popular, e que se manteve no poder até 1973, quando foi derrubado pelo golpe de Estado de Augusto Pinochet.
Atrás de Jadue, em segundo lugar na pesquisa, aparece Joaquín Lavín, do partido pinochetista UDI (União Democrata Independente), tão antítese do comunista que também é prefeito, mas de Las Condes, uma das comunas mais ricas de Santiago.
Desde o início da revolta social no país, em 2019, Lavín vem tentando afastar sua imagem da direita mais ortodoxa, e em uma entrevista recente para meios locais, chegou a se definir como “social-democrata”.
Depois de Jadue e Lavín, o terceiro colocado é o extremista José Antonio Kast, principal aliado de Bolsonaro no Chile, com 5,3%. Em seguida, aparecem Franco Parisi (liberal, com 3,4%), Pamela Jiles (Partido Humanista, com 3,3%) e Beatriz Sánchez (Frente Ampla de Esquerda, com 3,1%).
O atual presidente, Sebastián Piñera, tem 11% de aprovação (subindo 2% em relação à medição anterior, em julho), e 69% de rejeição (1% a mais que na pesquisa anterior).