Bate Papo: Desafios para a retomada da atividade econômica no Nordeste após a pandemia

A Veredas Inteligência Estratégica, em parceria com a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED), realizou o Bate Papo: Desafios para a retomada da atividade econômica no Nordeste após a pandemia, com a presença de José Sergio Gabrielli, professor aposentado pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), ex-presidente da Petrobras e ex-secretário de planejamento do Estado da Bahia.

O bate papo foi coordenado por Efraim Neto, jornalista e sócio da Veredas, e por Adroaldo Quintela, coordenador nacional de organização da ABED.

Confira aqui completo
https://youtu.be/delIwoEk-WU

José Sergio Gabrielli

§ Durante os últimos anos a região vinha tendo crescimento econômico em função de um programa nacional de transferência de renda, que tem impacto regional diferenciado. O Bolsa Família, a aposentadoria rural, a expansão do BPC e o aumento do salário mínimo provocaram um impacto gigantesco na economia local. “Em muitos municípios do Nordeste essas transferências de renda foram maiores do que os valores do Fundo de Participação dos Municípios (FPM)”, afirmou.

§ Apontou que na pandemia, apesar do vírus afetar a todos, a manifestação dos impactos do isolamento social tem diferenças regionais. No Nordeste, por exemplo, você tem uma importância maior relativa na economia local, do comércio, do varejo e do setor de serviços, e essas atividades foram drasticamente atingidas.

§ “Nacionalmente, o governo Bolsonaro é um desastre. Ele não apresenta, o Guedes não apresenta, nenhuma alternativa de crescimento estruturado. Em termos de indução crescimento não apresenta nenhuma alternativa significativa para a transição da fase de isolamento para a fase de recuperação econômica”, afirmou.

§ Disse que os governadores têm limitações ao não poderem emitir moeda, realizar política cambial e viabilizar uma política nacional de tributação. “Há limites institucionais para os governadores”.

§ Acerca do auxílio emergencial, afirmou: “Ela tem que ser diferenciada para aqueles que menos têm. Ela não pode substituir as outras políticas sociais existentes. Ela não pode substituir a previdência, não pode substituir os programas de assistência social. Ela tem que ser complementar”.

§ Afirmou, ainda, que a Petrobras irá sair do Nordeste. “Ela vai se concentrar essencialmente na produção da Bacia de Santos, onde está a maior parte do pré-sal brasileiro. Será uma empresa sem preocupação com o conteúdo nacional, sem preocupação com o estímulo à indústria nacional. Portanto, sem nenhuma preocupação com o desenvolvimento regional”

§ Ao falar sobre o ensino à distância se torna o “normal”, apontou que isso deve acarretar em mudanças profundas na forma de ensinar, no significado das universidades e no seu papel no desenvolvimento. “Significa, portanto, que o futuro das universidades e das escolas técnicas no Nordeste não estão garantidos”.

§ Afirmou que no curto prazo a prioridade é salvar vidas e garantir uma política de transferência de renda para as pessoas que mais precisam, de modo a garantir que essas pessoas possam ficar em casa e não irem à rua, evitando o crescimento da contaminação.

§ “Se você avança na redistribuição de renda, você aumenta a possibilidade de aquisição de produtos, aumenta a demanda, principalmente, de bens de consumo e de serviços locais. Com isso, você tem um impacto grande no comércio local e na economia local”.

§ Ao concluir, reiterou a necessidade de se redefinir a política tributária nacional. “Não é admissível mais que quem vive de lucros e dividendos, que é a maior parte dos grandes ricos nesse país, não pague imposto. Não é possível mais isso! Temos que viabilizar a tributação sobre lucros e dividendo”.

Info
Veredas Inteligência Estratégica
http://www.veredasie.com.br

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