Do site: diariodocentrodomundo.com.br
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Publicado em 28 Maio, 2020 4:36 pm
O país entrou na pandemia com algumas vantagens. Por causa de Jair Bolsonaro, está desperdiçando todas elas.
Em 18 de maio Bruno Covas, prefeito de São Paulo, a maior cidade do Brasil, anunciou um feriado não programado de cinco dias para desencorajar as pessoas a sair. Os moradores de Paraisópolis, uma favela de talvez 100.000 pessoas, ao sul de São Paulo, onde as mortes de jovens de 19 anos estão aumentando mais rapidamente do que em qualquer outro lugar da cidade, festejaram. Um pipoqueiro foi atender o fluxo de pacientes que entra em uma clínica. Meninos em idade escolar empinavam pipas nas proximidades. “O Brasil se adaptou bem a essa nova realidade”, brincou, apontando para os telhados lotados e as pipas dançando no alto.
A curva covid-19 do Brasil parece uma corda de pipa. Em 28 de maio, havia 411.821 casos confirmados e 25.598 mortes. Os Estados Unidos, o único país com mais casos, decidiram impedir a entrada de brasileiros a partir de 26 de maio. A Organização Mundial da Saúde declarou a América do Sul “um novo epicentro”, sendo o Brasil o país mais afetado. Um estudo em 133 cidades feito pela Universidade Federal de Pelotas, cidade no sul do Rio Grande do Sul, concluiu que o número de casos no Brasil é sete vezes o número oficial.
O Brasil entrou na pandemia com tudo. Como os Estados Unidos, o país possui um sistema federativo. Governadores (e prefeitos) têm o poder de declarar bloqueios. O Sistema Único de Saúde (SUS), gratuito do Brasil, similar ao Serviço Nacional de Saúde da Grã-Bretanha, que atende a 80% da população, embora tenha baixa qualidade em algumas regiões. Em crises anteriores, como a epidemia de H1N1 (“gripe suína”) em 2009 e o surto de zika transmitido por mosquitos em 2015, os três níveis de governo e o SUS cooperaram efetivamente.
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