Junto com outros partidos da oposição, líder na Câmara começa a colher assinaturas para investigar o vazamento de informações pela PF que beneficiaram Flávio Bolsonaro. “As denúncias são gravíssimas e confirmam o que o PT tem denunciado há tempos: agentes de Estado deram um golpe eleitoral em 2018”, critica
O líder do PT na Câmara, Enio Verri (PR), anunciou que começa a reunir, junto com outras legendas da oposição, as assinaturas necessárias para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as revelações do empresário Paulo Marinho de que Flávio Bolsonaro foi avisado previamente pela Polícia Federal da operação contra Fabrício Queiroz.
“As denúncias são gravíssimas e confirmam o que o PT tem denunciado há tempos, especialmente por intermédio do deputado Paulo Pimenta (PT-RS): agentes de Estado deram um golpe eleitoral em 2018 para ajudar na eleição fraudulenta de Bolsonar”, disse Verri. “O Congresso precisar investigar a fundo a denúncia, inclusive o envolvimento do clã Bolsonaro com o crime organizado”.
Líder do partido entre 2018 e 2019, Pimenta denunciou na Justiça o envolvimento da família Bolsonaro com milícias e esquemas criminosos no Rio de Janeiro, o que é confirmado agora com as revelações de Paulo Marinho, que é suplente de Flávio no Senado. “A oposição vai protocolar pedido de CPI para investigar as gravíssimas denúncias sobre o envolvimento da família com o crime organizado no Rio. A CPI investigará o envolvimento de integrantes da PF no esquema”, disse Pimenta.
As acusações do empresário, publicadas no domingo pela Folha, são consideradas nitroglicerina. A CPI teria como juntar as peças do quebra-cabeça capaz de provar a fraude no processo eleitoral de 2018 por agentes da PF simpatizantes de Bolsonaro. Pimenta lembrou que o vazamento da investigação sobre o esquema Queiroz para o clã Bolsonaro antes do 2º turno da eleição presidencial, pode ter contado com a participação do delegado Alexandre Ramagem, que Bolsonaro queria indicar para o comando da PF.
“A denúncia de que a família de Jair Bolsonaro foi avisada durante a operação Furna da Onça, por um delegado da PF do RJ, eu havia feito em janeiro de 2019. No dia 15 de outubro de 2018, Queiroz foi demitido do gabinete de Flávio Bolsonaro e sua filha do gabinete do pai”, disse Pimenta, no Twitter.
“A operação Furna da Onça é uma continuação da operação Cadeia Velha, coordenada pelo delegado Alexandre Ramagem Rodrigues, que se tornou segurança da família de Bolsonaro na campanha, chefe da Abin e depois indicado diretor-geral da PF”, aponta.
Jogo sujo
A entrevista de Marinho reforça a suspeita de que instituições do Estado foram usadas para fraudar o processo eleitoral de 2018, favorecendo Bolsonaro e a ascensão da extrema-direita. A denúncia se insere em meio a outras, como a inabilitação forçada do ex-presidente Lula pelo TSE, e o vazamento, no meio do processo eleitoral, da delação de Antonio Palocci pelo ex-juiz Sergio Moro, ganhou o Ministério da Justiça.
Líder da Minoria, o deputado José Guimarães (PT-CE) defende instalação de CPI para investigar as novas denúncias. “Os fatos divulgados pelo empresário Paulo Marinho, amigo íntimo da família Bolsonaro e suplente do senador Flávio Bolsonaro, não deixam a menor dúvida do tamanho da rede de ilegalidades que essa gente montou para ganhar a eleição em 2018”, denunciou. “O Brasil não pode pactuar ou silenciar frente a essa rede de ilegalidades”.
Para Guimarães, Bolsonaro e aliados ganharam a eleição com uma fraude, estabelecendo métodos e práticas que precisam ser investigadas. Ele lembrou que a denúncia reforça a suspeita de que o presidente desejava interferir na PF. “Temos que instalar, imediatamente, a CPI das Eleições para investigar a interferência e a constituição da rede de ilegalidades que comprometeu o processo eleitoral e agora agride a consciência democrática dos eleitores brasileiros. CPI já!”, anunciou.