As duas regiões administrativas lideram o total de mortes pela covid-19 no Distrito Federal, com 15 óbitos somados. Em um mês e meio, o número de infectados saiu de três para 379 nessas cidades, que terão hospital de campanha e unidade reformada
Somadas, as regiões administrativas de Ceilândia e Sol Nascente são as que mais registraram mortes em decorrência do novo coronavírus no Distrito Federal. Até o último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde — que unifica os números das duas RAs — divulgado ontem, 15 pessoas não resistiram à covid-19 nesses locais. No total, 379 moradores dessas localidades foram contaminados, ou seja, são 85,39 casos para cada 100 mil habitantes. Águas Claras e Samambaia registraram, até agora, sete óbitos cada. Apesar de o Plano Piloto liderar o total de contaminações (515), houve uma morte na região.
Para enfrentar o avanço da doença em Ceilândia e no Sol Nascente — o número de infectados pulou de três, em 30 de março, para 379, ontem —, o Governo do Distrito Federal mobiliza-se para construção e reforma de dois hospitais para a população dessas áreas. Na última semana, o Executivo local divulgou que um hospital de campanha será construído na QNN 27 de Ceilândia, com 60 leitos. Haverá, ainda, uma segunda unidade de saúde, no Sol Nascente, fruto de um investimento da iniciativa privada.
Ontem, o Correio circulou pelas ruas dessas cidades e identificou aglomerações e pessoas que ainda não usam máscaras, item obrigatório na capital. O vendedor de calçados Ailton Oliveira, 42 anos, voltou ao trabalho na segunda-feira, após liberação desse setor do comércio, mas observou o descuido da população. “Vi muita gente sem cumprir o isolamento, sem máscara. É ruim, porque a gente tenta se cuidar, mas não podemos fazer por todos”, lamenta. Outra preocupação dele é com a forma com que os hospitais receberão os pacientes. “Não adianta ter hospital se não tiver médico para atender, como acontece muito em Ceilândia. Moro com a minha mãe, idosa, e me preocupo muito”, desabafa.
Morador do Sol Nascente, Manoel Sampaio, 37, diz que a prevenção deve ser cada vez mais ressaltada. “É necessário que as pessoas se conscientizem. Há muita festa na região onde moro, com pessoas se aglomerando, sem tomarem cuidados. Sem contar que bares e comércios, que deveriam estar fechados, funcionam normalmente. Falta fiscalização nesse sentido”, reclama.