Uma parceria entre a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz, e o Instituto Finlay, de Cuba, vai levar vacinas contra a meningite para a África, a fim de impedir que ocorra uma nova epidemia da doença.
As epidemias de meningite acontecem em média a cada dez anos nos 12 países da África Subsaariana que ficaram conhecidos como o Cinturão da Meningite. Mesmo com a expectativa da OMS de que um novo surto da doença ocorresse entre 2007 e 2008, a produção da vacina foi cancelada pelos laboratórios multinacionais que faziam o fornecimento. A OMS recorreu, então, aos laboratórios BioManguinhos e aoInstituto Finlay, que assinaram um acordo no último dia 16.
Segundo o diretor do instituto BioManguinhos, Akira Homma, até o final do ano mais de 20 milhões de doses da vacina devem ser entregues, numa produção emergencial. Como a OMS tem estocadas 50 milhões de doses da vacina, a imunização neste ano não deve ser comprometida. Já em 2008 os institutos BioManguinhos e Finlay devem produzir 70 milhões de doses da vacina.
Há uma série histórica de casos de meningite. Quando essa série passa do limite, começa a ser chamada de epidemia. No Brasil, apesar de os casos de meningite terem aparecido, nunca passou desse número-limite. Na África, está acima do nível normal, endêmico, e passou a ser epidêmico. Desses 12 países, dez passaram do limite: só o Sudão, que tem uma população pequena, registrou 5 mil casos e 400 mortes, disse o diretor.
Segundo Homma, a OMS deve investir US$ 3 milhões nos laboratórios dos institutos. O contrato prevê o desenvolvimento conjunto da vacina e a transferência de informações técnicas. Nós fornecemos para os cubanos as nossas metodologias, os nossos laboratórios de purificação. Eles estão com o laboratório disponível e nós estamos com nossos laboratórios ocupados, então eles produzem a vacina e nós a preparamos para o uso final”, explicou.
A meningite é uma inflamação nas membranas que envolvem o cérebro, transmitida por via respiratória. Quando ela é causada por vírus, a cura normalmente é espontânea, mas os casos gerados por bactérias são graves, podendo deixar seqüelas como surdez e deficiência mental, e até levar morte.
A doença aparece geralmente em crianças e adolescentes. Os principais sintomas são febre alta, dores de cabeça, rigidez na nuca e elevação da moleira, no caso de bebês. O tratamento é com antibióticos. A vacina, no Brasil, só é oferecida na rede pública em épocas de surto.
O último grande surto de meningite no Brasil ocorreu entre 1995 e 1997, quando foram registrados cerca de 20 mil casos. Atualmente, são cerca de mil casos da doença por ano.