O pedido de demissão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, anunciado na sexta-feira (24/04), foi apresentado em um momento em que três filhos do presidente Jair Bolsonaro estão sob investigação.
Moro, que não mencionou os filhos do presidente em seu discurso, atribuiu sua saída a pressões que o presidente estaria exercendo sobre a Polícia Federal – e que ele classificou de “inadequadas”. Segundo o ex-juiz da Lava Jato, Bolsonaro chegou a pedir informações sobre investigações em andamento, ameaçando a autonomia da corporação, segundo Moro.
A BBC News Brasil descreve a seguir quais as investigações que envolvem os três filhos políticos do presidente.
Flávio Bolsonaro, senador (Republicanos-RJ)
O caso que implica Flávio gira em torno de Fabrício Queiroz, seu ex-assessor na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e amigo de Jair Bolsonaro desde a década de 1980.
Queiroz passou a ser investigado em 2018 depois que o Coaf (atual Unidade de Inteligência Financeira) identificou diversas transações suspeitas ligadas ao ex-assessor.
Novas nomeações para cargos na Polícia Federal (PF) anunciadas na segunda-feira (4/5) mostram que o presidente Jair Bolsonaro não desistiu de reformar o perfil da corporação mesmo após os revezes da semana anterior, como o pedido de demissão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e suas declarações sobre uma suposta tentativa de interferência política por parte do Planalto em investigações em curso.
Nesta segunda-feira, foi nomeado como novo diretor-geral da PF Rolando Souza, antes secretário de Planejamento e Gestão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão de Alexandre Ramagem na agência.
De acordo com a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, Souza já está fazendo alterações também em cargos-chave pelo país. Carlos Henrique Oliveira, atual comandante da PF no Rio de Janeiro – base política da família Bolsonaro e onde correm investigações envolvendo alguns de seus representantes – foi convidado para assumir em Brasília o cargo de diretor-executivo, número 2 na hierarquia da corporação.
Isso implica que haverá em breve uma nova nomeação para o comando da PF no Rio de Janeiro, onde há diversas apurações envolvendo Bolsonaro, seus filhos e aliados. Informações de bastidores indicam que o presidente não estava satisfeito com Carlos Henrique Oliveira ocupando o posto no Rio de Janeiro.
Ramagem era o nome preferencial de Bolsonaro para assumir a direção geral da PF no lugar de Marcelo Valeixo, mas sua nomeação foi suspensa por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na última quarta-feira (29/04).