Ao destacar submissão do governo aos interesses do capital financeiro internacional, o líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri, afirma que Bolsonaro “é muito pequeno para dirigir o Brasil”
As bancadas do PT na Câmara e no Senado querem uma campanha por mudanças institucionais e políticas para garantir a democracia no país, em defesa da vida e contra a manutenção de Jair Bolsonaro à frente do governo. A contraofensiva é uma reação à escalada autoritária do presidente da República, que nas últimas 48 horas ofendeu a Constituição, cometeu crime de responsabilidade e deu mostras de desprezo à vida dos brasileiros, ao defender o fim do isolamento social como forma de conter a pandemia do coronavírus. Deputados e senadores petistas querem a adoção do slogan “Fora, Bolsonaro” como palavra de ordem.
Em reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) e os líderes da legenda no Congresso Nacional sinalizaram que o mote “Fora, Bolsonaro” deve ser usado para mobilizar a sociedade em defesa de mudanças no país. “Bolsonaro e seu governo não estão à altura para comandar o país, não têm propostas para proteger o povo da epidemia, nem para fazer com que a economia sobreviva após a crise”, alertou Gleisi.
Agravamento da crise
A posição das duas bancadas do PT foi tomada durante uma videoconferência de Lula, Haddad e Gleisi com deputados e senadores da legenda. A situação política é considerada insustentável, diante do agravamento da crise sanitária, que está deixando o país num clima permanente de instabilidade e sobressaltos institucionais. Os ataques do bolsonarismo aos Poderes Legislativo e Judiciário, bem como a agressão permanente às cúpulas do Supremo e do Congresso são consideradas insuportáveis pelos parlamentares da legenda.
“Bolsonaro atravessou o limite aceitável para um presidente”, destacou o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), elencando os mais recentes ataques presidenciais às instituições do país. No domingo, Bolsonaro participou de ato em defesa do AI5 e a volta dos militares em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
Para o líder petista, o Brasil precisa de uma liderança para dar conta da vida, da economia, dos empregos e da renda. Rogério diz que o presidente da República não reúne as condições para manter-se no comando da Nação e sua manutenção traz mais instabilidade política e é um risco à saúde pública. “Bolsonaro não tem condições”, adverte o senador, lembrando que, além disso, o presidente vem afrontando a democracia.
Interesses privados
“O grande capital começa a se reorganizar para manter seus lucros”, alertou o líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), destacando a subordinação do presidente da República aos interesses privados e do sistema financeiro. “Bolsonaro é muito pequeno para dirigir o Brasil”, disse Verri. “É preciso dar um basta. Se persistir, tudo vai piorar”.
O líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), reforçou a avaliação da legenda. “Em tempos de crise, precisamos de um Estado forte”, destacou. Para Guimarães, é urgente “unir todas as correntes, formar uma ampla frente, dialogar e mobilizar as forças sociais”. Guimarães destacou a necessidade de apoiar os estados e municípios para enfrentar a crise. “A democracia não suporta mais três anos de governo Bolsonaro”, avalia.
Assim como os demais parlamentares, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), líder da Oposição no Congresso Nacional, reafirmou o papel do partido no enfrentamento à crise. Ele lembrou que a atuação do PT foi decisiva para garantir a aprovação do Seguro-Quarentena e para aumentar o valor do benefício para R$ 600. “O governo queria apenas R$ 200”, lembrou. Zarattini pondera que a maior dificuldade para enfrentar a crise, hoje, é o presidente e seu governo. “Bolsonaro não tem mais condições de governar”, conclui.
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