Partido aciona a Justiça para garantir que o trabalhador possa sacar o FGTS sem nenhuma regulamentação do governo federal em decorrência do estado de calamidade
O Partido dos Trabalhadores (PT) ajuizou nessa segunda-feira (6) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6371 no Supremo Tribunal Federal (STF) com o intuito de garantir aos trabalhadores o levantamento de recursos das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para mitigar os efeitos econômicos e as perdas financeiras ocasionadas pela pandemia do coronavírus.
Segundo o partido, o reconhecimento formal do estado de calamidade é suficiente para permitir o saque dos valores, sem a necessidade de qualquer outro ato normativo pelo Poder Executivo ou por seus órgãos. O argumento é que a atual situação está inserida na previsão do artigo 20 da Lei do FGTS (Lei 8.036/1990), que permite a movimentação da conta vinculada do trabalhador nos casos de necessidade pessoal por urgência e gravidade que decorra de desastre natural. Porém, o partido questiona esse dispositivo na parte em que condiciona a permissão a futura regulamentação da matéria.
“Essa é uma ação justa. O Fundo de Garantia é nosso, é do trabalhador. Se o Supremo decidir, não precisarão de projetos de leis, como tem dezenas no Congresso, pedindo a liberação dos recursos. O Fundo de Garantia liberado será uma ajuda a mais para que o trabalhador fique em casa e mantenha sua família com dignidade”, explicou o senador Paulo Paim (PT-RS).
O PT sustenta que condicionar a movimentação dos recursos do fundo à edição de outras normas afronta os princípios da dignidade humana, do mínimo existencial e da isonomia e os direitos sociais à saúde, à educação, à moradia e à alimentação. Também aponta violação à segurança jurídica e pessoal, à assistência aos desamparados e à garantia social do FGTS. Assim, em razão da grave crise sanitária e socioeconômica por que passa o país, pede que o STF interprete a norma conforme a Constituição Federal, a fim de autorizar o levantamento das contas, mesmo sem regulamentação do Executivo, com valor de saque limitado a R$ 6.220, conforme estabelece o artigo 4º do Decreto 5.113/2004.
“A ação do PT junto ao STF para garantir que o trabalhador possa sacar o FGTS sem nenhuma regulamentação do governo federal é para agilizar e garantir que os recursos cheguem as mãos dos trabalhadores o mais rápido possível. Coisa que o presidente Bolsonaro tem dificultado e gerado muito sofrimento e insegurança para a nossa população. A legislação do FGTS permite que os recursos do fundo sejam acessados em casos excepcionais, como o estado de calamidade pública em vigência”, destacou o Rogério Carvalho (SE), líder do PT no Senado.
A relatoria da ação caberá ao ministro Gilmar Mendes.
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