Chico Vigilante – Deputado Distrital – PT/DF
O presidente da República, Jair Bolsonaro, a quem eu chamo de “capitão Capiroto” desde o começo do ano passado, decidiu passear por Taguatinga, Ceilândia e Sudoeste neste domingo passado. Como tudo que faz, uma encenação para tentar passar a imagem de defensor dos mais fracos, ao defender, contra todas as orientações médicas, que a economia é mais importante que a luta contra a pandemia do COVID-19, o vírus que assusta o mundo e estressa todo os sistemas de saúde dos países de todos os continentes.
Abusa da paciência do povo e tenta enganá-lo com uma falsa contraposição: economia ou enfrentamento à pandemia. Ora, o prefeito e os empresários de Milão, na região da Lombardia, Itália, já fizeram isso, e o resultado não foi bom: quase 100 mil contaminados até agora e mais de 10.700 mortos em toda a Itália, a maior parte na Lombardia. Agora, a Itália colhe o resultado dessa falsa disputa. Os caixões desfilam sobre caminhões levando os corpos de mais de 10.700 pessoas, que podem ter acreditado na conversa mole do prefeito, que já pediu desculpas, o que não resolve o luto das famílias que perderam seus entes queridos.
Nos Estados Unidos, Trump tentou trilhar o mesmo caminho. Anunciou que o vírus não avançaria em território norte-americano e que não tomaria medidas que paralisassem a vigorosa maior economia do planeta. Ontem, o presidente dos EUA fez um dramático pronunciamento, anunciando que a quarentena só terminará (ou será reavaliada) em 30 de abril. Naquele país, já são mais de 143 mil infectados, mais de 2.500 mortos. Há quem avalie que até 2 milhões de americanos podem morrer, se não houver obediência às medidas restritivas. Trump mudou o discurso, mas o Capiroto segue a sua insana obsessão.
No Brasil, o povo entendeu o recado e, na medida do possível, está cumprindo as orientações. A Câmara dos Deputados aprovou uma ajuda de R$ 600 por mês para cada trabalhador informal, para possibilitar pelo menos uma redução das dificuldades. Deveria ter aprovado a proposta do PT, de um salário mínimo para cada impossibilitado de buscar sua pequena renda. O governo precisa cuidar das empresas que estão fechadas ou com atividade reduzida, e não apenas com crédito, mas com subsídios diretos, para que não quebrem. Claro que deve haver critérios. Algumas empresas continuam lucrando, mesmo com a quarentena. Só deve ser ajudado quem precisa.
Mas o Capiroto, com a ajuda de seus filhos dementes, continua a subestimar a inteligência do povo, fingindo defender os que precisam. Engraçado, em um ano e três meses de governo, só praticou maldades. Aprofundou as crueldades trabalhistas de Temer, aprovou uma reforma da Previdência que adia e reduz direitos, e muitas vezes impede o acesso aos mesmos, represou mais de um milhão de benefícios requeridos ao INSS, reduziu o orçamento da Saúde, Educação e do Minha Casa, Minha Vida e retirou centenas de milhares de brasileiros pobres do Bolsa Família.
Ora, Capiroto, não enganas mais, tua fantasia está rasgada. Teu ministro da Economia, Paulo Guedes, tão valente pra aprovar as maldades da previdência, está parecendo um rato assustado, sem propostas que sejam capazes de enfrentar a crise. Tuas mentiras podem causar muitas mortes e muito desemprego, se o governo não assumir que estamos em guerra contra um inimigo microscópico, agressivo e letal. Só o uso intensivo do poder do Estado para financiar a economia e a observação das medidas de contenção podem minimizar os danos de uma crise dessas, ao nosso povo.
As crises são oportunidades para quem sabe identificá-las e enfrentá-las, unindo o povo. Mas teu caráter maléfico não permite. Preferes a mentira. Lembra uma passagem bíblica, que diz:
”Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira”. – João 8:44