O professor Francisco Celso Leitão Freitas, que leciona história na rede pública de ensino do Distrito Federal e é o criador do Projeto Rap (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo), é um dos finalistas do prêmio Top 50, do Global Teacher Prize 2020, uma espécie de “Oscar” da Educação.
O projeto é uma alusão ao gênero musical rap (do inglês Rhythm and poetry – ritmo e poesia). Utiliza o rap como ferramenta pedagógica. Ele foi ressignificado, trazido para a realidade da socioeducação como sendo “Ressocialização, Autonomia e Protagonismo: RAP”. Surgiu na Unidade de Internação de Santa Maria.
“A gente entende que precisa fazer uma abordagem menos tradicional e mais próxima da realidade dos socioeducandos. Não só abordagem pedagógica, mas cultural também próximo da cultura deles, que é a cultura urbana, de rua, movimento hip hop. Essa foi a grande sacada do projeto”, informa o professor.
O Top 50 do Global Teacher Prize é uma premiação internacional dos melhores professores do mundo promovida pela Varkey Foundation. A entidade premia, anualmente, com US$ 1 milhão, um professor excepcional que fez uma excelente contribuição para sua profissão.
“Já venho passando por um processo de reconhecimento. A gente ganhou o prêmio local do Itaú Unicef 2017; em 2018, a gente ganhou o mesmo prêmio, Itaú Unicef, etapa local e nacional. Neste ano de 2020, a gente foi campeã do Selo de Práticas Inovadoras na Educação Pública do Distrito Federal”, informa o professor.
Ele diz que as competições sempre chegam por e-mail e ele se inscreve em todas. “Fiz a inscrição em setembro de 2019 e, agora, para surpresa, recebi a notícia de que estou entre o Top 50”, conta.
A premiação deste ano ainda está em curso. A Varkey Foundation já selecionou e divulgou, nesta semana, a lista com os 50 melhores professores do mundo. Dentre esses, vão escolher o Top 10. Esses 10 selecionados irão para Dubai, nos Emirados Árabes, para a cerimônia de premiação e lá será anunciado o campeão da premiação. O vencedor só será revelado em outubro.
“Só de eu estar entre os 50 finalistas, já me tornei um embaixador da Varkey Foundation no Brasil”, afirma o professor Francisco Celso. No Brasil, foram escolhidos três professores: Francisco Celso Freitas, professor de história e especialista em educação inclusiva no Centro de Ensino da Unidade de Internação de Santa Maria, no Distrito Federal; a professora de educação especial e língua portuguesa Doani Emanuela Bertan, da Escola Pública Municipal Professor Ricardo Junco Neto, em São Paulo, e da E.M.E.F. Júlio de Mesquita Filho, em Campinas, foi uma das escolhidas; e a professora Lília Melo, da Escola Brigadeiro Fontenelle, de Belém do Pará.
“O trabalho do professor Francisco Celso, desenvolvido na escola pública do Distrito Federal, é reconhecido pela Varkey Foundation. Outros(as) professores(as) da rede pública de ensino do DF em anos passados também já foram agraciados com diversos tipos de prêmios nacionais e internacionais. Isso mostra a competência, a eficiência e a eficácia da atuação dos professores da Secretaria de Estado da Educação do DF na escola pública, que deve ser fortalecida”, comenta Rosilene Corrêa, diretora do Sinpro-DF.
PROJETO RAP (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo)
O projeto começou em 2015, quando Francisco Celso começou a atuar no sistema socioeducativo. “Sou professor de história e percebi que os estudantes não se enxergavam nas histórias contadas nos livros didáticos, mas se viam nas letras das músicas de rap. Então, comecei a usar o rap como ferramenta pedagógica, que é um ritmo presente na juventude preta, pobre e periférica, que é o perfil dos socioeducandos da UISM”, explica o professor.
Com o projeto, os estudantes elaboraram projetos próprios. Enquanto isso, o professor também construiu parcerias e o projeto ganhou corpo. Hoje, o projeto tem dois livros publicados, várias músicas gravadas, vídeoclipes. Um dos videoclipes é o “18 Razões. Pela não redução da maioridade penal”, exibido no 52º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro.
Egressos do sistema socioeducativo que estão participando de seminários e outros eventos. Eles abriram o II Simpósio Nacional da Socioeducação. Já se apresentaram na Procuradoria Geral da República (PGR) e têm se apresentado em saraus, batalhas, rimas e poesias. Estão no circuito do hip hop do DF e fizeram a campanha publicitária nacional do Conselho Federal de Química pelos 150 Anos da Tabela Periódica e produziram a música “Rímica”. “O projeto tem aberto portas para egressos do socioeducativo. Além de a gente fazer o trabalho educativo lá dentro, acompanhamos os egressos do sistema a se ressocializar”, finaliza o professor.
Fonte: Sinpro