Medidas do GDF para deter coronavírus repercutem entre distritais

O assunto que dominou os pronunciamentos dos deputados distritais na sessão ordinária da Câmara Legislativa do Distrito Federal desta quinta-feira (12) foi o decreto do governador Ibaneis Rocha com medidas para combater o avanço do coronavírus. A suspensão das aulas nas redes públicas e privadas e outras medidas repercutiu entre os parlamentares e dividiu opiniões.

A deputada Arlete Sampaio (PT) classificou as medidas como “polêmicas” e destacou que alguns especialistas consideram que o governador se precipitou. Ao analisar os números até o momento da doença no DF, Arlete Sampaio, ponderou, no entanto, que as medidas podem ser precipitadas, mas deverão produzir resultados positivos.

O deputado Fábio Felix (Psol) disse que recebeu o decreto do governador com “estranheza” e considerou que as medidas seguem no sentido contrário do que os técnicos do governo defenderam durante encontro na manhã de ontem, no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Segundo ele, na visita ao hospital os deputados foram informados que a estrutura existente é adequada para enfrentar a doença e que a situação estava sob controle. O parlamentar também esclareceu que a comitiva não entrou em contato com áreas de isolamento ou de risco de contaminação.

Fábio Felix também avalia que as medidas podem gerar pânico na sociedade. O deputado teme que todas as pessoas com sintomas de gripe corram para os hospitais, gerando caos nas unidades. Para ele, o governo tem que orientar a população corretamente. Felix também assinalou que, com a suspensão das aulas, muitas crianças ficaram sem acesso à alimentação e cobrou do governo medidas para resolver a questão.

Na mesma linha, o deputado Leandro Grass (Rede) salientou que as medidas podem ser “meritórias”, mas faltou ao governo maior clareza e cuidado. Para ele, as aulas foram suspensas sem a antecedência devida, gerando muitas dúvidas nas famílias. Grass defendeu que governo que melhorar sua comunicação e atuar de forma “mais clara e assertiva”. O deputado também cobrou o envolvimento de outros setores do governo no enfrentamento do problema e sugeriu a criação de um gabinete de crise.

Conscientização – O deputado João Cardoso (Avante) parabenizou o governador pela adoção das medidas e destacou que elas são muito importantes para a conscientização da população. Para ele, as medidas geram efeito positivo imediato e citou o caso de sua família que hoje conversou sobre o assunto e adotou cuidados com os mais idosos. Cardoso acredita que o decreto alertará as pessoas para o perigo iminente. O distrital ressaltou, porém, que o momento não é de pânico. “O momento é de tranquilizar a todos e tomar as medidas para minimizar e enfrentar esta doença”, ponderou.

O deputado Chico Vigilante (PT) também concordou com a iniciativa de Ibaneis. “A medida do governador está correta e devia ser aplaudida por aqueles que o condenam”, afirmou, referindo-se ao setor de bares e restaurantes que, segundo o parlamentar, está preocupado apenas com os lucros. “É necessário levar em conta na análise da medida do GDF, por exemplo, a situação da Itália, com graves prejuízos para o setor de entretenimento”, argumentou. Vigilante também fez duras críticas ao presidente Bolsonaro. “Primeiro, ele classificou o surto como ‘fantasia’, seguindo a linha do seu colega estadunidense. Agora, vê-se diante da realidade. É um irresponsável, um insensato”, declarou.

Outro parlamentar que apoiou o governador do DF, foi Jorge Vianna (Podemos). Para ele, a restrição de circulação, nesse momento, é “uma decisão acertada”. O distrital avaliou que a transmissão já pode estar ocorrendo internamente. “É preciso alertar que esse não é um vírus de rico. Não está mais restrito aos que viajaram para o exterior”, considerou. Na opinião de Vianna, é melhor ter “um “prejuízo agora, como o cancelamento de aulas, do que lutar contra os efeitos da transmissão que, em cinco dias, pode ser estratosférica”. Por fim, solicitou ao GDF mais atenção aos trabalhadores do setor de saúde, “que precisam estar bem protegidos”.

Economia – Já o deputado Agaciel Maia (PL) fez críticas à política econômica adotada pelo governo federal. Para ele, o governo adotou uma visão equivocada da realidade e hoje o “cenário é de caos total”. Na opinião do parlamentar, a crise econômica vai matar mais gente, de fome e desemprego, do que o coronavírus.

Na avaliação de Maia, o governo errou ao apostar na redução de juros, achando que o dinheiro das aplicações iria impulsionar o consumo e a economia. Para ele, vendeu-se uma falsa ideia e muitas pessoas tiraram dinheiro da poupança para aplicar na bolsa. “Muitos caíram neste conto. Quem aplicou R$ 80 mil na bolsa, hoje só tem R$ 10 mil”, completou.

Na opinião da deputada Arlete Sampaio, a crise econômica atual é muito diferente da verificada em 2008. Segundo ela, no passado a crise atingiu especificamente o mercado financeiro. Já a crise atual, de acordo com a distrital, afeta todo o setor produtivo.  

Luís Cláudio Alves e Marco Túlio Alencar
Fotos: Carlos Gandra/CLDF   
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa

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