Em Berlim, o ex-presidente criticou a política econômica de Bolsonaro e o impacto sobre os mais pobres
Em mais um compromisso de sua viagem pela Europa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de um debate em Berlim, capital da Alemanha, nesta terça-feira (10), com o tema “A defesa da democracia no Brasil”.
Ele voltou a criticar a gestão econômica do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). “O PIB não vai crescer enquanto não falarem em investimento e desenvolvimento. Há uma tentativa de destruir o estado. Vocês tão lembrados quando a Fiesp colocava os patinhos perguntando quem ia pagar o pato? Por que eles não soltam os patinhos agora atrás do Bolsonaro?”, questionou.
Segundo Lula, o conjunto de políticas do atual governo está penalizando a população mais vulnerável do país e fazendo crescer a desigualdade. O petista afirmou que a questão da distribuição da riqueza precisa estar na ordem do dia e destacou que essa será a prioridade de sua atuação política. “Quero dar essa lição pra gente poder levantar a cabeça e para que o mundo seja mais justo”.
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O ex-presidente também se declarou preocupado com a perda de direitos históricos da classe trabalhadora, em decorrência da crise econômica global e da ascensão de governos conservadores pelo mundo. No Brasil, atitudes autoritárias de Jair Bolsonaro, e o desmonte de políticas sociais, são, na opinião de Lula, sinais de que a democracia brasileira está “em xeque”.
“Democracia é uma sociedade em movimento em busca de mais direitos. O Brasil está precisando de mais democracia. Vamos para a rua exigir que esse governo respeite direitos, respeite os compromissos com educação, ciência e tecnologia, com a convivência democrática. Temos que ir para as ruas defender os interesses do povo brasileiro”.
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Cartilha do Movimento
João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também esteve presente no evento desta terça e expôs a visão do Movimento sobre a conjuntura analisada por Lula.
Segundo ele, os movimentos sociais e de trabalhadores devem focar sua resistência em três frentes: trabalho de base e organização popular; disputa ideológica; e a luta de massas aliada com a disputa das eleições.
Sobre o primeiro ponto, ressaltou a importância de as organizações da esquerda manterem o foco no trabalho de base para fazer frente ao avanço da militância bolsonarista sobre conselhos, sindicatos, associações e comunidades.
O dirigente do MST também destacou a necessidade de disputa de narrativa política no país, ocupando espaços na mídia e investindo em formação política. Por fim, ele afirmou que as eleições municipais deste ano serão o grande teste para Bolsonaro e sua política econômica. “Tenho certeza de que vamos sair fortalecidos nessas lutas do segundo semestre”, finalizou Rodrigues.