O estudante do ensino público do Distrito Federal Wanghley Soares, de 17 anos, foi um dos três brasileiros selecionados para estudar em um programa de engenharia aeroespacial nos Estados Unidos. Apesar da pouca idade, o jovem morador de Samambaia acumula experiências de pesquisa nas áreas de ciência, tecnologia e inteligência artificial.
Aluno do curso de informática do Instituto Federal de Brasília (IFB), Wanghley conquistou uma bolsa para duas semanas de estudos na National Flight Academy, pelo programa de Engenharia da Delta Airlines. A viagem para a cidade de Pensacola, na Flórida, está prevista para junho.
“Formado 100% na escola pública”, como costuma dizer, o adolescente concorreu com outros 998 candidatos brasileiros.
Wanghley está trabalhando em um protótipo para o controle automático de aeronaves, sem a necessidade do comando de pilotos. “Hoje o avião não consegue realizar decolagens e pousos de forma automática, apenas durante o voo. Por isso, pesquiso meios de controle de aterrissagem por inteligência artificial e computação”, explica.
Protótipo usado por estudante para testes de automação — Foto: Wanghley Soares/Arquivo pessoal
A seleção
Entre os critérios de seleção para estudar engenharia aeroespacial nos EUA, era necessário ser estudante do ensino médio, ex-aluno de um programa de impacto social da Junior Achievement (JA), além de ter bom desempenho acadêmico e fluência em inglês.
“Escrevi uma redação em inglês sobre o que faria se eu pudesse fazer uma única pergunta ao Google“, conta Wanghley.
“Perguntei sobre ‘como alcançar a paz mundial‘ e expliquei o porquê dessa escolha. Falei sobre os conflitos atuais e sobre o machismo presente na maior parte das sociedades.”
Wanghley Soares, de 17 anos, foi um dos três brasileiros selecionados para estudar em programa de engenharia aeroespacial nos Estados Unidos — Foto: IFB/Divulgação
Em meio aos preparativos para a primeira viagem internacional, Wanghley dedica cerca de 14 horas por dia aos estudos. “Pratico muito exercícios e faço simulações. Uso a computação para estudar, por exemplo, fórmulas de química.”
“Se eu pesquiso sobre tecnologia, por que não usá-la em benefício próprio para estudar? Tento integrar o conhecimento técnico com o conteúdo teórico aprendido.”
Altas habilidades
Ainda na infância, aos 11 anos, Wanghley recebeu o atestado de altas habilidades e de superdotação. O laudo emitido pela rede pública de ensino do DF permitiu que ele fizesse aulas em uma escola voltada para crianças com capacidades específicas.
Desde então, o interesse por tecnologia e computação foi crescendo. Em 2017, mesmo após deixar a orientação dos professores, Wanghley passou a se dedicar de forma autônoma à pesquisa.
“Nos Estados Unidos, quero trabalhar muito em engenharia, já que aprendi de forma autônoma. Também quero me aperfeiçoar em programação, na parte técnica das aeronaves e entender os protocolos de voo.”
Simulador de voo — Foto: Nathália Duarte/G1
Planos para o futuro
A poucos meses da viagem para os EUA, Wanghley faz planos para quando voltar da imersão na National Flight Academy – que promove programas de educação para jovens e adultos.
“Pretendo me formar em ciência da computação ou em engenharia da informação”, diz. “Quero também me especializar nas áreas de bioengenharia (engenharia médica) ou em ciências de dados.”
Para quem pensa que Wanghley está apenas focado no próprio desenvolvimento, ele diz que o principal objetivo dos estudos é “aprender a dar palestras para incentivar mais pessoas a seguirem na área da ciência”.
“Na minha concepção, conhecimento parado não é conhecimento, é apenas informação.”
Wanghley Soares, de 17 anos, em stand da Campus Party — Foto: Arquivo pessoal
Fonte: G1