Objetivo é brotar no bailão sem medo de ser assediada e ter direito à folia em todos os blocos
Em 2020, as mulheres do PT, por meio da Secretaria Nacional de Mulheres, se organizam em mais uma ação integrada de combate ao assédio no carnaval. A campanha “Só Se Eu Quiser” visa criar um ambiente favorável às foliãs para que elas possam curtir o carnaval sem violência e, de quebra, levantar a bandeira contra o machismo e o patriarcado.
“Existem muitas questões no carnaval, mas a principal é o assédio. Por isso, lançamos a campanha com esse nome. A mulheres têm a liberdade de usar a roupa que ela quiser. Elas podem ficar com quem elas quiserem. E elas têm o direito de fazer isso sem serem assediadas”, explica Anne Karolyne, secretária nacional de mulheres do PT.
A estratégia é produzir materiais de conscientização e estimular as mulheres a distribuir durante os blocos: leques, panfletos, tatuagens, estandartes, adesivos para incentivar as foliãs a se divertirem sem risco de assédio. E, caso aconteça, que elas possam denunciar e serem ouvidas.
Mariah Mello, ativista e autora da tese “A nova configuração do carnaval de rua de Belo Horizonte: emergência e construção social dos blocos entre 2009 e 2015”, aponta duas razões que explicam a importância de campanhas como essa.
A primeira é a criação de um clima geral que desautoriza o assédio. “A campanha vai colocando no ar a ideia de que, primeiro, certas formas de abordagem são assédio. E, depois, que assédio é inaceitável, não combina com carnaval, e por aí vai”, afirma Mello.
O segundo motivo, continua a pesquisadora, é que a partir disso as mulheres se sentem mais acolhidas e fortes para bancarem seus “nãos”. “Eu acredito que muita mulher aprendeu a força do seu “não” a partir dessas campanhas, sabe? “Ah, então quer dizer que eu tenho o poder de negar e tenho o total direito de ser atendida e que, não sendo, posso inclusive fazer um escândalo? É bem isso“, reforça Mariah.
Essa é uma realidade que vem sendo construída nos últimos anos, principalmente a partir do aumento significativo de blocos com temáticas feministas e de diversidade de gênero. Verônica Borges, percussionista, atua em blocos há 14 anos, foi ritmista da Nenê de Vila Matilde por dez anos e, atualmente, é regente da bateria do Bloco Pagu, em São Paulo. Foliã experiente, ela retrata a diferença entre os tipos de blocos:
“Os blocos [temáticos feministas] que prezam pela segurança das mulheres costumam ter mais pessoas atentas a situações de opressão, mas infelizmente não impedem um caso ou outro. Mas a reação a essas investidas é mais rápida, o público é mais atuante”, relata Verônica.
A campanha “Só Se Eu Quiser” estará presente em todas as regiões do país, em mais de vinte capitais brasileiras. As mulheres do PT estarão nas ruas para curtir o carnaval 2020, distribuir materiais, movimentar a campanha e somar na luta contra a violência.
As mulheres do PT desejam a todas e todos um carnaval pleno com muita folia e ativismo, na luta contra o machismo e o patriarcado. #ForaBolsonaro