Em frente ao busto de Zumbi dos Palmares, uma caixa de som cercada por manifestantes anunciava para as centenas de pessoas que passavam pela praça homônimo do herói brasileiro, no Conic, o motivo do ato realizado nessa terça-feira (18). “Estamos aqui em apoio à greve dos petroleiros. Lembramos à população que pode haver desabastecimento de gás de cozinha e combustível, e isso será culpa da presidência da empresa, que não quer negociar”, disse por diversas vezes o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.
Assim como em vários estados do Brasil, no DF a CUT e sindicatos de base, além de organizações da sociedade civil vêm rompendo o silêncio imposto pela mídia e dialogando com a população sobre os motivos da greve dos petroleiros e a importância da Petrobrás para o Brasil.
“Estamos aqui para defender esse recurso natural que é tão importante para nós jovens. Há alguns anos, estávamos brigando para que os recursos do pré-sal fossem para a educação. Agora, temos que defender a Petrobrás, esse patrimônio do povo brasileiro, importantíssimo para a soberania nacional, para que o Brasil continue se desenvolvendo. E a greve dos petroleiros vem também para isso, para defender essa estatal”, disse o vice-presidente regional da UNE-DF, Artur Boaventura.
Orgulhosamente vestido com o colete laranja dos petroleiros, o dirigente da CUT-DF Vereníssimo Barçante lembrou que “a greve é resultado do desmonte que esse governo golpista vem fazendo”. “A presidência da Petrobrás quebrou o que determina nosso Acordo Coletivo, assinado pelo TST, e demitiu mais de mil trabalhadores. Esse governo quer acabar com a Petrobrás e com todas as estatais para vender de vez o Brasil”, disse.
Presente no ato organizado pela CUT-DF, a deputada Érika Kokay (PT-DF) foi categórica ao dizer que “a categoria petroleira tem história por defender um projeto de Brasil soberano, coisa que o governo federal brasileiro não tem, e ainda está destruindo toda cadeia produtiva”.
A parlamentar ainda repudiou a decisão do ministro do Tribunal Superior do Trabalho Ives Gandra, que na noite de segunda (17) decretou a greve dos petroleiros ilegal e impôs multa de R$ 250 mil a R$ 500 mil em caso de descumprimento da ordem de suspender o movimento paredista. “Esse ministro está a serviço do empresariado e da elite”, disse.
Na mesma linha, a secretária de Comunicação da CUT-DF, Ana Paula Cusinato, servidora do Ministério Público da União, afirmou que “Ives Gandra não respeita o espírito da Justiça do Trabalho, que existe para manter a equidade entre patrão e trabalhador”.
Recuo
O Tribunal Regional do Trabalho do Paraná determinou nessa terça 18 a suspensão provisória da demissão dos mais de mil trabalhadores da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen) de Araucária, no Paraná. Segundo a desembargadora responsável pelo caso, Rosalie Michaele Bacila, as demissões estão suspensas até o dia 6 de março, quando será realizada nova audiência de conciliação no TRT-PR.
Marcha no Rio
Nessa terça-feira (18), uma grande marcha nacional em defesa do emprego, da Petrobrás e do Brasil foi realizada no Rio de Janeiro, com a participação de caravanas de trabalhadores de vários estados. A concentração teve início às 16h, em frente à sede da Petrobrás, onde está instalada a Vigília Resistência Petroleira.
Segundo a FUP, a greve registra 121 unidades do Sistema Petrobrás paradas e 64% dos efetivos operacionais da estatal e subsidiárias, em 13 estados do país, de braços cruzados. Dos cerca de 33 mil trabalhadores nas áreas operacionais, 21 mil estão parados.
Entre as unidades paradas estão 58 plataformas, 24 terminais, outras 15 áreas operacionais e todo o parque de refino da empresa: 11 refinarias, SIX (usina de xisto), Lubnor (Lubrificantes do Nordeste), AIG (Guamaré).
Fonte: CUT-DF, com informações da FUP