Centenas de filiados e parlamentares do PT, além de militantes, dirigentes de movimentos sociais e representantes diplomáticos, lotaram nesta terça-feira (11) o plenário Ulysses Guimarães, da Câmara dos Deputados, durante a Sessão Solene em Homenagem aos 40 de fundação do Partido dos Trabalhadores. O evento foi uma iniciativa da presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), que também presidiu o encontro.
A sessão contou com a participação de dezenas de dirigentes e parlamentares do PT e de partidos de esquerda – como PSOL, PCdoB, PSB, PDT e PCO. Também estiveram presentes embaixadores e representantes diplomáticos de Cuba, México, China, Venezuela, Nicarágua, Espanha e Palestina, além de uma grande delegação de comunidades indígenas do Sul do País. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou uma carta parabenizando o PT.
O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), destacou o início da formação do partido, com a participação de representantes dos movimentos operários, da igreja, estudantis, além de intelectuais e de representantes de associações de bairro. Segundo ele, a principal contribuição do partido com o País nesses 40 anos foi dar esperança de um futuro melhor ao povo brasileiro.
“Nesse momento de 40 anos do PT, olhando o passado, nós provamos que era possível, e fizemos, as realizações que propiciaram a melhoria da qualidade de vida do povo. Demos esperança, algo que o povo perdeu recentemente”, lamentou. Segundo ele, isso ocorreu a partir do golpe de 2016, “feito não por causa dos erros do PT, mas sim pelos seus acertos”.
Antes de seu pronunciamento, Gleisi Hoffmann lembrou que, a princípio, o ex-presidente Lula estaria presente no evento. Porém, não pode comparecer porque embarca ainda hoje (11) para um encontro com o Papa Francisco, no Vaticano, na próxima quinta-feira (13). Ela disse que, a trajetória do partido, apesar de curta dentro do contexto histórico é “muito intensa e com muitas realizações no período democrático da política brasileira”.
“Tenho muito orgulho, como presidenta do PT, da trajetória do Partido, e de nossas bancadas na Câmara e no Senado, seja na oposição ou no governo, quando demos sustentação ao projeto que começou a transformar este País com inclusão e participação social. E apesar de toda a perseguição que o PT sofreu nos últimos tempos, especialmente o presidente Lula, isso não foi suficiente para tirar o partido da luta. Se pensaram em nos destruir, se enganaram redondamente”, frisou Gleisi.
Ao também parabenizar o partido pelos 40 anos, o líder do PT no Senado, senador Rogério Carvalho (PT-SE), observou que o Partido dos Trabalhadores também abriu as portas para o surgimento de lideranças políticas populares. “O PT permitiu ao povo brasileiro, que não era da oligarquia ou filho de político, participar da vida pública brasileira. O PT é o maior instrumento democrático da nossa história”, ressaltou.
Defesa do Trabalhador durante a Constituinte
Ainda sobre a história de luta do Partido, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) lembrou as batalhas travadas pela bancada petista durante a Assembleia Constituinte de 1987/88. A parlamentar é a única entre os atuais 54 parlamentares do partido que participou deste momento histórico. “Este partido passou a incomodar porque deu voz às pessoas simples, aos trabalhadores do campo e da cidade, às comunidades indígenas e quilombolas, às mulheres, aos jovens, aos negros, aos idosos e às crianças. Lá estava firme com eles, como porta-voz de seus direitos. Essa foi a participação do PT na Constituinte”, relembrou.
Desafios na defesa dos trabalhadores
Representantes de movimentos sociais também destacaram a luta do PT em defesa do povo brasileiro nos últimos 40 anos. O Secretário Nacional de Assuntos Jurídicos da CUT, Valeir Ertle, lembrou que vários direitos dos trabalhadores foram conquistados graças à atuação do PT durante a Constituinte. “Hoje, todos estão sendo atacados”, criticou. Ele lembrou a guerra travada pelo partido contra as reformas trabalhistas e previdenciária, e ressaltou que “o grande desafio hoje é derrotar a Medida Provisória 905, do governo Bolsonaro”. Essa medida é considerada pelo movimento sindical uma segunda Reforma Trabalhista.
Cobranças sobre autocrítica
Sobre cobranças por uma autocrítica do PT, defendida principalmente pelos grandes meios de comunicação, o dirigente do MST, Alexandre Conceição, é categórico: “É muito fácil para alguns desejarem uma autocrítica do PT. Quem defende isso não conhece a fome, não sabe o que é beber água do barreiro. Quem tem que fazer autocrítica é o latifúndio, que mata nosso povo todo dia, vamos pedir autocritica da escravidão no Brasil, do agronegócio que está envenenando nossas terras, vamos pedir autocrítica a esse governo que vem espalhando ódio e sangue ao nosso País”, cobrou.
União das Esquerdas
Parlamentares do PT defenderam ainda a união das esquerdas contra o projeto antinacional, antidemocrático e antipovo patrocinado pelo governo Bolsonaro. O vice-presidente nacional do PT, deputado José Guimarães (CE), disse que além da resistência contra a retirada de direitos e defesa da democracia, os partidos de esquerda precisam se unir para derrotar o projeto fascista de Bolsonaro.
“Temos que vencer a eleição de 2020 e preparar o partido para 2022. Faço um apelo ao PCdoB, PSOL, PDT e PSB. Precisamos somar forças, não podemos estar divididos nas eleições deste ano, juntos podemos derrotar Bolsonaro nestas eleições, esse é o primeiro passo para chegarmos em 2022 fortes”.
A proposta também foi encampada pela líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). “Nesses 40 do PT, nos últimos 30 anos sempre fizemos parte da história do partido. Seja nas adversidades ou nas vitórias”, relembrou. Agora, segundo Jandira, essa unidade é mais necessária do que nunca. “A democracia hoje é uma bandeira decisiva, porque esse governo tem como centro político a ruptura da democracia”, alertou.
Resistência ao governo Bolsonaro
Já o Secretário-Geral do partido, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), lembrou que os governos de Lula e Dilma criaram milhões de empregos, construíram inúmeras universidades e escolas técnicas, fizeram programas sociais com Mais Médicos e descobriram o Pré-Sal. Porém, observou, somente com muita resistência será possível impedir a continuidade da retirada de direitos, da venda do patrimônio público e o crescimento da pobreza. “Temos que voltar a organizar o povo, lutar como os petroleiros, o pessoal dos correios e da Casa da Moeda, para impedir que destruam o Brasil”, recomendou.
Em relação ao futuro do PT, o líder da Minoria no Congresso Nacional, deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que o partido tem que trabalhar para retomar o poder e colocar o País no rumo certo. “Vamos dar novamente um rumo a este País e dizer que o Brasil é maior do que este governo que se implantou com mentira, fake news e abusos, querendo implantar uma ditadura no País”, conclamou.
Também discursaram e parabenizaram as quatro décadas do PT, durante a sessão solene, os deputados petistas Rui Falcão (SP), Carlos Veras (PE), Célio Moura (TO), Natália Bonavides (RN), Assis Carvalho (PI), Joseildo Ramos (BA), Leonardo Monteiro (MG), José Airton Cirilo (CE), Professora Rosa Neide (MT), Henrique Fontana (RS), Airton Faleiro (PA), Alencar Santana Braga (SP), Bohn Gass (RS), Erika Kokay (DF), João Daniel (SE), Valmir Assunção (BA), José Ricardo (AM), Vicentinho (SP) e Paulão (AL).
Por PT na Câmara
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