O ano de 2019 fechou com 44% da indústria de transformação brasileira mergulhada na recessão. O dado é resultado de levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A informação do jornal Valor Econômico destaca que quatro em cada dez segmentos do setor encerraram o ano nessa situação. De 93 subsetores da indústria, 41 tiveram queda moderada ou forte e 11 segmentos ficaram estagnados.
Os dados desmentem a falácia de “recuperação da economia” brandida pelo ministro Paulo Guedes e por setores da mídia. Segundo o levantamento do Iedi, entre os setores que fecharam em queda estão segmentos fundamentais para a economia. Os setores siderúrgicos caíram 6,1%, os produtos farmoquímicos e farmacêuticos 3,7%, os tratores, máquinas e equipamentos de agricultura e pecuária 12,4%.
Para piorar a situação da economia nacional, o investimento externo na indústria teve queda de 41%. Em 2019, o volume de investimento estrangeiro direto no país atingiu US$ 9,9 bilhões contra US$ 16,8 bilhões em 2018. É o menor nível de investimento estrangeiro registrado no setor desde 2006, no governo do presidente Lula. Submissa à Trump e aos interesses do sistema financeiro, a política econômica do governo não tem sido atrativa aos investidores externos.
Por outro lado, o congelamento de investimentos públicos também compromete a recuperação econômica, a geração de empregos e o consumo. Em 2020, os investimentos públicos correspondem a apenas 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto), contribuindo para manter o desemprego em dois dígitos. A revogação da política do Salário Mínimo retirou 12,1 bilhões da economia e dos trabalhadores neste próximo ano. Em 2020, o Minha Casa Minha Vida terá o menor orçamento da sua história, de apenas R$ 2,8 bilhões, comprometendo o setor da construção civil e o emprego.
“A atual política econômica só tem provocado aumento do desemprego, da desigualdade e da fome. Só quem ganha é o andar de cima, especialmente os bancos – que não pagam impostos”, denunciou o senador Humberto Costa na tribuna do Senado Federal.
“Em geral, o modelo econômico aplicado na América Latina está esgotado: é extrativista, concentra a riqueza em poucas mãos e quase não tem inovação tecnológica”, alerta Alicia Bárcena, chefe da comissão econômica das Nações Unidas para a região. De acordo com ela, “ninguém é contra o mercado, mas ele deve estar a serviço da sociedade, e não vice-versa. Temos que encontrar novas maneiras de crescer, e isso exige políticas estatais”. “Não é o mercado que nos levará, por exemplo, a mais inovação tecnológica”, diz.
+ There are no comments
Add yours