Escolhido pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), para presidir a CEB (Companhia Energética de Brasília), Edison Garcia indicou que não fará esforços para barrar a entrega da empresa pública à iniciativa privada. “Sou um executivo que cumpre aquilo que querem os acionistas controladores”, disse Garcia durante reunião realizada com representes do Stiu-DF (Sindicato dos Urbanitários do DF) e da CUT-DF, nessa segunda-feira (27).
Durante a reunião, o presidente da CEB, em tom de brincadeira, deixou escapulir que o diretor financeiro da companhia, Armando Casado, assumiu o cargo “para privatizar a CEB”. Casado atuou na Eletrobras por nove anos como diretor Financeiro e de Relações com Investidores da empresa.
Sem constrangimento com o tom autoritário de Edison Garcia, a eletricitária Fabiola Latino Antezana, dirigente do Stiu-DF e da CUT-DF, lembrou que o sindicato tem uma luta história contra a privatização da CEB. “Na década de 1990 impedimos a privatização da Companhia. No governo Arruda (José Roberto Arruda), também impedimos a privatização. Agora, desde 2018, estamos em um processo incansável para não entregar a empresa ao capital privado. Em todas essas lutas, nós conseguimos não mitigar, mas mostrar que o exercício da empresa púbica é melhor do que o da empresa privada”, disse.
A sindicalista ainda lembrou que diante das ameaças anteriores de privatização da CEB, a categoria mostrou que se pode “recuperar a empresa recuperando o ponto de vista operacional, com o apoio dos trabalhadores”, e que para manter a empresa um bem público, a categoria chegou a cortar na própria carne no passado.
Tamanho esforço foi justificado pelo presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues. “Uma Companhia privatizada tem como primeiro objetivo dar resposta financeira aos seus acionistas; e uma Companhia pública tem uma função social”, explicou após o presidente da CEB afirmar que a empresa está fazendo um mutirão para intensificar o processo de instalação de medidores de energia elétrica nas regiões do Sol Nascente, em Ceilândia, e Arniqueiras. “Um local como Sol Nascente (onde a população apresentou renda per capita de R$642,13 em 2018), que demanda enorme preocupação pública, depende de uma companhia como a CEB pública para que tenha o direito básico do fornecimento de energia elétrica. Esse direito dificilmente será viabilizado por uma empresa púbica”, afirmou.
Ataque em casa
Além da pauta da privatização, os representantes dos trabalhadores da CEB ainda denunciaram práticas antissindicais que vêm sendo realizadas dentro da empresa, como a reabertura infundada de processos administrativos e a suspensão de trabalhadores que, coincidência o não, estão à frente da luta contra a privatização da CEB.
Resistente, o presidente da CEB fez seu mea culpa e deixou entender que as denúncias dos trabalhadores eram infundadas, mesmo após dado como um dos exemplos de prática antissindical a vigilância da polícia especial do DF em dias de ato e mobilização. “Nunca vivemos isso aqui”, disse Fabíola Antezana.
Diante da postura intransigente de Edison Garcia, a sindicalista afirmou que estava “dando o recado” da categoria, que já se mostrou disposta a lutar contra qualquer prática antissindical e contra a privatização da CEB. “Não estou preocupado com o seu recado. Recado eu sei dar também”, atacou o presidente da empresa.
No dia 10 de fevereiro, será realizada audiência pública na Câmara Legislativa do DF para debater a situação da CEB.
Fonte: CUT Brasília
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