A companheira Giulieny Matos, Agente Penitenciária no DF, acaba de lançar um livro para o público infantil cujo tema é uma mãe que está presa. O lançamento se deu no presídio feminino, para cerca de 40 mulheres internas. A servidora, que já tem 10 livros lançados, vai realizar um Workshop, no dia 15 de fevereiro, para ensinar como desenvolver atividades pedagógicas a partir da leitura de suas obras. Será uma oportunidade para troca de experiências, bate papo, exposição de trabalhos e contação de histórias. Com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura, a autora percorreu escolas públicas, creches e presídios do DF, realizando palestras, rodas de conversa e apresentações. Além disso, Giulieny participa de feiras literárias e bienais em Brasília e em outras cidades do país. Dois livros da autora foram expostos no exterior.
O Workshop vai acontecer das 10 às 12 horas, dia 15/2, na Biblioteca Nacional. Valor: R$ 25
Leia a matéria do G1 sobre o livro “Cadê minha mãe?” :
“Cadê minha mãe?’ conta a história de um garoto que lida com sentimentos de abandono e culpa. Obra foi lançada em presídio feminino para cerca de 40 detentas.
De lados opostos das grades da Colmeia, o presídio feminino do Distrito Federal, a agente penitenciária Giulieny Matos e dezenas de internas da unidade compartilham algo em comum: a maternidade.
Mãe de menina e menino, Giulieny submergiu no mundo literário das crianças há cerca de oito anos, quando publicou o primeiro livro: “A menina derretida”, uma garotinha que se derrete feito manteiga de tanto chorar.
Agora, aos 48 anos, com quatro livros publicados e 20 anos de atuação em presídios do DF, ela une as duas versões de si – a agente penitenciária e a escritora – para jogar luz sobre as milhares de crianças cujas mães estão presas.
“Cadê minha mãe?” conta a trajetória de superação de um garotinho que enfrenta sentimentos de solidão e culpa ao ver a mãe ser presa. O livro foi lançado nesta terça-feira (8) para cerca de 40 detentas da Colmeia – todas elas mães.
Narradas por uma contadora de histórias, as palavras singelas – de fácil assimilação e distribuídas em 28 páginas ilustradas – respingaram em forma de lágrimas no uniforme branco e laranja das presidiárias. A maioria das detentas que participaram do lançamento têm de dois a cinco filhos.
De onde vem a saudade, o sentimento também se faz presente. Antes de apresentar o livro para as mães, Giulieny passou por quatro escolas públicas do DF e muitas crianças se sensibilizaram com a história do personagem principal.
“A criança que vive essa realidade se identifica e aquelas que foram abandonadas, que vivem a separação dos pais, que lidam com mortes, viagens longas também têm a mesma sensação”, disse a escritora ao G1.
“Elas entram na história e compreendem que não é culpa delas.”
Segundo Giulieny, o assunto tem tamanho impacto nas crianças que as brincadeiras que elas costumam fazer para descontrair não foram capazes de arrancar risadas da plateia. “Elas não riram, não fizeram piadinha. Respeitaram.”
“Em uma das escolas, um garotinho me disse ‘tia, você mandou bem com esse assunto, ein’, porque ele se identificou e quase ninguém quer falar sobre isso.”
Antes de presidiárias, mães
Em muitos casos, o pai também está preso e, quando não há outro familiar que possa ficar com os filhos, até vizinhos acabam assumindo os cuidados. Em outros tantos casos, as crianças vão para o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), por determinação da Justiça.
Uma das detentas disse à reportagem que tem três filhas pequenas e um bebê de 1 ano e 4 meses. Todos estão sob os cuidados dos avós. Ela foi presa por assumir cumplicidade em roubos praticados pelo namorado – que está detido na Papuda.
A jovem de 26 anos fazia faculdade de enfermagem e disse ao G1 que se entregou à polícia porque fora ameaçada de morte pelo próprio companheiro. Ela foi condenada a oito anos e será liberada em dezembro para cumprir a pena no regime semi-aberto. A família dela nunca levou os filhos para visitá-la. “Minha mãe tem medo da reação deles.”
Liberdade para a imaginação
A inspiração de Giulieny para destrancar a imaginação e começar a escrever livros infantis veio dos filhos, na época com 6 e 7 anos. “Minha filha chorava demais e eu comecei a escrever pra ela. Foi assim que nasceu ‘A menina derretida’.”
O primeiro livro foi adotado pela prefeitura de São Paulo para ser aplicado nas escolas e, hoje, “caminha sozinho”, segundo a autora – que é a única agente de polícia com literatura reconhecida.
Em seguida, Giulieny publicou “A menina tagarela” (2014), “O cardápio maluco” (2016) e “A família dos carneirinhos coloridos” (2018). Todas os livros são inspiradas nos filhos, em crianças da família e até nas avós da escritora.
“Cadê minha mãe?” foi o primeiro livro escrito por ela com base em experiências profissionais, dentro dos presídios. Os próximos serão bilíngues e um deles tem data para sair.
O “Dr. Akaso”, que fala sobre um médico divertido que remove os órgãos dos pacientes para examiná-los, será lançado no dia 25 de maio. A intenção é fazer o livro circular por hospitais que atendem crianças.
“Mamãe nota 100”, voltado pra questão financeira, e “Somos todos especiais”, que aborda as diversidades, são os outros títulos que vêm por aí. Estes dois receberam patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), juntamente com “Cadê minha mãe?”.
Fonte G1 – link aqui
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