Como palavras ao vento, as promessas feitas pelo governador Ibaneis Rocha de investir na educação pública do Distrito Federal não saíram do papel. Ainda em campanha, o governador do DF prometeu à população construir escolas em áreas de grande necessidade e reformar várias unidades escolares. Em dez meses de governo, o GDF mostra que a educação não é uma de suas prioridades, ponto que mostraremos em mais um capítulo da série Raio X da Educação.
No Paranoá, por exemplo, a situação é dramática. As escolas têm uma demanda reprimida de milhares de vagas e os moradores da região, muitos deles crianças, são obrigados a estudarem em outras cidades. Diante da ausência do poder público, que não reforma e constrói novas unidades escolares, e investe no segmento, estudantes desde a educação infantil precisam sair do lugar onde moram para estudar, desterritorializando seus currículos escolares. Em outras regiões administrativas, o descaso é o mesmo.
De acordo com a diretora do Sinpro Luciana Custódio, nas escolas existentes a maioria necessita urgentemente de reforma e em muitas as salas são superlotadas, o que prejudica o desempenho dos estudantes. No Centro de Ensino Médio 1 do Paranoá, por exemplo, algumas turmas chegaram a ter 45 estudantes. Além disso, outras tiveram de ser readequadas, como o caso do Centro de Educação Infantil, que tirou o refeitório e espaços importantes para poder cumprir a Lei da Universalização da Educação Infantil. “Não dá para as escolas virarem depósito de estudantes. Precisamos ter qualidade de ensino. Vemos turmas superlotadas, ausência de política para a construção de escolas e investimentos para a educação. Isso é inadmissível”, ressalta a diretora do Sinpro Luciana Custódio.
Audiência pública
Este ano o Sinpro realizou uma audiência pública com o objetivo de encontrar uma solução para o problema. O GDF se comprometeu em liberar verba para a construção de várias escolas na região, promessa novamente descumprida. “Durante a audiência pública no Paranoá o governo disse que construiria de três a cinco escolas, mas nada saiu do papel. A situação continua dramática, nada é feito para reduzir o número de estudantes por turma, os professores trabalham em condições difíceis porque extrapola e muito a estratégia de matrículas, além da própria condição de aprendizagem, que fica totalmente comprometida”, argumenta Luciana.
Para se ter uma ideia, no Paranoá/Itapoã o que se gasta por ano para transportar os estudantes dentro da própria Regional de Ensino daria para construir uma escola por ano. Ao invés disto, o governo prefere adotar medidas paliativas alugando prédios e criando espaços provisórios que acabam ficando definitivos em função da falta de política de construção de escolas.
Escolas provisórias
Só na CRE do Paranoá, quatro escolas funcionam em espaços de caráter provisório: Escola Classe 6, funciona em um galpão adaptado para escola; CEF 4, um puxadinho do CEM 1 do Paranoá e estudantes não possuem os espaços adequados; CIL 1 do Paranoá, funciona em um prédio alugado em área comercial; CED 1, antigo CEF 5, foi transferido para um prédio provisório ao lado da CRE; e a Comunidade Aprendizagem Escola, que funciona numa área isolada, no setor de indústrias da cidade.
“Enquanto sindicato de professores, nossa busca é por uma educação pública de qualidade, inclusiva, plural e acolhedora para a população. Tudo isto será realidade se o governo investir na Educação, fato que infelizmente não vemos no DF. Enquanto nossos estudantes não tiverem locais apropriados para o aprendizado, os professores e orientadores uma estrutura adequada para o ensino e escolas suficientes em cada região administrativa, o futuro deste país estará fadado ao fracasso”, finaliza a diretora Luciana Custódio.
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