Elas discutiram desde as resoluções da Central a mudanças estatutárias e até as estratégias das mulheres da CUT para o próximo período em defesa dos direitos sociais e trabalhistas, de igualdade de oportunidades e no enfrentamento à violência contra as mulheres na vida e no trabalho. Um encontro nacional de mulheres ou mesmo uma marcha de trabalhadoras à Brasília não estão descartadas.
“Nós organizamos esta plenária para pensar como vamos nos portar e fazer nossas propostas nesta agenda do Congresso que vai debater, além da conjuntura nacional, a internacional, organização sindical, financiamento e resoluções, como também o plano de lutas”, explicou a Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora, Juneia Batista.
A Plenária das mulheres é a primeira agenda da programação do 13º Concut, que está sendo considerado um dos mais importantes da Central, lembrou a vice-presidenta da CUT, Carmen Foro. Para ela, nestes quatro anos que separaram um Congresso do outro muitas coisas mudaram. “Enfrentamos enorme retrocesso com muita luta e resistência, mesmo assim a classe trabalhadora ainda tem muitos desafios”, disse se referindo ao golpe de 2016 que destituiu a presidenta Dilma Rousseff e a eleição de Jair Bolsonaro, político de extrema direita, ligado a empresários.
“Em 2015, quando aconteceu o 12º Congresso nós tínhamos Lula Livre, Dilma era presidenta e estava com a gente e não tínhamos estes ataques contra nossos direitos. O que aconteceu neste período foi um ataque à democracia, com inúmeros retrocessos sociais e trabalhistas e nós somos as mais prejudicadas”.
A unidade entre as mulheres é fundamental para encarar os desafios do próximo período porque se depender deste governo as mulheres voltarão para o fogão, afirmou Carmen, que citou a Marcha das Margaridas, que reuniu mais de cem mil mulheres do campo e da cidade, em Brasília, em agosto deste ano, como inspiração para as futuras lutas.
“Nós podemos virar o jogo com organização, estratégias e unidade e a Marcha das Margaridas deste ano é a expressão mais clara de que nós podemos sim mobilizar, estar nas ruas, nos locais de trabalho para enfrentarmos os nossos desafios”, concluiu a vice-presidenta da CUT, que gritou “Lula Livre” no final de sua fala.
A Secretária-Geral Adjunta da CUT, Maria Faria, relembrou o significado de se fazer o 13º Congresso Nacional da CUT na Praia Grande. Foi nesta cidade, pontuou ela, que a história da CUT começou.
“Estamos voltando às origens e a gente sabe que a virada do tempo que teve na cidade não esfriará o calor humano que temos aqui no Concut para dar norte ao próximo período para superamos toda e qualquer dificuldade”, destacou Maria Faria, que coordenou a organização do 13º Concut.
“Esperamos que o encontro atinja corações e mentes e que a gente possa sair daqui muito mais forte do que chegamos”, finalizou a Maria depois de explicar toda a programação e falar sobre os debates que serão realizados.
Fortalecimento das mulheres na história da CUT e Lula Livre
A mesa de abertura da Plenária de Mulheres do 13º Concut contou com a participação da ex-ministra de Políticas para Mulheres Eleonora Menicucci, a ex-secretária de Políticas para Mulheres de São Paulo Denise Motta Dau, que já foi diretora da CUT, e a ex-secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane Silva.
Antes de começar a falar a ex-ministra puxou o coro do parabéns para o ex-presidente Lula que, de acordo como registro, comemora neste dia 6 de outubro seu 74º aniversário.
A mulherada se levantou e cantou emocionada o parabéns para você, mas Eleonora fez questão de explicar para as mulheres na plenária que a data de nascimento de Lula é no dia 27 próximo, “mas como ele foi registrado no dia 6 o Parabéns também vai hoje”.
Com o plenário gritando “Lula Livre”, a ex-ministra contou que sempre esteve envolvida com a Central e que desde os anos de 1980 foi conselheira da Comissão da Questão de Mulheres e há alguns anos da secretaria da Mulher Trabalhadora.
“Eu acompanhei todo o processo e sei que se não fosse a luta das mulheres da CUT este espaço não existiria. As mulheres trabalhadoras sempre entenderam a importância de termos organismos de perspectivas de gênero para a vida das mulheres tanto dentro da CUT quanto fora”, afirmou Eleonora.
Ela pontuou também a importância da secretaria de Política para Mulheres no executivo e da luta organizada para a implementação de políticas públicas específicas.
Denise Motta Dau, ex-secretária de Políticas para Mulheres de São Paulo durante o governo de Fernand Haddad e também ex-diretora da CUT, ressaltou a história das mulheres dentro da CUT e citou algumas pautas feministas desde a fundação da Central, como a luta por creche e pela descriminalização do aborto.
Para Denise, a organização das mulheres da CUT é fundamental para a resistência que precisará ser feita nestes próximos períodos com Bolsonaro e governos ultraliberais que avançaram por estados e municípios. “As mulheres precisam estar organizadas e as secretarias da Mulher Trabalhadora, tanto nacional, quanto as estaduais, são fundamentais para garantir direitos e discutir novas propostas para as mulheres trabalhadoras”.
“Para consolidar a política é fundamental um espaço especifico para avançar na igualdade de gênero e direitos”, finalizou Denise.
Outra ex-dirigente que valorizou a unidade e a organização das mulheres foi a ex-secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane Silva.
“Construímos os últimos 8 de março grandes e combativos, estivemos à frente em diversos momentos fundamentais para não perdemos mais direitos e nunca deixamos de estar nas ruas”, afirmou Rosane, que representa a CUT na Vigília Lula Livre, em Curitiba.
Ela destacou a importância da liberdade do ex-presidente Lula, mantido preso político desde abril de 2018, para a luta das mulheres e de toda a classe trabalhadora.
“Lutar pela liberdade de Lula é estratégia da CUT e das mulheres trabalhadoras. Não existe democracia com Lula preso, não existe direitos para mulheres e para classe trabalhadora com ele preso. Vamos mandar uma mensagem para ele e dizer que as mulheres da CUT estão reunidas e que nós estaremos com ele onde ele estiver”, finalizou emocionada Rosane, que também encerrou sua fala com um forte grito Lula Livre.
Fonte: CUT Nacional, Érica Aragão
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