Desde 2015, período de elaboração do golpe que tirou Dilma do poder, concentração de renda aumentou enquanto o bem-estar social e a renda média sofreram queda
“Tem que ter impeachment. Não tem saída.” Essas foram as palavras ditas por Romero Jucá em conversa gravada em março de 2016. “Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel. É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional”, afirma Sérgio Machado minutos depois. O telefonema obtido pela Procuradoria-Geral da República evidenciava as intenções sombrias por trás do golpe de 2016 que jogou o país e o povo brasileiro em um abismo.
Três anos depois de a conversa vir à tona, o resultado do famigerado golpe aparece a cada dia – refletido na mesa, no bolso e na vida de cada brasileiro. Desde então, o perigo de recessão voltou, os direitos estão sendo usurpados do povo, 13 milhões estão desempregados, a renda do povo caiu e o capital nada de braçadas.
É esse o Brasil retratado pela Pesquisa da FGV Social lançada nesta quinta-feira (15).
Aumenta desemprego e desigualdade
Desde o golpe, com os cortes nos programas sociais, a retirada do povo do orçamento público e entrega do patrimônio nacional, a desigualdade no país atingiu seu patamar mais alto em 30 anos. Além disso, com o aumento do desemprego, que atinge 13 milhões de pessoas, o poder de compra do brasileiro nunca esteve tão baixo, segundo a pesquisa. Para se ter uma noção, até 2014 o problema atingia 7,2 milhões de pessoas, ou seja, desde o início do processo do golpe em 2015 – quando Cunha e sua trupe inviabilizaram o governo de Dilma – o número de desempregados quase dobrou.
Como em toda economia ultra neoliberal, a população carente é a que mais sofre com a recessão econômica do país. De acordo com a FGV, entre o início de 2015 e o segundo trimestre de 2019, a renda da metade mais pobre da população caiu 17,1%. Os 10% mais ricos apresentaram ganhos de 2,55% no mesmo período. Já o 1% mais rico do país viu sua renda aumentar 10% nesses 4 anos. O governo estimula uma economia que tira dinheiro dos que precisam e dá para aqueles que já tem de sobra.
Tamanha diferença de renda entre camadas sociais impacta diretamente o abismo social brasileiro. O índice Gini, principal medidor de desigualdade, atingiu seu menor patamar 0.6003 no final de 2014. Desde então, vem em constante crescimento, registrando 0,6291 no segundo semestre de 2019. O ritmo anual de aumento do índice neste período é justamente inverso ao ritmo de queda registrado entra 2001 e 2014, anos dos governos Lula e Dilma.
O avanço da miséria
Com o aumento da desigualdade, a pobreza atinge cada vez mais pessoas. Durante os governos do PT, o crescimento econômico tirou milhões de brasileiros da miséria. Segundo o levantamento da FGV, com os governos de Lula e Dilma, a porcentagem caiu para somente 8,38% em 2014. Desde então, a taxa subiu para 11,18%, atingindo 23,3 milhões de pessoas no país.
Consequentemente, o bem-estar social da nação vem em baixa desde o golpe de 2016. Em 2014, no governo Dilma, o bem-estar social registrado era de 344,10 pontos, de acordo com a pesquisa da FGV. Com Temer, o índice sofreu declínio considerável e se mantém em baixa com Bolsonaro, atualmente registrando somente 311,06 pontos. Segundo o estudo, “no primeiro trimestre de 2014 o bem-estar crescia a 6,47% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Exatos dois anos depois o bem-estar caia a -6,87%.”
Sem perspectiva para o futuro
A juventude brasileira sofre com os governos antipovo do pós-golpe. De lá para cá, a perda de renda média dos jovens foi de 17,76%, redução quase 5 vezes maior que a média geral, segundo a FGV. E Bolsonaro não tem ajudado a situação desta parcela da população. As universidades já sofreram R$ 6 bilhões em cortes no orçamento, além da aprovação da famigerada reforma da Previdência que vai acabar com o futuro do país. O futuro tão incerto traz apenas uma certeza: jovens trabalhando mais, ganhando menos e sem direito a uma aposentadoria digna.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações da FGV Social
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