A nova troca de mensagens entre o procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sérgio Moro, divulgada nesta quarta-feira (12) pelo Intercept, mostrou que, além de incluir o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, a dupla de “investigadores” contava com o suporte do Departamento de Justiçados Estados Unidos, algo que Lula já denunciou anteriormente.
A conversa, revelada pelo editor executivo do Intercept, Leandro Demori, em parceria com o jornalista Reinaldo Azevedo da BandNews FM, confirmou que Moro e Dallagnol atuam em favor dos interesses dos EUA, revelando uma submissão de agentes brasileiros sem precedentes. Entenda a traição da pátria do procurador e do ex-juiz:
Ponto 1 – “Articulação com os americanos”
31 de agosto de 2016
Moro – 18:44:08 – Não é muito tempo sem operação?
Deltan – 20:05:32 – É sim. O problema é que as operações estão com as mesmas pessoas que estão com a denúncia do Lula. Decidimos postergar tudo até sair essa denúncia, menos a op do taccla pelo risco de evasão, mas ela depende de Articulacao com os americanos
Deltan – 20:05:45 – (Que está sendo feita)
Deltan – 20:05:59 – Estamos programados para denunciar dia 14
Moro – 20:53:39 – Ok
– Ao comentar “Taccla”, Dallagnol está se referindo ao ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Durán, que está refugiado na Espanha e é procurado pela Justiça brasileira, por decisão de Moro. Há um ano, Durán denunciou um esquema suspeito na Lava Jato de comércio de delações, proteções, extorsões, tráfico de influência e seletividade nas decisões do ex-juiz. No dia 20 de julho de 2018, o nome dele foi retirado da lista da Interpol por suspeita de parcialidade de Moro na condução do seu caso. Desde então, nada foi feito pelo Justiça para apurar a denúncia.
Ao contrário do que blogs porta-vozes do golpismo de Dallagnol e Moro dizem, a “articulação com os americanos” em nada ter a ver com uma negociação de colaboração de Durán e os EUA. Tanto é que o próprioex-advogado da Odebrecht reforçou sua denúncia, via Twitter na segunda-feira (10), um dia após o Intercept revelar o esquema de Moro e Dallagnol.
Ponto 2 – Dallagnol era porta-voz de Moro na Lava Jato
16 de outubro de 2015
Deltan – 14:35:00 – O pessoal até agora pediu pra manter o sigilo do caso de Pasadena, pois pediremos BA [Mandado de Busca e Apreensão]. Se quiser abrir vista, nós nos manifestamos.
Moro – 16:03:35 – Ja foi aberto vista ontem.
Deltan – 20:30:33 – Pessoal ta fazendo análise criteriosa e vai pedir de mais alguns depoimentos
Moro – 20:59:04 – Os deletados ja sabem que sao delarados ha tempo.
Deltan – 21:48:12 – Mas a divulgação dificulta BA e especialmente prisão. Eles virão explicar, peticionar, entrarão com HC etc. Falo sem estudar o caso e repassarei sua consideração
Deltan – 23:53:00 – Caro Juiz, seria possível reunião no final da segunda para tratarmos de novas fases, inclusive capacidade operacional e data considerando recesso? Incluiria PF também
– O diálogo mostra que Moro tinha mais do que influência na Operação Lava Jato. O ex-juiz era o coordenador das ações, tanto é que Dallagnol o consulta para os próximos passos e repassar as considerações dele em relação a refinaria de Pesadena.
Ponto 3 – O endosso de Fux às ilegalidades de Moro e Dallagnol?
22 de abril de 2016
13:04:13 Deltan – Caros, conversei com o FUX mais uma vez, hoje
13:04:13 Deltan – Reservado, é claro: O Min Fux disse quase espontaneamente que Teori fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo. Disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me pra ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos como instituições
13:04:13 Deltan – Em especial no novo governo
13:06:55 Moro – Excelente. In Fux we trust [“Confiamos em Fux”]
13:13:48 Deltan – Kkk…
– Dallagnol revelou no diálogo com Moro que eles poderiam “contar” com o ministro Luiz Fux do STF. Conforme questiona o jornalista Reinaldo Azevedo, a princípio poderia ser um “apoio na garantia das leis”. O articulista, por sua vez, lembra que o procurador da Lava Jato está relatando “justamente o contrário. Mas o que se constata claramente é um ministro do Supremo a condescender com a prática ilegal de um juiz. Mais do que condescendência, segundo as palavras de Dallagnol, o que se tem claramente é o endosso e o incentivo à ilegalidade”, aponta Azevedo.
No dia 28 de setembro de 2018, Fux proibiu que Lula concedesse entrevista e se por um acaso já tivesse concedido alguma, a qualquer jornalista, esta jamais poderá vir a público, principalmente antes das Eleições, sob pena de crime de desobediência. O ministro atropelou uma liminar concedida pelo seu colega de STFRicardo Lewandowski, o que foi considerado como um ato de censura prévia por importantes jornalistas brasileiros.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Intercept e Reinaldo Azevedo
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