Com o objetivo de elaborar um documento que propõe uma nova organização ao Partido dos Trabalhadores, a CNB Plano Piloto realizou sua Plenária no sábado (18), visando às eleições do PED, que acontecerão em setembro. Dentre as propostas apresentadas, estão a busca por novas filiações, aumento da participação e engajamento dos antigos filiados e a reconstrução interna do PT através de mudanças na própria corrente. Também, ficou determinado que o partido deve ser o orientador político para os movimentos sociais e sindical. Participaram da Plenária o chefe de gabinete da Liderança do PT no Senado, Wilmar Lacerda, o ex-deputado federal Geraldo Magela, e a presidente do PT DF, deputada Érika Kokay.
Convidado para fazer a análise de conjuntura, o companheiro Wilmar Lacerda apresentou sua visão sobre os rumos da política nacional. Em sua opinião, o momento do Brasil está relacionado com a ascensão da extrema direita no mundo. As dificuldades enfrentadas no segundo mandato da ex-presidente Dilma foram apontadas como um terreno fértil para o golpe e a consequente tomada de poder pela extrema direita, representada pelo governo Bolsonaro. “O ex-presidente Lula estava fora das decisões do governo Dilma e, quando quiseram trazê-lo para o centro, já era tarde. Daí, veio o golpe e, junto com ele, o desastre que está sendo o governo Bolsonaro”, lamentou.
Apesar disso, o dirigente avalia que as eleições de 2018 foram positivas para o PT, tendo em vista a eleição da maior bancada da Câmara, com 55 deputados. Além disso, os 47 milhões de votos para Fernando Haddad no segundo turno presidencial, evidenciaram a força do partido, mesmo com Lula fora do jogo político.
No entanto, Wilmar alerta que o governo Bolsonaro, apesar de todos os desgastes enfrentados desde seu início, há cinco meses, conta com a força dos militares, os mesmos que deram o golpe no governo João Goulart em 1964. “Bolsonaro, apesar do seu descontrole, conta com um aparato jurídico, policial e com o discurso da moral e da família, representado pela presença da ministra Damares Alves, que dá voz a uma parcela importante da sociedade brasileira”.
Em sua avaliação, porém, esse momento é parte da maturidade política do Brasil pois, em breve, o povo poderá medir os dois momentos da política nacional e comparar os governos do Partido dos Trabalhadores e o governo Bolsonaro, que representa apenas os interesses do capital, sem considerar a justiça social e a distribuição de renda.
“Nos nossos governos o PIB cresceu 4%, foi uma fase de quase pleno emprego, milhões de pessoas foram incluídas nas políticas públicas e no processo produtivo. Na agricultura familiar, os recursos destinados saíram da ordem de R$ 3 bilhões no governo FHC, para quase R$ 30 bilhões ao final dos quatro mandatos do PT”.
E seguiu, comparando os números do pós-golpe, até a atualidade: “O que fez o governo golpista de Temer? Fez a reforma trabalhista, que nunca gerou um único emprego. Aprovou a PEC 95, que congelou os investimentos nas áreas básicas, como saúde e educação, por 20 anos. E agora temos 20 milhões de desempregados e condições de trabalho precarizadas”. Para Wilmar, esses números, em pouco tempo, vão falar mais alto do que as fake news propagadas contra o PT, que facilitaram a eleição de Bolsonaro.
Projeto, Método e Ação – Já o ex-deputado Geraldo Magela, em sua análise, avaliou que o Partido dos Trabalhadores deve se engajar em cumprir o papel que o tornou uma força política determinante no país, que se baseia na tríade – projeto, método e ação efetiva na sociedade. “Temos que orientar as nossas bancadas a fazer oposição firme, mostrar que sabemos o que tem que ser feito para melhorar o Brasil”
Para Magela, não basta apenas vencer as eleições nos sindicatos, é preciso estar na rua junto com a população, esclarecendo que as políticas atuais vão de encontro aos interesses populares. “Precisamos mostrar o que o governo Bolsonaro está fazendo e dizer ao povo o que nós faríamos, ou seja, fazer oposição e apresentar alternativas.”
Também, em sua avaliação, o PT precisa voltar a ter liderança dentro das Zonais e se fortalecer nos setoriais. “O setorial de Educação deve ser atuante na Educação, o setorial de cultura precisa se manifestar quando a cultura sofre abalos, e a juventude precisa se ver representada de fato pelo seu setorial. Nas manifestações dos estudantes do última dia 15, não havia nenhuma organização dos nossos setoriais, nós perdemos a chance de ser protagonistas, junto com os movimentos”, criticou.
Outra crítica do ex-parlamentar é que as tendências não podem se sobrepor ao Partido. “Temos que ter mais unidade, mesmo com opiniões diferentes, precisamos olhar para o partido com um todo e buscar o fortalecimento nas bases. Não adianta ter uma tendência vencedora que enfraqueça o PT politicamente”, completou.
Núcleo de Base Cidadania – Encerrando a Plenária, a deputada federal e Presidenta do PT-DF, Erika Kokay, lembrou da importância do Núcleo de Base Cidadania, que vai completar vinte anos de sua fundação, e que a parlamentar ajudou a implementar. Em sua análise, Erika, a única deputada federal eleita pelo PT do Distrito Federal, também reafirmou a importância da aproximação do partido com a população, como forma de combater as políticas de destruição social que a extrema direita vem implementando no país.
Após a reunião, houve uma feijoada promovida pelo Núcleo de Base Cidadania para marcar a campanha #LulaLivre e, também, comemorar o encontro dos filiados e filiadas ligados à CNB Plano Piloto.
Alessandra Gondim
Assessoria de imprensa
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