Casos de feminicídios por arma de fogo crescem na maioria dos estados

De acordo com o levantamento do Observatório da Mulher Contra a Violência (OMV), das 27 unidades federativas, 17 registraram aumento de casos

O número de casos de feminicídios cometidos por arma de fogo aumentou na maioria dos estados do Brasil. De acordo com levantamento realizado pelo Observatório da Mulher Contra a Violência (OMV), do Senado Federal, em 17 das 27 unidades federativas foi registrado o aumento dos índices de assassinatos de mulheres por arma de fogo.

Segundo o estudo, em 2016, a maioria dos estados teve aumento alarmante. Só no Acre (+524,1%), Maranhão (+182,2%), Ceará (+165,2%), Rio Grande do Norte (+155,5%) e Roraima (+110,6%), os índices foram maiores que o dobro de 2006. Somente quatro dos cinco estados mais populosos do Brasil apresentaram redução considerável nos índices de morte de mulheres – homicídios ou suicídios – por armas de fogo. Houve queda em São Paulo (-59,2%), Rio de Janeiro (-41,3%), Minas Gerais (-26,5%) e Paraná (-32,2%).

O OMV explicou, em sua pesquisa, a importância de sistematizar os dados de violência contra a mulher para pautar as políticas públicas necessárias ao enfrentamento, e por isso lançou, em março, o Painel de Violência contra as Mulheres, “uma ferramenta de consulta que sistematiza dados oficiais de homicídios, notificações de violência doméstica pelos serviços de saúde, ocorrências policiais e processos judiciais relacionados a casos de violência contra mulheres no Brasil e em cada estado nos últimos anos”.

Posse de armas e aumento de feminicídios

Em janeiro de 2019, apoiado por seu ministro da JustiçaSérgio MoroJair Bolsonaro (PSL) assinou o decreto que facilita a posse de armas para cidadãos comuns, o que levantou a discussão sobre as consequências para as mulheres, e o risco do aumento de casos de feminicídio, e até suicídios em um contexto de violência doméstica.

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (11), mostrou que a maioria dos brasileiros e brasileiras não concorda com as políticas de Bolsonaro e Moro para segurança pública: 64% acredita que a posse de armas deve ser proibida, 72% afirmam que a sociedade não fica mais segura com pessoas armadas para se proteger, e ainda, 81% rejeita “licença para matar” de Moro, e afirma que polícia não pode ter liberdade para atirar em suspeitos porque pode atingir inocentes.

Segundo a cofundadora da Rede Feminista de Juristas (DEFEMDE), a advogada Marina Ganzarolli, facilitar a aquisição de armas é contribuir para mais casos de violência doméstica e mortes de mulheres no Brasil. “Diversas pesquisas trabalham com indicadores de risco nos casos de violência doméstica, um desses indicadores é o acesso a armas de fogo, porque quando o homem tem o momento de explosão – que é o momento de agravamento do ciclo de violência, que depois vem seguido de pedidos de perdão, de falas de que vai melhorar – se ele tiver uma arma ao seu alcance, ele vai usar”.

A maioria das mulheres vítimas desse crime são assassinadas por seus parceiros, e a maior parte desses casos acontece dentro de casa. Armas de fogo são a segunda opção utilizada para execuções, segundo uma pesquisa realizada pelo Ministério Público de São Paulo. Por isso a liberação da posse de armas pode ter efeitos trágicos para todas as mulheres da sociedade.

Da Redação da Secretaria Nacional de Mulheres do PT com informações da Agência Patrícia Galvão

You May Also Like

More From Author

+ There are no comments

Add yours