Quando o Lula assumiu o Governo, botou em pé e pagou o maior programa de transferência do mundo: O Bolsa Família. Dilma assumiu e concedeu, já em março, um reajuste de 45% no benefício do Bolsa Família de crianças e jovens até 15 anos. Jair Bolsonaro assumiu e depois de 100 dias anuncia que vai criar o 13º do Bolsa Família, mas só vai pagar no fim do ano. Todo recurso que chega à população mais pobre é bem-vindo. Ainda mais nesse cenário em que só se escuta falar em tirar, em cortar, em acabar.
Com o desemprego batendo recordes, a pobreza crescendo, e a mortalidade infantil aumentando pela primeira vez depois de duas décadas de queda, esperava-se que a primeira medida de Jair Bolsonaro seria pagar imediatamente o 13º do Bolsa família, e cumprir sua promessa de campanha. Afinal, como o presidente deveria saber, quem tem fome tem pressa.
Com viagem marcada para o Nordeste e sem nenhuma agenda positiva em seus 100 dias, Bolsonaro acha que propaganda e promessas de um 13º no futuro vão apagar as ofensas contra os nordestinos ou vão botar comida na mesa do povo.
Também não apagarão as suas declarações preconceituosas contra as crianças pobres do Bolsa Família, quando disse que: “fica até difícil, até com boas escolas, você fazer com que essa garotada, que começa errado lá atrás, tenha a capacidade de fazer uma boa escola, uma boa universidade e ser um bom profissional”.
Um 13º num futuro não compensa os cortes na educação e na saúde. Não compensa a retirada de direitos trabalhistas e o fim da aposentadoria dos trabalhadores. Bolsonaro promete, enquanto seu ministro da Casa Civil faz chantagem com o futuro do Bolsa Família, condicionando o pagamento do benefício à aprovação da reforma da Previdência.
Não tem criança feliz com pai desempregado. O que teremos é a volta do Brasil ao mapa da fome e as crianças serão as mais atingidas. Não se combate a pobreza com promessa de um presentinho de Natal para fazer uma criança feliz.
Combate-se a pobreza com emprego, com renda, com segurança alimentar, com cisterna, com assistência técnica rural, com programas de economia solidária, com aposentadoria justa, com benefícios assistenciais como o BPC e com o Bolsa Família. É uma estratégia multidimensional.
Tudo isto está sendo tirado.
Tereza Campello é economista e ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome
+ There are no comments
Add yours