Por Francisco Machado (Chico Machado)*
Ao que tudo indica, a evolução da filosofia contemporânea baseada no conhecimento laico e na sociedade sem classes tem suas origens nos escritos dos Jovens Hegelianos, entre os quais se destacava no final dos anos 1830 o jovem Karl Marx. Em tese, seus escritos iniciais aparentemente não traziam grandes impactos à ordem dominante em seu país. Será sua experiência na França que vai separar significativamente o comportamento do “jovem Marx” ao do “Marx da maturidade”; não obstante, ao claro desejo de aproximar a vivência francesa (idos de 1840) aos valores então vigentes na Prússia, caracterizado como um Estado autoritário e inflexível.
Na verdade, duas obras vão marcar significativa inflexão na vida de Karl Marx: Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel e o texto Sobre a Questão Judaica; respectivamente datadas de 1843 e 1844. A primeira versava sobre teologia, alienação e política, enquanto a Questão Judaica tratava de temas como capitalismo e emancipação. No entanto, a estratégica obra de Karl Marx, produzida em parceria com Friedrich Engels, que o notabilizou e o projetou como personalidade central na disputa de classes é, sem dúvida, O Manifesto Comunista, de 1848. Esse documento, além de caracterizar a sociedade capitalista, anotando suas antinomias, avança com um programa voltado à classe do proletariado; a única com condições de apresentar um projeto capaz de libertar a humanidade do domínio destrutivo do capital. No entanto, a mais importante e consagrada obra de Karl Marx, O Capital, um trabalho também com Friedrich Engels, viria somente vinte anos depois.
Será com base nos instrumentos produzidos por esse referencial teórico que, desde o final do século XIX, o Internacionalismo Proletário vem pautando seus passos e sua política. Com essas referências, sugere-se debruçar sobre a presente conjuntura, tendo em vista a necessidade de se desvencilhar da influência ideológica ditada pelo interesse do capital, para ingressar num debate que vise estimular a percepção sobre o momento crítico da humanidade, procurando vislumbrar e produzir dados e informações relevantes para um programa político de enfrentamento à atual ordem estabelecida; caracterizada pela concentração de renda e propriedade, da exploração do homem pelo homem e pela tendência destrutiva do planeta.
Entre o século XX e o início do século XXI, constatam-se grandes transformações nas sociedades modernas, em especial na composição das categorias econômicas. Apesar da importância do setor secundário, sua inovação e seu crescimento, a unidade operária tem sofrido sucessivos reveses a partir de sua desagregação, terceirização e a dita participação nos lucros das empresas. Em contrapartida, o setor terciário toma grandes proporções em consequência da criação e fortalecimento de alguns segmentos, tais como o da pesquisa, ensino, mídia, sistema financeiro, transporte, serviços públicos e comércio. Ainda que este setor não produza bens de consumo e de capital, conforma a maioria da classe trabalhadora, sendo responsável por cerca de 70% da geração de emprego e renda.
Frente a essa situação, mas tendo em vista que a economia depende de base material expressa nos resultados dos setores primário e secundário, acredita-se estar frente a um novo enigma. Sem a existência de produtos gerados por esses setores, os serviços prestados pelo setor terciário perderiam significância. Seria inimaginável pensar o comércio sem produtos para venda; serviços de transporte sem veículos; serviços públicos sem infraestrutura e equipamentos urbanos; sistema financeiro, sem investimento – apesar do fantástico crescimento de sua vocação parasitária, especulando principalmente na ciranda financeira.
O que se tem observado nesses quase dois séculos de crescimento planetário, mesmo considerando uma verdadeira revolução no desenvolvimento de produtos duráveis de consumo, em especial produtos da indústria branca e informática, mas também transporte e comunicação, o setor terciário nas sociedades mais complexas tem tido crescimento mais que proporcional, em comparação aos demais. Essa situação torna cada vez maior o espaço social entre proletários e os desígnios da revolução socialista.
Ao longo da história de enfrentamentos e lutas travadas pelos trabalhadores nas modernas sociedades a ideologia proletária tem envolvido e atraído assalariados pertencentes ao setor terciário, acumulando na unidade de classe, independentemente da origem, especialmente em direção aos bancários, comerciários, rodoviários, professores e servidores públicos. Um trabalho exitoso até recentemente, perdendo dinamismo a partir do colapso do Leste Europeu, da crise internacional dos partidos de esquerda e da capitulação vergonhosa de ditos partidos social-democrátas. Não obstante, condições subjetivas interpostas nesse espaço de disputa, segmentos de assalariados remunerados com recursos gerados pela mais-valia têm se distanciado do pertencimento de classe. Embora submetidos ao regime de assalariamento, afastam-se da condição de trabalhadores.
Ademais, grande parte dos serviços ampliados e até criados está relacionada à informação, formação, pesquisa e divulgação, cujo controle tem sido mais estreitamente comandado pelo sistema dominante; à serviço, portanto, do capital monopolista, cujo propósito não tem sido outro se não o de diluição das contradições capital/trabalho. Mais do que isso, parte desse segmento tem sido responsável pelo serviço de inteligência produzido pela superestrutura do sistema capitalista.
Durante o final do século XX e início do século XXI alguns países dos continentes africano e sul-americano iniciaram um verdadeiro levante sobre o domínio do projeto neoliberal comandado pelos Estados Unidos da América (EUA), ao tempo que optaram por novas experiências, cujos interesses entram em desalinho aos dirigidos pela ONU, Banco Mundial e FMI. Interesses esses em oposição à visão unipolar produzida por uma ideologia amparada na lógica do capital monopolista e centralmente dirigida pelo imperialismo norte-americano.
Na América do Sul, os países, um a um, foram se descolando do alinhamento imposto pela ALCA: Venezuela, Brasil, Bolívia, Uruguai, Equador, assim por diante. No continente africano, à semelhança da África do Sul, Angola, Argélia, outras nações buscam alternativas ao modelo neoliberal. Na Ásia, com a liderança da China, Rússia e Índia, outros tantos também procuram caminhos que acumulam na soberania de seus interesses.
Por sua vez, no Oriente Médio, em razão de se tratar de uma região estratégica para influência dos continentes europeu, asiático e africano, nações como Líbia, Iraque, Irã e Síria têm sido permanentemente fustigadas frente às pretensões de domínio imperialista dos Estados Unidos. Isso ocorre não só em razão da geopolítica, mas também por questões de natureza mais imediata, em função das reservas de petróleo. Os métodos empregados pelos EUA nada têm de humanitário ou democrático, como a mídia procura divulgar; pelo contrário, sua natureza tem sido perversa: invasão, massacre, destruição. Ainda não sai da memória a forma como Iraque foi agredido e massacrado, a partir da falsa informação de que dispunha de armamento de destruição em massa. Não diferente, teve o mesmo destino Muammar Kadafi, da vizinha Líbia, linchado e assassinado em praça pública por seus algozes. Essas e outras ações foram diretamente estimuladas pelos Estados Unidos da América, que não pouparam recursos para a contratação de mercenários, fornecimento de armamento, além da inegável disponibilidade de apoio estratégico. Aliás, é preciso reconhecer que tais ações contribuem para aliviar as tensões internas dos EUA, uma vez que precisavam estar continuamente recompondo a demanda agregada de seu país em crise ao tempo que renovam seus estoques bélicos.
Mais recentemente as baterias da guerra híbrida se direcionam para a América do Sul, em especial contra a Venezuela e Brasil. Trata-se de métodos que não medem consequências, mesmo que ponham em risco valores caros para o domínio ideológico do capital, como a democracia liberal. Em tese não apresentam novidades: denuncismo forjado; manipulação psicológica de massa; apoio financeiro e material aos adversários e inimigos do governo.
Essa tem sido a verdadeira essência da “democracia” que os Estados Unidos da América passam para o mundo. Em nome dessa democracia, os EUA têm se colocado como xerife, árbitro e paladino dos destinos do planeta, sempre contando com a presteza e o apoio da mídia internacional, escudeira dos interesses do capital multinacional e das reservas de insumos industriais. Não há da parte do capital complacência com seus opositores. Nem mesmo os integrantes da mesma classe social escapam de sua trajetória destrutiva, uma vez que o processo de acumulação de capital não reserva nenhuma piedade às empresas que claudicam ou contrariam a lógica da economia de mercado.
Nada justifica a eternização do presente
O capital monopolista continua sua saga destrutiva, seguindo um caminho sem retorno, cujo interesse tem sido a liquidação dos oponentes, deixando um rastro que somente encontra paralelo na barbárie. Por isso, é correto afirmar que o capitalismo é um sistema datado, contraditório e destrutivo. Datado, porque a evolução das relações de produção e das lutas sociais tende a negá-lo; ninguém mais aceita desigualdades sociais, a exclusão social e a exploração do homem pelo homem. Da mesma forma, é um sistema contraditório, porque usa a mão-de-obra (única a gerar riqueza) e ao mesmo tempo a descarta para recompor as margens de lucro. Destrutivo, porque não só destrói postos de trabalho, substituindo-os por maquinário, mas também porque aniquila capital concorrente no processo de centralização. É acima de tudo beligerante, pois estimula conflitos e guerras, não só para resolver suas carências de insumos para a indústria de transformação, mas principalmente para recompor e ampliar a demanda agregada. Não obstante, registre-se também a forma destrutiva de como o sistema capitalista vem operando a ampliação de fronteiras de exploração, em especial na área agrícola, onde as principais vítimas têm sido o meio ambiente e as populações tradicionais.
A esquerda parece não avaliar corretamente a grandeza dos interesses que cercam os países não alinhados aos Estados Unidos da América. A mídia internacional continua passando sua visão unilateral alimentando o ódio e o destilando contra dirigentes de países que não se prestam a seguir os mirabolantes programas neoliberais que os Estados Unidos da América do Norte buscam disseminar no resto do mundo.
Não deve haver dúvida sobre os movimentos que o sistema dominante vem realizando em todo o planeta: as articulações para desestabilizar o Oriente Médio; as investidas que vêm sendo feitas na África; os ataques que vêm promovendo na América do Sul, de forma mais acentuada em países como Venezuela e Brasil.
É sabido que o Brasil vem sendo tratado como colônia há muitos anos, em que pese sua independência proclamada em 1822. Para agravar, sua economia tem sido subliminarmente subordinada aos interesses dos Estados Unidos há séculos. Os norte-americanos há muito vêm dispensando um tratamento humilhante à elite brasileira, vista de forma primitiva, atrasada e rudimentar; uma vez que a “inteligência” neoliberal da “burguesia brasileira”, pretensiosa e subserviente, não tem conseguido se impor como dirigente político no país, nem tampouco interrompido a continuidade dos mandatos do Partido dos Trabalhadores no governo federal. Isso somente só foi possível a partir dos préstimos Norte Americanos formando aberrações como Sergio Moro, Michel Temer e Jair Bolsonaro, com o golpe do impeachment da Presidenta Dilma, prisão e impedimento de LULA de participar nas eleições Presidenciais em 2018.
Está absolutamente claro que não interessa ao imperialismo ver o Brasil (7ª Economia do Mundo) influenciando iniciativas em articulações à semelhança das encaminhadas pela Celac, Unasul, Mercosul e Brics, assim como não convém aos Estados Unidos ver seus interesses secundarizados por empresa estatal como a Petrobras. Às nações centrais o interesse por insumos, como o petróleo, tem importância estratégica. Em defesa do controle dessas reservas tem havido guerras, massacres e opressão à nações inteiras.
No Brasil, a inteligência ideológica do capital tem se associado ao Instituto Millennium, criado recentemente e constituído por especialistas formados nas escolas norte-americanas. Uma entidade que conta com apoio de importantes grupos econômicos, entre os quais as maiores empresas de comunicação do país, e trabalha com a promoção e o fortalecimento de valores identificados com a classe patronal e a “livre concorrência”. Sem nenhuma cerimônia intensificou sua posição numa clara declaração de guerra ideológica à política econômica do governo Dilma. Mas fundamentalmente ataca as legítimas organizações dos trabalhadores, seu ideário de classe e seu projeto político.
Mais de quatorze anos de gestão petista, em que pese os avanços na distribuição de renda, a ascensão das classes D e E, a geração de emprego e a redução das desigualdades sociais; não houve alteração no processo de reprodução do capital. Mesmo durante o governo Lula, as medidas econômicas ficaram por conta de uma concepção mais identificada com o neokeynesianismo, assim como numa lógica pautada em políticas compensatórias e em renúncias fiscais, somente possível por conta de uma conjuntura interna favorável que atenuava a adversa situação imposta pela crise econômica internacional. Passado o período de turbulência e acertado os mecanismos macroeconômicos, os países centrais trataram de transferir aos países periféricos o ônus da crise econômica criada por eles. De forma que para o Governo Dilma já não era mais possível colher os mesmos resultados com a política econômica do governo anterior.
No entanto, os defensores da atual ordem econômica, apesar de seu poderoso aparato ideológico, já não conseguem produzir elementos de esperança para a população, em especial à classe trabalhadora. Seu único caminho é de exigir mais sacrifícios dos trabalhadores, convocando-os para contribuírem com a salvação econômica. Trata-se de um modelo econômico anacrônico (neoliberalismo), sem horizonte, tanto para a economia quanto para a população.
Mesmo em crise, o capital não abre um só milímetro em relação aos seus interesses. Só para exemplificar, durante o auge da crise econômica internacional eclodida em 2008 a American International Group (AIG), depois de ver suas ações despencarem de 50 dólares para 12 dólares e receber bilionário apoio financeiro do governo norte-americano (FED – Federal Reserve System), superior a 100 bilhões de dólares (recursos dos contribuintes), apenas um mês depois estava distribuindo dividendos aos acionistas.
Obviamente, o figurino econômico do receituário neoliberal, além de aviltar as condições de vida da população, submete os países subdesenvolvidos aos ditames dos interesses de países centrais. A política insistentemente defendida pelo PSDB/DEM, constituída de recessão econômica, altas de juros, redução dos serviços públicos – agora reforçada pela proposta de precarização das relações de trabalho, através do PL 4330 e reforma trabalhista, pavimenta caminho inaceitável, cujo resultado pode ser sentido pelo arrocho salarial, desemprego, miséria e sobreacumulação de capital. Aliás, esse será o caminho previsto para a Reforma da Previdência Social; com o agravante da transferência de recursos públicos para o sistema financeiro privado; extinção da aposentadoria; fim da saúde pública; impactando de forma mais agressiva trabalhadores rurais e os mais necessitados.
Embora os ataques dos adversários e inimigos sejam persistentes, os últimos governos brasileiros, sob o comando do Partido dos Trabalhadores, ao serem comparados com o resto do mundo apresentam as seguintes realizações, segundo dados do Banco Mundial: o PIB do Brasil passou, em 11 anos, de US$ 504 bilhões em 2002, para US$ 2,2 trilhões em 2013; enquanto nesse mesmo período, o México não chegou a duplicar o seu PIB, passando de US$ 741 bilhões em 2002 para US$ 1,2 trilhão em 2013; os Estados Unidos (USA), em igual período, aumentaram em menos de 80%, de pouco mais de US$ 10 trilhões para quase US$ 18 trilhões. O Brasil devia US$ 40 bilhões ao FMI, em 2014 o país tinha mais de US$ 370 bilhões em reservas internacionais. A dívida líquida pública, que era de 60% do PIB há 15 anos, em 2013 encolheu para 33%. A tão fustigada Petrobras, apesar da crise internacional do petróleo e contínuos ataques da direita, bateu recorde de crescimento em 2014 chegando ao total de 2.863 milhões de barris, frente aos 2.320 milhões de barris em 2013; ou seja, um crescimento de 23,4% no ano. Inclui-se nesse contexto a geração de 20 milhões de novos postos de trabalho no país; deslocamento de 40 milhões de pessoas das classes D e E, além do expressivo aumento do salário mínimo, alcançando R$ 788,00 em 2015, quando em 2002 era de R$ 200,00.
De outra parte, a riqueza de uma dada área, que a princípio fora medida pela quantidade de mercadorias produzidas, atualmente pode se destacar na geração de riqueza sem que se tenha produzido um único bem de consumo ou de capital. Claro que uma economia nessas condições está sujeita a uma série de oscilações. Do ponto de vista macroeconômico poderia se afirmar que o melhor seria o equilíbrio entre os setores. O Brasil de 2013 fechou o ano com o produto interno bruto numa composição possivelmente mais equilibrada: 26% do setor primário; 14% do setor secundário; e 60% do setor terciário. Uma comparação aos países citados no parágrafo acima, nos revelam que os Estados Unidos da América conformam a seguinte situação: 79,6% do setor terciário; 19,2% do setor secundário; 1,2% do setor primário. No caso do México tem-se: 62% do setor terciário; 34% do setor secundário; e 4% do setor primário.
Apesar de informações importantes do ponto de vista macroeconômico, uma vez que se trata de dados permanentemente usados para comparações e para indicadores de desenvolvimento, esconde-se na sua essência elementos que a sociedade capitalista faz questão de continuar permanentemente negligenciando, quais sejam: a mais-valia, a concentração de renda, as relações de trabalho, a qualidade de vida, o meio ambiente. Ainda que se trate de elementos que se interligam, a sociedade burguesa esforça-se para omiti-los frente à perspectiva de possível abordagem, uma vez que a dominação ideológica do capital procura não abrir brechas para questionamentos de sua lógica.
A despeito das contradições do sistema dominante estar permanentemente se expandindo, principalmente em razão da evolução da composição orgânica do capital e da necessidade da contínua e permanente ampliação da mais-valia, o componente ideológico tem agido no sentido de obscurecer esses elementos e sem dúvida futuros contenciosos.
Infelizmente, o tempo histórico, conforme Istiván Meszáros, tem feito vítimas nossas referências revolucionárias, à semelhança de Rosa Luxemburgo, Antônio Gramsci, Ernesto Che Guevara e muitos outros. No entanto, sua marcha mantém-se inexorável e contraditoriamente pavimentando seus caminhos contra as condições destrutivas da ordem social estabelecida. Por mais que o sistema procure reforçar sua superestrutura buscando negligenciar suas contradições, diante da evolução histórica da humanidade, a sociedade do capital mantém as mantém (datada, contraditória e destrutiva) e delas não se livrará. Somente em uma nova sociedade com a completa inversão de seus valores, onde o valor-trabalho conquiste seu real reconhecimento e a noção de qualidade de vida e se livre da obsessão financeira, haverá esperança para o futuro da humanidade.
É impressionante constatar o quanto o sistema dominante procura tornar invisíveis as relações sociais de trabalho, o quanto se inverte juízos relacionados ao valor-trabalho, o quanto a base material é importante na produção de riqueza de uma economia e o quanto se tem inflado a importância do setor terciário. Karl Marx, ao desenvolver sua tese sobre contradição do sistema capitalista, demonstrou que a mais-valia só se materializa quando da realização de mercadorias (sua troca por moeda); uma ação exclusiva do capital variável (mão de obra) sobre o capital constante. No entanto, contraditoriamente, será a substituição da mão de obra que irá proporcionar maiores margens de mais-valia. Ademais, quanto mais cresce o setor improdutivo, maior tem sido a necessidade de ampliação da mais-valia.
Apesar de toda a situação formada pelo crescimento do setor terciário, assim como a postura dos ditos “coxinhas” (termo pejorativo para designar pessoas pertencentes a um grupo social específico), nada justifica qualquer preconceito com os integrantes do setor serviço; todos fazem parte da classe trabalhadora. Portanto, trata-se de seguimento com destino submetido à lógica do capital, cujo futuro não é outro senão a exploração imposta pela classe dominante, em particular no processo de acumulação de capital.
A atual postura de parte desse segmento deve-se a situações circunstanciais, movido por sentimento mesquinho alimentado pela mídia; uma vez que seus interesses não estão sendo ameaçados pela ascensão de pessoas que pertenciam às classes D e E. Nesse mesmo sentido, as pessoas que ascenderam de uma situação precária para a situação de assalariados formais, assim como aqueles que se deslocaram para a condição de empreendedores formalizados, todos eles precisam de reconhecimento do campo ideologicamente identificado com a classe trabalhadora. Mais do que nunca, os organismos pertencentes à classe trabalhadora precisam atrair e incluir esses “novos” trabalhadores (assalariados ou não) para que se somem à luta de classe, permitindo a esses a oportunidade de se engajarem nas lutas sociais, em defesa de uma nova sociedade sob uma hegemonia desvencilhada do domínio ideológico da classe do capital.
Desafio ao tempo histórico
O socialismo do século passado, sob a égide do Internacionalismo Proletário, conforma uma concepção amparada por valores relacionados ao combate à opressão do capital, liberdade social e emancipação da classe trabalhadora. Hoje, em que pese o reconhecimento de renovação tecnológica e o dinamismo econômico visto por Joseph Shumpeter, o esquema de reprodução do capital mantém sua estrutura inflexível e perversa. Em pleno século XXI, quando as teses de Karl Marx mais vinham sendo questionadas, seja pelo aporte de conhecimento científico ou por falta de atualidade, pergunta-se: o que mudou na essência das relações sociais de trabalho e na apropriação de seus resultados?
Por acaso, hoje, a forma de posse dos meios de produção e de seus resultados deixaram de ser privados? A mais-valia deixou de existir? O sistema financeiro abandonou seu caráter parasitário? As novas fronteiras de expansão do capital deixaram de se pautar pela lógica da acumulação primitiva? Claro que não! O que se encorpou foi o tecido ideológico, onde cada vez mais a verdade tem sido camuflada aos olhos das pessoas de senso comum. A rigor, as condições objetivas para uma revolução social estão dadas há décadas. Em recente registro, Istiván Meszáros afirmou: socialismo ou barbárie é cada vez mais atualizado. Isso porque a barbárie em algumas regiões já se instalou há tempos, ou alguém tem dúvidas das condições de vida da população de países como Gana, Guiné-Bissau, Haiti, Iraque ou Líbia, vivendo sob a égide da miséria, insegurança, violência, onde a cada dia o mundo parece desabar sobre si? Nessa linha, pode se citar dezenas e até centenas de regiões onde a situação não tem sido muito diferente, mesmo nos limites de países centrais, como Estados Unidos da América do Norte. Isso sem falar na situação da população excluída, cujo futuro tem sido de desespero e sofrimento; com destaque para a população jovem, sem oportunidade de trabalho, tendo a contravenção, o tráfico, a prostituição e o uso de drogas como alternativas.
Esse tem sido o futuro que o sistema da liberdade de mercado, a dita sociedade da livre concorrência, tem reservado à população. O conhecido padrão neoliberal de acumulação de capital apenas acelera o que o sistema reserva para a humanidade; um mundo em destruição, onde os primeiros a padecer serão os trabalhadores, não obstante o fato de que todos, indistintamente, terão o mesmo destino. Aliás, o sistema lega um futuro já prenunciado há anos por Rosa Luxemburgo: “As coisas chegaram a tal ponto que ante a humanidade apresenta-se hoje a seguinte alternativa: perecer no caos ou encontrar a salvação no socialismo (…) Compreendemos agora a verdade que encerrava a frase, formulada pela primeira vez por Marx e Engels como base para o socialismo na grande carta do nosso movimento, o Manifesto Comunista. O socialismo, disseram, tornar-se-á uma necessidade histórica. O socialismo é inevitável, não só porque os proletários já não estão dispostos a viver sob as condições que lhes impõe a classe capitalista, mas, também, porque se o proletariado não cumprir seus deveres enquanto classe, se não construir o socialismo, afundaremos todos juntos.”
O processo desenvolvido pela ordem dominante não deixa dúvidas sobre o destino das vítimas da acumulação de capital e da sobreacumulação, assim como também não tem complacência com aqueles que claudicam diante da voracidade do sistema. O capitalismo reserva aos trabalhadores um só lugar na sociedade, em que pese as várias denominações atribuídas: o descarte. Também não há outro lugar no capitalismo para empresário que se nega a cumprir sua lógica de reprodução, a não ser a falência, a dor, a humilhação: como afirmam: quem não tem competência que não se estabeleça.
Não bastasse a forma destrutiva de como se expande o sistema dominante, a partir da acumulação e centralização dos meios de produção, o capital estende seus tentáculos sobre todas as atividades do planeta: saúde, educação, saneamento, energia, lazer, entretenimento, meio ambiente. Ultrapassa, portanto, há tempos, os limites da indústria de transformação. Nada escapa à expansão capitalista. Em relação ao meio ambiente tem chamado a atenção, não só porque o capital apropria enormes áreas reservadas à proteção ambiental, como também avança em direção à exploração de recursos naturais, de forma a comprometer a conservação e a proteção do meio ambiente, ampliando o caminho da extração de recursos florestais, faunísticos, incluído o aquático, recursos genéticos; aviltando o patrimônio natural e proscrevendo a sustentabilidade ambiental. Seus métodos avassaladores invadem pelo desmatamento e a queimada, avançando no aquecimento global; isto é, marchando em direção à degradação do planeta.
A rigor não há nenhuma justificativa para se posicionar na defesa de um sistema que nada oferece às populações presentes e futuras. Por que defender um sistema que se reproduz pela exploração de trabalhadores e oprimidos, por via da destruição de seus concorrentes, pelo sacrifício do meio ambiente? Um sistema que acumula na degeneração de valores inatos da população, que valoriza a mesquinharia, a avareza, a hipocrisia e se fixa no comportamento desmesurado de agressão ao ser humano. Esse é o legado que o capital vem deixando para sociedade ditada e dominada pela maximização do lucro, que infelizmente tem encontrado guarida na grande imprensa multinacional (que, aliás, é o centro nefrálgico da burguesia), responsável pelo doloroso papel de estar permanentemente dissimulando. Não existe coisa mais constrangedora do que ver um representante da elite dominante falando de ética e honestidade, uma vez que dispõe de riqueza e posses espalhadas em várias regiões; ações e contas bancárias, marcadamente no exterior. Quando sabemos que ninguém fica rico trabalhando honestamente.
O que leva à defesa desse sistema se não interesses individuais imediatistas e mesquinhos, e o profundo desprezo por trabalhadores, oprimidos e excluídos! Por isso o sistema odeia pessoas que pensam e desnudam essa realidade e sobre estas investem, através da mídia, usando de todos os meios na tentativa de aniquilar qualquer iniciativa que contrarie a ordem. Nessa esteira também se coloca a difamação contra pessoas íntegras, invertendo valores, ao ponto de sangrá-las até a destruição. Sem nenhum prurido, os ideólogos do capital usam de expedientes escatológicos e repulsivos, capazes de tornar as teses de Maquiavel em ideias pueris.
Esse é o sistema dominante, que alimenta a intolerância, da não convivência com os desiguais; uma sociedade hipócrita e corrupta, que não atura a verdade. Exceções à parte, mas, via de regra, os arraigados defensores dessa ordem estimulam o ódio contra as comunidades LGBTs; são homofóbicos, racistas, misóginos e até xenófobos. Infelizmente, esses também são elementos que compõem o corpo filosófico dos idólatras do capital.
Ante ao presente quadro conjuntural, como explicar que esse sistema continue comandando os destinos de pessoas e de países? O que leva populações inteiras a semear ódio contra os que se negam a adotar a escrita do receituário ditado pelos interesses do sistema, contra os que não se submetem à ditadura do capital e contra os que fazem opções diferentes aos padrões veiculados pela propaganda midiática?
Aqui reside o grande desafio da humanidade, cujo conceito prende-se a um só princípio: defesa plena da verdade. Somente a verdade trará à tona os elementos necessários para a construção de uma nova sociedade. Saber distinguir o real do ideológico foi e será tarefa principal de quem se propõe ao desafio de enfrentar o sistema dominante e soerguer a bandeira da justiça social como um valor a ser permanentemente seguido.
É preciso entender que a sociedade capitalista constrói suas referências com base na ideologia, em que as inverdades e as meias verdades dominam o imaginário da população; em que a avareza, o egoísmo e o exacerbado desejo de acumular riqueza pautam o proceder dos ambiciosos. Uma sociedade cujos pilares estão focados na maximização do lucro, no processo contínuo de acumulação de riqueza, no incontido desejo de transferir posses aos herdeiros. Essa é a lógica na qual os meios justificam os fins. O que interessa é o alcance do poder econômico e o domínio das relações sociais. Também é o poder econômico que estimula, cria e massifica o ódio, a intolerância e o rancor, instigando populações inteiras contra os que se opõem ao caminho desastroso ditado pelos interesses do sistema capitalista.
Portanto, nos marcos do capitalismo não há saída para a classe trabalhadora. As crises econômicas, cíclicas ou não, fazem parte do processo de acumulação do capital, gostem ou não os próprios capitalistas. Suas consequências sempre são as mesmas, ônus para classe trabalhadora: desemprego, arrocho salarial e miséria; não obstante, a destruição de concorrentes, com o aumento da centralidade do capital e a eliminação de postos de trabalho.
Os desígnios da revolução socialista não mais constituem exclusividade da classe operária, mas sim, ao conjunto da classe trabalhadora. A base material continua sendo a luta por eliminação da forma privada dos grandes meios de produção e de seus resultados; fim da exploração do homem pelo homem; pela emancipação da classe trabalhadora; eliminação das desigualdades e da exclusão social. Uma sociedade pautada pelo valor-trabalho, na liberdade, assim como na defesa da conservação e preservação do meio ambiente. Cabe às organizações de esquerda, aos partidos comprometidos com a emancipação dos trabalhadores, as entidades de classe, encaminharem tarefas políticas e ideológicas de forma a dar unidade ao conjunto da classe trabalhadora, constituindo-se como amálgama dos diversos ramos de trabalho e acumulando na totalidade classista. Não deixando nunca de cumprir com a soberana tarefa de serem portadores e disseminadores do legado teórico e histórico produzido pelo Internacionalismo Proletário.
Para que as organizações de esquerda voltem a ter credibilidade e resgatem sua condição de organismos identificados com os anseios populares será preciso que reatem sua missão com seu próprio funcionamento, constituindo-se como organismo capaz de não só estar aliados aos legítimos interesses do conjunto dos trabalhadores e oprimidos, mas ser parte destes; colocando-se fundamentalmente no mesmo lado na disputa ideológica que o trabalho e suas organizações movem contra os interesses da classe do capital. O empenho das organizações de esquerda, além de contribuírem na formulação, atualizando estratégias postas a serviço do proletariado, tem o dever de promover a dissecação do seu tempo histórico, assim como pautando questões de natureza sistêmica entre capital/trabalho. Essas organizações só se manterão como ferramentas de luta da causa libertária se forem parte da classe dos oprimidos e se manterem imbricadas com o caminho da emancipação da classe trabalhadora. Não podem de forma alguma se sujeitar à condição de utilitários, nem tampouco transformar as organizações de base e entidades ditas subalternas em correia de transmissão. Estas precisam, acima de tudo, de total independência e autonomia para atuarem de forma soberana, desvencilhadas da influência da ideologia da classe dominante, ligadas aos legítimos interesses da classe trabalhadora.
Nessa mesma esteira, as organizações de esquerda não podem se transformar em instrumentos de interlocução dos trabalhadores, assim como adotar uma postura de mando às organizações de base. Em todas as ocasiões históricas em que foram presenciadas essas situações (desvios) houve constatadas mudanças no seu caráter funcional, entre as quais se destacam: esmaecimento de sua missão estratégica, em razão do desempenho de função alheia ao seu foco; burocratismo, uma vez que garroteiam a introdução de elementos inovadores no processo de atualização nas diferentes formas de lutas e; obviamente, consolidação da apartação entre direção e base. Isso, sem falar no desenvolvimento de concepções pragmáticas entre os autonomizados dirigentes dessas organizações.
Infelizmente, as experiências de transição ao socialismo não conseguiram se completar, vítimas da guerra ideológica movida pelos países centrais, assim como do cerco imposto por potências econômicas. Em grande parte, essas experiências, limitaram-se à propriedade estatal dos meios de produção, constrangendo em muito princípios de democracia e de liberdade da autêntica sociedade socialista.
Nesse sentido, acumular a partir das experiências do Leste Europeu (socialismo real) não parece um legado a ser seguido, visto a relativizada atenção prestada à democracia e ao fato da burocracia criar condição de mando sobre a grande massa proletária. Abandonar o referencial teórico produzido pelo Internacionalismo Proletário conduziria a classe trabalhadora a um beco sem saída. Portanto, nem o culto à personalidade e nem a negação do legado teórico produzido no curso das lutas de classe. A situação recomenda a revisitação aos clássicos do socialismo, assim como também exercício de análise do material produzido por militantes, pensadores adversários da opressão e os que combatem o processo destrutivo comandado pelo capital.
A base para qualquer processo revolucionário parte da compreensão de que a principal contradição na sociedade capitalista foi e tem sido capital/trabalho. Assim sendo, o desafio da esquerda, dos socialistas e do conjunto dos oprimidos será necessariamente a emancipação da classe trabalhadora. Será a libertação da classe trabalhadora do jugo do capital, isso é que irá revogar a sociedade de classes, livrando os oprimidos e o conjunto da sociedade (trabalhadores, excluídos, membros da economia familiar e os próprios capitalistas) do sistema perverso, contraditório e destrutivo, responsável pela desigualdade, o infortúnio e a ignomínia.
Do ponto de vista econômico, a forma privada dos grandes meios de produção constitui-se o pivô central da natureza do sistema capitalista de produção. Um sistema que somente se sustenta em razão da exploração da força de trabalho, a única a produzir mercadoria e riqueza, conformando uma dinâmica de funcionamento responsável pela geração da mais-valia, cuja lógica constitui a parte não remunerada do trabalho e a essência da ideologia da produção e reprodução do sistema capitalista.
Esses são os elementos que precisam ser apartados, negados, revolucionados, na medida em que tanto a forma privada dos grandes meios de produção, quanto à mais-valia precisam ser abolidas. Por isso, o sistema dominante instiga a população a exigir maior produção, mitificando esse mecanismo e o transformando no componente permanentemente agitado, uma vez que necessita continuar alimentando o crescimento do volume agregado da mais-valia.
Um novo sistema tem que substituir o velho e entorpecido sistema capitalista, no qual o valor-trabalho tenha seu real reconhecimento e a democracia seja plena, com garantia de universalização das condições de acesso a bens e serviços; um sistema em que qualidades inatas aos seres humanos sejam orgulhosamente resgatadas e cultivadas. O sistema que habita nossa consciência requer uma sociedade justa, fraterna e solidária, na qual a liberdade ganhe primazia na convivência pessoal e entre grupos sociais e que se tenha a garantia de que a democracia esteja subordinada aos legítimos interesses da classe trabalhadora. Uma nova sociedade com ampla independência de manifestação e fundada no direito de ser diferente, amparada e resguardada pela igualdade de condições sociais e econômicas. A noção de riqueza precisa estar baseada em valores relacionados à qualidade de vida, desapegada da avareza; onde a felicidade ganhe uma dimensão integral, promovendo dignidade e probidade para todos e todas cidadãos e cidadãs.
Apesar de reconhecer que a evolução da ordem vigente engendra contradições que, sob a lógica do sistema capitalista, jamais serão resolvidas; é preciso perceber a inexorabilidade do caminho revolucionário que a humanidade terá que enfrentar. No entanto, não se trata de um processo que será levado sem despertar a ira da classe patronal. O desespero que já começa a tomar conta da ordem dominante, visto que o próprio modelo neoliberal já não responde mais pelas atuais necessidades de reprodução do capital e muito menos pela possibilidade de atender aos interesses da classe oprimida. As falsas ilusões têm sido descortinadas, uma vez que o sistema não reserva outro futuro se não o de exploração da classe trabalhadora, depleção dos recursos naturais e de destruição da dignidade humana. Tanto é verdade que o uso da força tem substituído com muita frequência os mecanismos ideológicos (apesar do gigantismo da superestrutura), assim como seus ataques têm sido pessoais, pusilânimes e rebaixados, com vista a desviar a atenção sobre a essência dos limites e das contradições do próprio sistema vigente.
Frente a uma conjuntura como essa, não se deve ter nenhuma dúvida sobre a tendência terminal do sistema dominante; corroboram com esse sentimento o comportamento de desespero de seus representantes diante do processo revolucionário de transformação social que já se inicia. Prova disso é a falência do atual padrão de acumulação de capital (neoliberalismo). Soma-se a essa compreensão o fato de que recorrentemente se tem mobilizando e utilizando métodos sórdidos contra as legítimas lideranças, açulando segmentos retrógrados e despolitizados em oposição às legítimas organizações da classe trabalhadora; ao tempo que instigam a extrema direita como força auxiliar para que ataquem os oprimidos. Não há dúvida de que continuarão lançando mão, sem nenhum constrangimento, do apoio externo para obstar os avanços das legítimas organizações dos trabalhadores. Assim como não hesitarão a usar métodos repugnantes, se possível for, para provocar uma situação de terra-arrasada ante a possibilidade de perda do poder para a classe trabalhadora.
Diante de uma conjuntura como essa, nesses umbrais do século XXI, não tem sido outro o intuito da oposição de direita se não o de desqualificar o ideário classista. No entanto, frente à finitude dos recursos naturais e o impacto destrutivo promovido pela atual ordem econômica, o caminho da liberdade, da emancipação, pautado em um novo sistema econômica de concepção não capitalista, trilhado por autênticas forças sociais, tem sido o único caminho que reserva futuro e esperança para a humanidade.
Registre-se, mais uma vez, que essa não é uma tarefa a ser realizada por ação vanguardista, à revelia das massas, nem tampouco sem acúmulo de força da classe trabalhadora, mas um processo construído por trabalhadores e trabalhadoras, oprimidos (as), num ambiente de permanente disputa de correlação de forças, onde se possa estar promovendo sucessivas rupturas com a ordem do capital, derrotando suas ideias e se sobrepondo à sua ideologia, numa jornada de trabalho e de luta que avance pondo por terra as fantasias e as ilusões que o sistema pretende perpetuar a todo custo. Uma caminhada que precisa ser pavimentada pela verdade, removendo obstáculos e garantindo mutações sociais necessárias para dar celeridade à construção de uma nova sociedade livre, justa e democrática – a sociedade socialista.
Chico Machado é membro do Diretório Regional – PT/DF
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