Vítimas da Ditadura acionam Justiça contra Bolsonaro por celebrar o Golpe

Jair determinou que as Forças Armadas comemorem o Golpe de 1964, que deu início ao regime militar, responsável por casos de assassinatos e torturas no Brasil

Festejar a Ditadura, como pretende Jair Bolsonaro (PSL), é uma crueldade com a memória daqueles que morreram nos anos de repressão e com a vida de quem conseguiu sobreviver. É imoral, ilegal, incompatível com a democracia e com o cargo de Presidente. É o que alegam uma ação popular e um mandado de segurança impetrados, nesta quarta-feira (27) por vítimas do regime e seus familiares. O primeiro será analisado pele Justiça de São Paulo, enquanto que o segundo tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Uma das autoras do processo é a historiadora Janaína Teles. Aos cinco anos, ela foi levada para um prisão com os pais e viu os dois serem torturados até a morte por Carlos Brilhante Ustra – ídolo de Bolsonaro. Ela acredita que “estamos retrocedendo a 1964 e, por isso, é preciso tomar uma atitude, conforme disse em entrevista ao jornal O Globo.

Também autora da ação, Tatiana Merlino, publicou uma nota afirmando que, mais uma vez, sentiu-se “vítima do Estado”. E destaca o desacato de Bolsonaro que “há apenas 90 dias jurou respeitar a Constituição Brasileira”.

O processo também é assinado pelo Instituto Vladmir Herzog, formado por familiares do jornalista que virou um dos símbolos da perseguição contra jornalistas durante o período ditatorial.

Em 24 de outubro de 1975 ele foi chamado para prestar esclarecimentos no DOI-COD, onde ficou detido. No dia seguinte, foi encontrado morto dentro de sua cela e a Justiça Militar alegou que ele havia cometido suicídio. No entanto, laudos da perícia e relatos de outros presos indicavam que, naquela madrugada, Herzog foi torturado até a morte.

Ano passado, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado brasileiro por não investigar, julgar e punir os responsáveis pela tortura e assassinato do jornalista.

Jair Bolsonaro demonstrou, mais uma vez, seu total desprezo pelos Direitos Humanos e desrespeito com as vidas de Janaína Teles, Vladmir Herzog, Dilma Rousseff e tantas outras vítimas de um período cruel da nossa história. Na segunda-feira (25), ele determinou que as Forças Armadas comemorem o Golpe Militar de 1964.

No dia 01 de abril daquele ano, o Exército destituiu o então presidente João Goulart, tido como um político de esquerda, sob o pretexto de acabar com a ameaça do comunismo. A partir dessa data, foram 21 anos de um regime sanguinário, que deixou mais de cem mortos e desaparecidos no Brasil.

Da Redação da Agência PT de Notícias com informações de O Globo

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