Sebastián Piñera disse que declarações de Jair “são tremendamente infelizes”, ao comentar placa no gabinete do então deputado sobre desaparecidos na ditadura militar
O presidente Chile, Sebastián Piñera, criticou as declarações de Jair Bolsonaro (PSL) em apoio às ditaduras militares da América Latina. O mandatário chileno participou de um programa de TV no fim de semana, logo após a visita de Jair, e comentou a placa com a frase – “quem procura osso é cachorro” – que Bolsonaro mantinha na porta do gabinete da Câmara quando era deputado federal, e ironizava à busca de restos mortais de desaparecidos na guerrilha do Araguaia durante a ditadura militar.
“São tremendamente infelizes. Não compartilho muito do que Bolsonaro diz sobre o tema”, disse Piñera ao ser questionado, segundo o Poder360. Justamente por conta do apoio de Bolsonaro à tortura e assassinatos, grupos de direitos humanos, estudantes e feministas fizeram manifestações em Santiago para exigir que Bolsonaro deixasse o Chile.
Os protestos duraram os três dias da visita de Jair ao Chile. As primeiras manifestações aconteceram na sexta-feira (22), em um local conhecido como Paseo Bulnes – palco de mobilizações históricas na capital Santiago. Os atos políticos em repúdio à presença do político brasileiro terminaram no domingo (24), às 15h, com o ato Por el Derecho a Vivir en Paz (Pelo Direito a Viver em Paz).
O principal motivo da indignação da população local são as declarações elogiosas de Bolsonaro e sua equipe – Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni – sobre o ditador Augusto Pinochet, que comandou o país de 1973 a 1990 e foi responsável pelo assassinato de cerca de 40 mil opositores.
Bolsonaro persona non grata no Chile
Por conta dos elogios de Jair ao ditador chileno Pinochet, o presidente do Senado chileno, Jaime Quintana Leal, se recusou a participar de um almoço com o mandatário brasileiro e disse: “admiradores de Pinochet não são bem-vindos no Chile”. Já o partido Frente Amplio, por meio de uma ação promovida pelas deputadas Claudia Mix e Camila Rojas, entrou com um pedido no parlamento para que Bolsonaro fosse declarado persona non grata no Chile. O termo é usado para dizer que uma pessoa não é bem-vinda em determinado local. Conforme a Convenção de Viena, de 1961, se um enviado estrangeiro for taxado dessa forma pelo governo local, deve receber um prazo “razoável” para deixar o país.
Em comunicado oficial, o Frente Amplio explicou que “Bolsonaro não só tem feito apologia à tortura, por meio de seus discursos de ódio, incitando a violência e a discriminação, como busca um retrocesso de décadas de conquistas sociais. As medidas promovidas por seu governo atingem diretamente milhares de mulheres, a comunidade LGTBIQ, os idosos e as comunidades de povos originários”.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Poder360
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