Os 40 anos de luta do Sindicato dos Professores do DF foram homenageados, nesta segunda-feira (18), em sessão solene realizada na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Durante o evento, professores, representantes de entidades ligadas à educação, movimentos sociais, parlamentares, entre outros, debateram a importância de lutar por uma educação pública gratuita e de qualidade, pela valorização dos professores e sobre o combate à agenda de retrocessos imposta pelo governo de Jair Bolsonaro e também pelo governo de Ibaneis Rocha.
A reforma da Previdência que afetará diretamente os professores e as professoras foi assunto de amplo debate durante a sessão solene. A deputada distrital Arlete Sampaio, autora do pedido de realização da homenagem, defendeu uma união de forças para derrotar a proposta do governo Bolsonaro.
“Precisamos ter força para derrotar essa Reforma da Previdência e para que a gente possa retomar o Brasil para um processo democrático e participativo”, finalizou Arlete.
O deputado distrital Chico Vigilante (PT) diz ser “inaceitável” a reforma da Previdência que o governo de Bolsonaro quer implementar. “Os educadores, os trabalhadores de todas as categorias da educação têm uma tarefa muito árdua pela frente: combater a Reforma da Previdência. É inaceitável o que estão querendo fazer”.
A história de luta do Sindicato dos Professores do Distrito Federal foi relembrada por diversas pessoas durante a sessão solene em homenagem aos 40 anos de luta do sindicato. A deputada federal Érika Kokay reforçou a importância do Sinpro e das lutas por uma educação pública e de qualidade.
“O Sinpro sempre esteve na luta pela construção de uma sociedade mais justa e mais igualitária. Esse ano, o Sinpro faz 40 anos e faz parte das nossas histórias”, lembrou Érika Kokay.
A deputada federal alertou para a tentativa de governos neoliberais de naturalizar a barbárie. “Homenagear o Sinpro significa homenagear a educação, a liberdade e essa entidade que está nas nossas vidas e que nunca se curvou. São esses seres que educam que sabem o valor da liberdade”, afirmou.
A força para a luta do Sinpro está, especialmente, dentro das escolas. De acordo com Rosilene Corrêa, diretora do sindicato, essa capacidade de organização também acontece e fortalece a luta, pois o sindicato mobiliza além da própria categoria de educadores.
No entanto, a diretora do Sinpro alertou para as tentativas de criminalização da educação de forma semelhante à criminalização da política. Um exemplo disso é a tentativa de acabar com a contribuição sindical e asfixiar financeiramente os sindicatos.
“Nós estamos vivendo um momento que chama atenção para o zelo e o cuidado que temos que ter com as nossas entidades. Sabemos muito bem da tentativa de criminalizar, transformar tudo que tem a ver com a política como algo que a sociedade tem que combater”.
Figura histórica do movimento, o professor Olímpio Gonçalves relembrou as lutas da categoria e a ditadura militar. “É importante continuar a luta, apesar de todas as ameaças deste governo que impõe condições mais difíceis para os sindicatos”.
Também presente na audiência pública, o deputado distrital Leandro Grass (Rede) se colocou à disposição da luta em defesa da educação pública de qualidade. “Uma sociedade que não valoriza o professor, ela não se valoriza. Nós estamos aqui para apoiar todas as causas que possam garantir a educação pública de qualidade”.
“Continuaremos a luta que será mais difícil ainda nos anos que se aproximam”, alertou o deputado, professor e sindicalizado do Sinpro, Reginaldo Veras (PDT)
NÃO À MILITARIZAÇÃO
Educação pública de qualidade não passa pelo caminho da militarização. Essa é a avaliação da deputada distrital Arlete Sampaio. “Não é possível pensar em educação pública de qualidade implementando militarização que exclui crianças que não vão se adaptar ao novo regime proposto”. Para a deputada, é importante discutir o reforço do batalhão escolar e não a militarização das escolas.
“Já temos elementos que mostram a falácia dessa proposta (da militarização)”. A deputada ainda relembrou a tragédia da escola em Suzano, São Paulo, na última semana, em que 10 pessoas foram mortas após um ataque.
“Acabamos de assistir o desastre que foi Suzano e a preocupação dos professores com as ameaças. Essas coisas começam a se difundir porque temos um presidente que ensina as pessoas a fazer sinal de armas com a mão”, disse Arlete, referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro, que inclusive decretou, como uma das primeiras medidas assim que assumiu o governo, a ampliação e facilitação do acesso às armas.
O deputado distrital Fábio Felix (PSOL) reforçou que a militarização foi colocada em prática com base em uma farsa técnica. “Nós estamos aqui lutando contra esse modelo de militarização das escolas. Nós precisamos enfrentar esse modelo que já é a materialização da escola com partido. Precisamos também lutar pelo passe livre”, disse.
Enquanto há um consenso sobre a falácia e sobre a real efetividade da militarização das escolas, também há unanimidade sobre a importância da valorização dos profissionais da educação. “Nós queremos trabalhadores e trabalhadoras da educação com salário bom, valorizados e respeitados, afinal somos nós que estamos na escola construindo o futuro do País”, cobrou Denivaldo Alves, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Escolas Públicas do DF.
LULA LIVRE
O debate sobre a liberdade e pelo fim da tentativa de amordaçar os professores levou à discussão sobre a urgência, cada vez maior, da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Lula está preso na tentativa que eles têm de calar a nossa boca, de militarizar o brasil. Não é por acaso. Cabe a cada um de nós enfrentar essa batalha, fazer esse combate, inclusive enfrentando os nossos próprios colegas que estão nas escolas iludidos, amedrontados, como no caso da militarização”, alertou Rosilene.
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