Ministro da Economia de Bolsonaro também falou sobre a proposta de reforma da Previdência e demonstrou não se importar com as consequências aos mais pobres
Dando início à ofensiva para aprovar o pacote de maldades da proposta enviada ao Congresso para a Reforma da Previdência, o superministro da Economia, Paulo Guedes, deu uma longa entrevista a Adriana Fernandes, José Fucs e Renata Agostini, na edição deste domingo (10) do jornal O Estado de São Paulo, e afirmou que as promessas de campanha, que deram vitória a Jair Bolsonaro (PSL), serão impostas.
“O presidente ganhou a eleição dizendo ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos’ e o Paulo Guedes dizendo que vai privatizar. Foi essa agenda que ganhou a eleição”, disse Guedes, ao comentar a declaração de Bolsonaro, de que a democracia depende dos militares.
Seguindo a cartilha da escola neoliberal de Chicago, onde estudou, Guedes foi enfático ao dizer duas vezes que “gostaria de vender tudo”, em relação às privatizações.
“De novo, eu gostaria de vender tudo e reduzir dívida. Agora, quem tem voto não sou eu, é o presidente. Aí ele diz: “Não vai vender a Petrobrás, não vai vender o Banco do Brasil…”
Em relação às maldades anexas na proposta da Reforma da Previdência, em especial à redução do Benefício de Prestação Continuada (BPC) – benefício de um salário mínimo que seria reduzido a R$ 400, pago a idosos e deficientes em situação de miserabilidade -, Guedes demonstrou frieza e disse que a reforma tem que resultar na economia de R$ 1 trilhão, independentemente de onde venha.
“A economia de R$ 1 trilhão é o piso. A reforma tem duas dimensões importantes. Quer reduzir a idade mínima das mulheres para 60 anos? A economia cai R$ 100 bilhões. Se cair a idade mínima das mulheres, não poderá mexer nas regras do rural, no BPC (Benefício de Prestação Continuada, pago a idosos de baixa renda). Se quer reduzir a idade da mulher, tira do militar. Se quer dar para o militar, tira do rural. No total, tem de dar R$ 1 trilhão”, ameaçou.
Segundo as contas do governo, divulgadas por ele, faltam 48 votos na Câmara para a aprovação da proposta e, embora aja negociação de barganha, Guedes nega a troca de vota por cargo. “O que não é normal é o parlamentar falar ‘me dá um cargo aí porque quero pegar um dinheiro para mim’. Agora, pedir dinheiro para educação, para fazer saneamento, esgoto nas comunidades, é absolutamente normal”.
Nova e velha política
Peça-chave do governo de Bolsonaro, que está há quase 30 anos nos corredores de Brasília, Paulo Guedes disse ainda que a velha “ política está na cadeia e está perdendo eleição” e que o governo atual se sustenta em uma “nova” política, descrita por ele em “dois novos eixos”.
“O eixo era compra de voto mercenário no varejo e ele se esfacelou com a Lava Jato. Agora, são dois novos eixos. O primeiro é temático, que foi muito explorado na campanha: bons costumes, família, segurança. O lado de lá fala que o presidente está distribuindo vídeo pornográfico. O lado de cá diz que o presidente está dizendo à tribo dele que continua atento aos costumes e à turma que usa dinheiro público para expressar “arte”. É uma disputa temática válida. Ele está mobilizando os temas que aqueceram sua campanha”.
Por Revista Fórum
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