Privatização da CEB vai gerar conta de luz mais cara, demissão e piora do serviço

Na semana passada o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que iniciou os estudos para privatizar a CEB (Companhia Energética de Brasília). Como justificativa, ele alega uma dívida de R$ 1 bilhão da empresa. Entretanto, a cifra é questionada pelo Sindicato dos Urbanitários (Stiu-DF). A entidade sindical afirma ainda que a privatização vai apenas aprofundar os atuais problemas da CEB e que existe uma lei capaz de sanar o débito da CEB.

“Pelo balanço oficial de 2017, essa dívida da CEB girava em torno de R$ 500 milhões. O balanço de 2018 ainda não foi publicado. Mas, de lá pra cá, a gente acredita que essa dívida reduziu e deve estar hoje em cerca de R$ 450 milhões”, afirma Alairton Gomes de Faria, dirigente do STIU-DF.

Além de o débito da CEB ser quase metade do que o anunciado pelo GDF, a lei distrital 5577/2015 permite que a empresa receba pelo menos R$ 675 milhões com a venda de participação acionária em cinco empreendimentos nas regiões Centro-Oeste e Norte.

“Esses recursos seriam direcionados para a CEB distribuição. Todo processo burocrático de vendas foi vencido e, depois de todas as etapas, a diretoria da empresa simplesmente não aplicou a lei”, afirma Alairton de Faria.

Privatização é cilada

A privatização da CEB é apresentada pelo governador Ibaneis como uma fórmula mágica para os problemas da empresa. Entretanto, não é isso que exemplos de estados vizinhos ao DF mostram.

Em 2016, a Companhia Energética de Goiás (Celg) foi vendida para a empresa italiana Enel pela bagatela de R$ 2,1 bilhões. Resultado: conta de luz 20% mais cara, mais de 800 trabalhadores da empresa demitidos e o aumento exponencial de apagões no estado goiano.

“O que a gente vê com a privatização é a precarização do serviço à população. Eles demitem os trabalhadores que estão na empresa há muito tempo e conhecem bem o trabalho, para contratar pessoas novas, sem qualificação e com salários baixos. E com isso precarizam o atendimento. E é isso que a gente não quer aqui para o DF”, afirma o dirigente do STIU-DF, Alairton Gomes de Faria.

Qualidade no atendimento

O argumento de queda na oferta dos serviços da CEB para poder privatizar a empresa é desmentido pela própria ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). Segundo a agência reguladora, atualmente os Indicadores Coletivos de Continuidade (DEC – Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora e FEC – Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) da CEB são o 9º melhor do Brasil e o primeiro no ranking da Região Centro-Oeste.

“É claro que em período chuvoso as ocorrências de queda de energia são mais frequentes, já que ocorrem temporais, caem árvores nas redes de energia elétrica. Com isso, a demanda aumenta. E, hoje, a CEB tem um quadro muito enxuto. Brasília tem cerca de 1,3 milhões de unidades consumidoras. E temos cerca de 850 trabalhadores do quadro na empresa. Desses, metade trabalha na área técnica, que faz os atendimentos à população. Há sim um quantitativo de terceirizados para ajudar no atendimento, mas ainda é insuficiente”, destaca o dirigente sindical Alairton Faria.

Fonte: CUT Brasília

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