Contra vontade do povo, Bolsonaro vai privatizar mais de 130 estatais

Secretário de desestatização do governo quer manter sob controle do Estado somente Petrobras, Banco do Brasil e Caixa; maioria dos brasileiros rejeita venda de empresas públicas

Ainda que insista em manter o discurso de campanha, cujo lema é “Brasil acima de tudo”, Jair Bolsonaro dá a cada dia mais provas de que seu governo atenderá aos interesses do mercado externo. Prova incontestável de sua postura entreguista está na insistência em colocar à venda mais de 130 estatais, conforme comprovou o secretário de Desestatização e Desinvestimentos, Salim Mattar, em entrevista nesta terça-feira (29).

Ao todo, o Brasil possui 138 empresas federais e apenas a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal deverão ser preservadas pelo governo radical. No caso das duas primeiras, no entanto, Mattar declarou na mesma entrevista que deve vender a maior parte de suas subsidiárias, o que, na prática, é o mesmo que privatizar.

A justificativa oficial é tentar arrecadar o máximo de caixa e abater a astronômica dívida pública do país, o que atende basicamente aos interesses do sistema financeiro. Mas basta resgatar o que o próprio Bolsonaro já disse sobre estatais para constatar que sua intenção, na verdade, é ceder o patrimônio público ao capital estrangeiro e enfraquecer empresas estratégicas como o BNDES para legitimar a privatização.

O argumento financeiro, no entanto, não cola já que nesta quarta (30) a Petrobrás fechou a venda da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, para a americana Chevron, por US$ 562 milhões (R$ 2,1 bilhões). O problema é que a refinaria havia custado aos cofres da petroleira nacional mais que o dobro: US$ 1,2 bilhão (R$ 4,4 bilhões).

Mais do que despreparo, o governo atual também tem demonstrado que não dá a mínima para a opinião pública. Não custa lembrar a pergunta feita pelo Datafolha no dia 5 de janeiro: “O governo deve privatizar, ou seja, vender para empresas privadas, o maior número possível de estatais?”. A resposta foi aguda: 60% disseram que discordam da política de privatizações.

Quem é o privatizador
O empresário Salim Mattar, titular da recém-criada Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento, vinculada ao ministério daEconomia, foi o quarto maior financiador de campanhas eleitorais nas eleições de 2018, segundos dados do Tribunal Superior Eleitoral.

O secretário de Paulo Guedes, repassou R$ 2,92 milhões a 28 candidaturas nas eleições de 2018, entre elas, o atual ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, que se elegeu deputado federal pelo Democratas (DEM) e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Da Redação da Agência PT de Notícias

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