Todos os dias surge no mercado da estética uma nova cirurgia para que homens e mulheres se enquadrem em padrões cada vez mais bizarros. Entretanto, elas ou eles que não se identificam com o gênero biológico atribuído e não se vêem pertencentes ao próprio corpo são discriminadas/os e mortas/os todos os dias.
A falta de respeito, a intolerância e a ignorância sobre o tema colocam o Brasil no ranking dos países com mais registros de homicídios contra transgêneros: aproximadamente 860 por ano, de acordo com a Organização Não Governamental Transgeder Europe, em 2016. E na contramão dessa conjuntura assustadora, é realizado em 29 de janeiro o Dia da Visibilidade Trans.
A pauta das pessoas trans é simples: direito à saúde, educação, lazer, emprego, a constituir uma família. Temas reivindicados por todos os seres humanos, mas que parecem estar a cada dia mais distantes de serem garantidos, principalmente pelas pessoas trans, emperrados por discursos reacionários e de ódio.
Para o secretário de Políticas Sociais da CUT Brasília, Yuri Soares, o dia 29 de janeiro é um importante momento para reflexão e quebra de tabus acerca do tema. “Nesse momento em que a sociedade recua ao conservadorismo, é de suma importância compreender as especificidades dessa parcela tão oprimida da sociedade. Trata-se de um grupo que sofre com preconceito e violência diária, além da falta de oportunidades no mercado de trabalho. Por isso, precisamos dar visibilidade e lutar efetivamente para garantir respeito e oportunidades às pessoas trans”, avaliou.
No DF, a programação do Dia da Visibilidade Trans começou na sexta-feira (25) e vai até o dia 8 de fevereiro. Estão programados atos, debates, audiência pública e uma série de outras atividades que envolvem organizações políticas, a Organização das Nações Unidas (ONU), a Universidade de Brasília (UnB), a Defensoria Pública e uma série de outros atores e atrizes. Veja a programação completa no fim da matéria.
Mercado de trabalho
Impossibilitadas de acessarem seus próprios direitos, as pessoas trans ficam sujeitas à vulnerabilidade e, por falta de oportunidades no mercado de trabalho e frente à ineficiência do Estado, a maioria recorre à prostituição como forma de sobrevivência. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) estima que 90% das pessoas trans recorrem a essa profissão em algum momento da vida.
Um levantamento da Rede Nacional de Pessoas Trans (RedeTrans) mostra que 82% das mulheres transexuais e travestis abandonam o ensino médio entre os 14 e os 18 anos. As principais hipóteses levantadas pela pesquisa para justificar o abandono são a discriminação na escola e a falta de apoio familiar.
Sem uma legislação específica que os ampare e garanta espaço, as/os transexuais dependem de iniciativas pontuais por parte de algumas empresas. Como essas ações são quase inexistentes, um grupo de transexuais criou, em 2013, o Portal TransEmpregos. A iniciativa é o mais antigo projeto de empregabilidade para pessoas transgêneras no Brasil e conta com mais de 100 empresas parceiras.
Transexualidade não é doença
Até pouco tempo, pessoas que não se identificavam com o gênero atribuído ao nascer eram consideradas doentes mentais. Após muita peleja e inúmeras reivindicações da comunidade LGBTQ, em meados de 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de reconhecer a transexualidade como um transtorno mental.
Programação Dia da Visibilidade Trans no DF
29/01: Ato de Rua “Nossa ideologia é o respeito”
Organização: Movimento Trans
Horário: das 9h às 20h
Local: Rodoviária do Plano Piloto
30/01: Ato contra a transfobia “Se plantarmos respeito, colheremos mais amor”
Organização: CODIV/SUBDH/SEJUS
Local: Parque da Cidade, estacionamento 11
Horário: das 10h às 12h
30/01: Transcidadania
Organização: Defensoria Pública do DF e Instituto Ipê
Local: SCN Quadra 01
Horário: das 15h às 18h
31/01: Ato em defesa do Ambulatório Trans
Local: 508/509 Sul
Organização: Ambulatório Trans
Horário: 13h30
01/02: Ato “Somos Nós a Resistência!”
Organização: CREAS da Diversidade e Grupo Mães pela Diversidade
Local: CREAS /SGAS II St. de Grandes Áreas Sul 615
Horário: das 14h às 18h
02/02: Curso “Desconstruindo Preconceitos”
Organização: CODIV/SUBDH/SEJUS
Local: CEU das Artes / QNM 28 da Ceilândia
Horário: 9h30 às 12h
02/02: Sarau da Visibilidade Trans
Organização: Rede Nacional de Adolescentes LGBT e Instituto LGBT+
Local: Casa de Cultura da América Latina/UnB SCS quadra 04
05/02: III Solenidade em Homenagem às Pessoas Trans
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