Reportagem da Folha obteve relatos e documentos que mostram como o nome e CPF de idosos foi usado de maneira fraudulenta para permitir envios em massa
O esquema milionário e ilegal utilizado a favor de Jair Bolsonaro contra o PT, por meio do WhatsApp, ganhou um novo capítulo. Uma reportagem da Folha publicada neste domingo (2) revelou que uma rede de empresas usou de maneira fraudulenta o nome e CPF de idosos para registrar chips de celular e garantir o disparo em massa de mensagens.
A produtora responsável pela campanha de Bolsonaro em mídias digitais, AM4, é uma das envolvidas, por meio da subcontratada Yacows, que já havia sido apontada como responsável por disparos em massa.
Na época que a história veio à tona, ainda em outubro, o WhatsApp bloqueou contas ligadas a quatro agências de mídia por fazerem disparos em massa: Quickmobile, Croc Services e SMS Market, além da Yacows, que atuava de maneira coligada com a Deep Marketing e Kiplix.
De acordo com o relato de um ex-funcionário que acionou a Justiça do Trabalho, as empresas cadastraram celulares com nomes, CPFs e datas de nascimento de pessoas que ignoravam o uso de seus dados. A reportagem recebeu uma relação de 10 mil nomes de pessoas nascidas de 1932 a 1953 (de 65 a 86 anos) que era distribuída pela Yacows aos operadores de disparos de mensagens.
Pela lei atual, é necessário ter um CPF cadastrado para cada chip de celular, e a agência necessitava de um grande volume de chips pois o WhatsApp trava números que enviam grandes quantidades de mensagens.
Depois que eram ativados, os chips eram usados em plataformas de disparos em massa no WhatsApp. “Cerca de 99% do que fazíamos eram campanhas políticas e 1% era para a Jequiti [marca de cosméticos]”, disse o ex-funcionário.
Conversas de WhatsApp também indicam outras práticas irregulares, como o uso de robôs para disparos em massa.
Entre os candidatos que se utilizaram das agências envolvidas na investigação, além de Bolsonaro, está Maurren Maggi (PSB), Edmir Chedid (DEM-SP) e João Leite (PSDB-MG).
O TSE afirmou que a Yacows integra o polo passivo de uma ação cautelar e é investigada em outro processo.
Da redação da Agência PT de notícias, com informações da Folha
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