Bolsonaro mente e ignora a realidade quando chama de ‘escravidão’ o acordo firmado entre o Brasil, Cuba e a OMS para levar saúde às regiões mais carentes do país
Jair Bolsonaro diz que uma das razões de sua guerra pelo fim dos Mais Médicos é a remuneração dos profissionais vindos de Cuba. Ele e os seus consideram “escravidão” o acordo firmado com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Mas em termos de renda líquida, os cubanos ganham mais que brasileiros que fazem o mesmo trabalho via planos de saúde.
É só fazer as contas. O repasse médio de uma consulta por convênio é de 90 reais, segundo dados da Associação Paulista de Medicina. Estima-se que cerca de 50% delas gerem retorno, mas os planos não pagam por essa modalidade.
Se o clínico atende dez consultas de 30 minutos num expediente de 5 horas (descontando os retornos), recebe 900 reais brutos por dia – um total bruto de R$18.900 em 21 dias úteis. Cerca de 14.000, descontado os impostos.
Se subtrairmos também os custos com o aluguel de uma sala de 40m², uma recepcionista, um auxiliar de enfermagem e os gastos variáveis para que a clínica funcione, sobra todo mês o equivalente a R$3.200.
Aluguel e condomínio R$ 1.950,00
Recepcionista e auxiliar de enfermagem (+encargos) R$ 5.687,00
Contabilidade R$ 500,00
Gastos variáveis (IPTU, água, luz, telefone, custos operacionais e etc.) R$ 2.000,00
TOTAL R$ 10.137,00
Fontes: Fipezap, LoveMondays e Associação Paulista de Medicina
O Brasil paga à Opas uma bolsa cotada atualmente em R$ 11.865,60. A organização envia todo o valor ao governo cubano, que repassa aos médicos o equivalente a R$3.460 reais, segundo dados do próprio Ministério da Saúde.
Moradia, transporte e alimentação são bancados pela prefeitura da cidade onde o médico atua. Já os que atuam em áreas indígenas recebem mais R$2.750 de ajuda de custo.
Moradia Alimentação Transporte
Médico cubano R$ 3400,00 Sim Sim Sim
Médico de convênio R$ 3260,00 Não Não Não
Médico residente R$ 3330,00 Sim Não Não
Fontes: Ministério da Saúde/Associação Paulista de Medicina/MEC
Cerca de 8.500 profissionais cubanos devem deixar o Brasil – quase metade de todo o contingente do Mais Médicos. Especialistas calculam que 24 milhões de pessoas podem ficar sem médico se nada for feito para suprir a demanda.
A formação cubana é sanitarista, voltada para a saúde pública e à prevenção – é por isso que o Mais Médicos reduziu internações e as despesas com saúde. Eles prestam serviço atualmente em 67 países.
Diferente dos brasileiros escalados pelo programa, os cubanos estão aqui em missão humanitária – seus empregos em Cuba e 100% do salário e benefícios sociais no país são mantidos. E a ilha financia 100% da formação desses doutores.
Bolsonaro coloca em risco a saúde de milhões de brasileiros por puro de preconceito, mentiras e birra ideológica. Nem parece o mesmo que defende que o trabalhador terá que escolher entre direitos e emprego.
Da Redação Agência PT de Notíciasclínica funcione, sobra todo mês o equivalente a R$3.200.
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