Roberto Castello Branco, escolhido como futuro presidente da Petrobras, é defensor da venda das atividades de refino e distribuição da estatal
Anunciado como futuro presidente da Petrobras nesta segunda-feira (19), o economista Roberto Castello Branco é um notório defensor da venda quase irrestrita da estatal. Em artigos publicados entre maio e junho de 2018, ele já defendeu com todas as letras a privatização das atividades referentes ao refino e distribuição, afirmando que a medida seria urgente.
Escolhido por Paulo Guedes – a cabeça responsável pelas decisões econômicas do governo Bolsonaro – Castello Branco irá substituir Ivan de Souza Monteiro no comando da estatal a partir do dia 1º de janeiro, mas deve dar continuidade às políticas entreguistas de Michel Temer. Vale ressaltar que, assim como Guedes, o novo presidente da estatal tem passagem pela Escola de Chicago, conhecida por formar agentes do neoliberalismo.
Segundo o diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep), William Nozaki, a nomeação mostra que a ala privatista vem saindo vitoriosa das disputas internas na transição do governo Bolsonaro, o que pode trazer consequências negativas para a população.
Nozaki acredita que a Petrobras pode se tornar uma mera exportadora de óleo cru, o que, com as crescentes tensões entre países produtores de petróleo, o preço de derivados como gasolina e óleo diesel ficará ainda mais volátil, mudando ao sabor da geopolítica. Em resumo, “deve significar mais aumentos, porque a Petrobras vai deixar de atuar nas áreas que mais impactam no preço final”, explica.
Na visão de Rodrigo Leão, também diretor técnico do Ineep, Castello Branco tem um perfil similar ao de Pedro Parente, que foi demitido ao final da greve dos caminhoneiros, mais próximo dos interesses do mercado financeiro. “Agora teremos uma gestão mais perto do Pedro Parente, na qual a Petrobras deve ser mais vista como empresa financeira do que empresa de petróleo”, avalia Leão.
Defensor da privatização
Em maio de 2018, Roberto Castello Branco escreveu o artigo “Privatizações Envergonhadas” no jornal Valor Econômico. Na ocasião, defendeu que “tanto no refino quanto na distribuição, a Petrobras, por razões estruturais inerentes a uma empresa estatal, não demonstrou possuir a competência necessária para ser a dona natural desses negócios”.
Sem explicar quais seriam as razões estruturais inerentes a uma estatal para não ser competente, recomendou “a venda integral ou quase integral dos ativos de refino e distribuição”. Justificou afirmando que a medida garantiria lucros maiores para os acionistas.
Demonstrando seu total descompromisso com a soberania nacional, Castello Branco seguiu sua cruzada e aproveitou a greve dos caminhoneiros de junho para afirmar que “É urgente a necessidade de se privatizar não só a Petrobras, mas outras estatais”, em artigo publicado na Folha de São Paulo.
Manobrando conceitos de oferta e demanda e misturando mercado externo com mercado interno, o economista afirmou que “é inaceitável manter centenas de bilhões de dólares alocados a empresas estatais em atividades que podem ser desempenhadas pela iniciativa privada”.
Agora, o defensor da privatização da Petrobras assume a presidência da empresa, uma das mais importantes para o país. Não há dúvidas de que sua missão será entregar as riquezas nacionais para o capital privado transnacional.
Da redação da Agência PT de notícias
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