Por Aristóteles Cardona Júnior*
Passados alguns dias da confirmação da vitória de Bolsonaro para a presidência, a sensação é que a poeira começa a baixar e agora temos a possibilidade de entender os aspectos que permitiram a vitória de um candidato de extrema-direita nestas eleições.
De toda forma, não dá para escapar do resultado final e do sentimento de derrota que nos abateu. São muitos e incômodos os motivos que nos levaram a este sentimento após o dia 28. Mas, certamente, o incômodo maior reside na percepção do quão retrógrada e prejudicial ao seu povo é a agenda que o próximo governo tentará colocar em prática em nosso país. Autoritarismo político associado a uma agenda ultra-neoliberal de ataques aos direitos sociais.
Num momento como este é preciso conseguir ter tranquilidade para planejar e agir de uma maneira condizente com a realidade. Em primeiro lugar, é tarefa de cada militante prezar por sua saúde física e mental, assim como de todos e todas que nos cercam. Precisamos estar bem para conseguirmos dar conta da realidade da melhor forma possível.
Outro passo é buscar entender cada vez mais este processo pelo qual passa o Brasil, mas que vem ocorrendo em outras partes do mundo. Há um avanço do conservadorismo na sociedade. E foi neste fértil terreno que as Fake News ganharam espaço através das redes sociais, especialmente o Whatsapp, e provocaram grande estrago. Cabe agora que busquemos entender melhor este processo e, principalmente, como melhor construir a disputa da sociedade, não deixando isso apenas para os períodos eleitorais.
Não quero deixar de destacar pontos positivos, como a vitória de todos os candidatos a governador do campo mais progressista na região Nordeste. Inclusive, a eleição de Fátima Bezerra, do PT do Rio Grande do Norte, única mulher eleita governadora em todo o país. Se desta vez, nós, nordestinos, não conseguimos impor derrota ao campo da direita, certamente deixamos o recado da resistência que pulsa, e pulsa forte, em nossas veias.
Que nos preparemos e tenhamos muita paciência. As novas condições exigem muito mais preocupações com a segurança de toda a militância. Precisamos saber nos preservar. Penso que nossa grande tarefa é saber encontrar a mediação entre nosso papel histórico de lutar e a necessidade que temos de preservar as nossas forças. Afinal, a história depende de nós e tenho certeza que estamos ao lado das pessoas certas. Que sigamos juntos.
Aristóteles Cardona Júnior é médico de Família no Sertão pernambucano, Professor da Univasf e militante da Frente Brasil Popular de Pernambuco.
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