O New York Times registrou os elogios de Bolsonaro à ditadura militar, defesa da tortura e ameaças de “destruir, exilar ou prender” opositores
“A extrema direita vence no Brasil”. “Os militares voltam ao poder no Brasil, desta vez pelo voto”. As duas observações resumem o misto de perplexidade e desconforto manifestado por boa parte dos principais veículos de imprensa do mundo após a divulgação da vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, no último domingo.
Os jornais franceses Le Monde e Libération, os norte-americanos New York Times e Wall Street Journal, o canadense The Globe and Mail, o britânico The Guardian, os portugueses Diário de Notícias e O Público, o espanhol El Mundo e o argentino Página 12 estão entre os veículos que trataram o resultado das eleições brasileiras com apreensão.
O Público, de Portugal, lamentou em editorial o resultado eleitoral no Brasil, tratado como uma grande perda para a democracia.
Sob o título de “O homem das Armas”, a revista semanal mais lida da Alemanha, Der Spiegel destaca que Bolsonaro já “chocou o Congresso dizendo: Sim, sou a favor da ditadura! Até hoje, Bolsonaro elogia a ditadura militar, chamando-a de revolução“, registra a publicação.
Der Spiegel também ressalta que o presidente eleito do Brasil compensa sua falta de carisma e oratória usando as redes sociais para divulgar “suas mensagens de ódio” e que sua campanha foi “uma mistura de slogans de direita e religião”.
A rede pública de comunicação alemã Deutsche Welle lembra que “nos seus quase 30 anos de baixo clero no Congresso, Bolsonaro se destacou sobretudo com vulgaridades homofóbicas, racistas e misóginas e conseguiu aprovar apenas dois projetos de lei” e alerta que “Com Bolsonaro, Brasil perde atratividade para a Europa”
Já o francês Mediapart não mede as palavras: “No Brasil, é o caos fascista que entra em cena. E pelo voto”, afirma o site progressista, que tem também edições em espanhol e inglês.
“Sinal de tempos sombrios: uma faixa pedindo “menos armas e mais livros” foi considerada ilegal em um campus universitário brasileiro. Jair Messias Bolsonaro já disse abertamente que os artistas não “inúteis” e que deveriam ser substituídos por militares. Está aberta a caça a à intelectualidade”, registra o Mediapart.
A vitória de Bolsonaro foi o assunto de capa do jornal argentino Página 12, “A tristeza não é só brasileira”, título ilustrado com a imagem de um Cristo Redentor que chora uma lágrima de sangue.
O Página 12 também destacou a análise do Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, para quem a vitória de Bolsonaro poderia influenciar toda a América Latina rumo a “avanços da ultradireita. Esquivel manifestou esperança de que Bolsonaro “não materialize a violência prometida na campanha” e estranhou que “o povo brasileiro tenha aceitado as iniciativas “xenófobas, misóginas y racistas” do presidente eleito.
O francês Le Monde estampou: “Bolsonaro, a vitória de um ilusionista sem escrúpulos”
Nem mesmo o jornal conservador El Mercurio, do Chile, que dedicou uma página de reportagens francamente elogiosas a Bolsonaro, conseguiu escapar de qualificar o presidente eleito do Brasil como “de extrema direita”.
“Ele ganhou explorando o poço profundo do ressentimento contra a atual realidade do Brasil — um país açoitado pelo aumento da criminalidade e por dois anos de turbulência econômica”, afirma o New York Times.
Por PT no Senado
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