A secretaria de Mulheres do PT-DF divulgou nota em que condena a atitude da cabo da PM de São Paulo Kátia da Silva Sastre, que executou Elivelton Neves Moreira com o jovem já rendido, após tentativa de assalto em uma escola particular em Suzano (SP).
“Na Segurança Pública, não damos nosso apoio às mulheres policiais para práticas de desrespeito aos Direitos Humanos e aplicação da pena de morte a ninguém”, diz o colegiado feminista do partido. Confira a íntegra da manifestação:
Desafio para as mulheres nesta encruzilhada brasileira
A resolução de nossos problemas de Segurança Pública não passa nem de longe por encarceramentos em massa e extermínios de jovens periféricos. Bandido bom é bandido morto é uma perspectiva fascista que precisamos rechaçar com toda força, sem nenhum vacilo.
Na véspera do Dia das Mães, Elivelton Neves Moreira, 20 anos, tentou um assalto em uma escola particular em Suzano (SP) e acabou engrossando as estatísticas do genocídio da juventude negra de nosso país. Ali estava a cabo da PM de São Paulo, Kátia da Silva Sastre, 42 anos, admiradora de Jair Bolsonaro, defensor da pena de morte. Ela não estava em serviço, mas portava sua arma. Quando Elivelton anunciou o assalto ela sacou a arma e imediatamente dominou-o. Caído e desarmado, mesmo assim ela atirou para matar.
No dia seguinte, Márcio França, governador em exercício de São Paulo, homenageou-a pela suposta bravura com que eliminou um bandido. Uma policial que aplicou a pena de morte não pode ser heroicizada. Ela imediatamente julgou, condenou e executou. Não é para isso que estamos lutando há décadas para termos espaços na vida social. Por outro lado, há um elemento importantíssimo omitido: nosso país não adota a pena de morte – ao menos em suas leis. Além de homenageada pelo governador em exercício, Katia da Silva Sastre foi cortejada por partidos para se filiar e ser apresentada como candidata nas próximas eleições. E está filiada no PR, com vistas à candidatura à deputada federal por São Paulo.
Ressaltamos que há muito tempo as mulheres organizadas em partidos políticos, nos movimentos sociais trabalhamos, incansavelmente, para que mulheres possam ter acesso a todos os espaços, em todos os campos profissionais, sem restrições. Assim, por exemplo, no final dos anos 1980, reforçamos lutas das mulheres pescadoras, a quem a Marinha brasileira negava registro. E elas embarcavam com pais, irmãos, companheiros, clandestinamente, sem inscrição profissional. Elas e seu trabalho eram mantidos invisíveis. E não só. Levamos o primeiro nome de uma mulher à Presidência do país, elegendo-a e reelegendo-a. Dilma Roussef, em 2010 e 2014, com mais de 54 milhões de votos.
E continuamos – e continuaremos – nessa luta de inserção das mulheres na vida coletiva, em todos os campos profissionais, políticos, culturais, econômicos.
Entretanto, afirmamos fortemente que a presença da mulher em qualquer área deve fazer a diferença para construirmos uma sociedade mais justa, mais humanizada, com mais garantias de respeito aos Direitos Humanos.
Na Segurança Pública, não damos nosso apoio às mulheres policiais para práticas de desrespeito aos Direitos Humanos e aplicação da pena de morte a ninguém. Menos ainda às/aos vulneráveis, pobres, negras/os, pessoas que estão nas margens. A luta das mulheres é contra a opressão, em qualquer de suas formas.
Nossa luta continua a ser pela participação ampla das mulheres, legitimando-se à medida que promove o respeito aos Direitos Humanos e a superação do racismo, do machismo, do patriarcado, da LGBTfobia. Se um jovem assaltante está dominado, desarmado, no chão, atirar para matar é um gesto de covardia, atentatório à dignidade tanto de quem aciona o gatilho, quanto de quem é alvejado.
Reafirmamos que a presença da mulher em todos os campos da sociedade precisa marcar a diferença e não reproduzir padrões machistas, patriarcalistas, destrutivos e velhos. É imprescindível que a participação das mulheres em todos os campos da vida coletiva seja criativa, inovadora, proponente de novas formas de convivência e de resolução de antigos problemas.
Secretaria de Mulheres do PT DF
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