Ivan Monteiro era diretor financeiro da estatal antes de substituir antecessor
Petroleiros e engenheiros ainda vêem com desconfiança o novo nome indicado por Michel Temer (MDB) para a presidência da Petrobras. As duas categorias que aturam na estatal entendem que a mudança de comando não significará necessariamente uma alteração no modelo de gestão que vem sendo implementado na companhia.
Pedro Coutinho, da Associação dos Engenheiros da Petrobras, afirma que a saída de Pedro Parente –e a consequente substituição por Ivan Monteiro, então diretor financeiro– simboliza um desgaste da posição de definir os preços a partir do mercado internacional, mas que a superação dessa linha exige “medidas concretas” para além de um novo nome.
“Ficou evidente para a sociedade que há um problema cuja origem é a política de preços da Petrobras. Essa evidência dos equívocos foi ficando aparente e a queda do Parente é o resultado. Mas para que haja uma mudança efetiva, a nova presidência teria de fazer mudanças estruturais. Ele [Monteiro] participava da gestão anterior e defendia a política e o plano de negócios de Pedro Parente. A princípio ele estava alinhado”, diz.
Ivan Monteiro, engenheiro eletrônico de formação, fez carreira no Banco do Brasil, onde se tornou um dos homens de confiança de Aldemir Bendine, ex-presidente da instituição financeira. Durante o final do governo Dilma Rousseff (PT), quando Bendine sucedeu Graça Foster na presidência da Petrobras, em 2015, Monteiro assumiu a diretoria financeira da petrolífera.
O anúncio de Monteiro foi divulgado pela maior parte da imprensa como um nome técnico. Ou seja, um nome apoiado pelo mercado financeiro. Segundo o jornal Valor Econômico, a nova gestão da Petrobras já sinalizou que pode debater o método de reajuste diário dos preços da gasolina, sem deixar de ter, entretanto, o preço internacional como referência.
Enquanto diretor financeiro, Monteiro foi responsável pelo início do processo de venda de ativos da Petrobras ainda em 2016. Esta questão, aliada à política de preços, está no centro da crítica dos petroleiros, como aponta Alexandre Castilho, diretor do Sindicato dos Petroleiros Unificado de São Paulo.
“Primeiro, há uma satisfação pela queda de um nome que se considerava intocável e que afirmava que se fosse para mudar qualquer política de preços ele não continuaria. Então, a saída sinalizam uma fragilidade de sua tese. Nós vemos com bons olhos essa fragilidade. Por outro lado, a entrada de outra pessoa não significa a solução do problema. A efetiva redução do preço dos combustíveis vai se dar a partir das refinarias da Petrobras”, defende.
Castilho afirma que é necessário que as refinarias operem próximas de sua capacidade produtiva máxima. Hoje, a média é de 70%. Além disso, o processo de venda de quatro refinarias, bem como de seus terminais, deveria ser interrompido. Desde que assumiu, Monteiro não deu qualquer indicação de que as vendas seriam interrompidas.
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