Pesquisa divulgada pela Oxfam aponta que nossa situação é pior do que imaginávamos em termos de concentração de renda.
Seis brasileiros detêm hoje fortuna igual ao valor total dos bens de outros 100 milhões de brasileiros, ou seja, quase metade da população do país.
O Brasil que nos governos petistas saiu do mapa da fome, voltou a nos envergonhar. Chega de desigualdade!
De um lado uma faixa da população vivendo abaixo da linha da pobreza; no meio trabalhadores assalariados recebendo um dos menores salários do mundo; do outro lado os 5% mais ricos de posse da mesma riqueza que os restantes 95% da população; e no topo uns poucos privilegiados vivendo vida nababesca.
Isso apenas demonstra o que é o sistema capitalista e os interesses a que responde. Ele se resume a uma brutal concentração de renda no mundo inteiro e de maneira acentuada no Brasil.
É exatamente essa gente que financiou o golpe. Essa elite fez isso porque com o PT no poder ficaria muito mais difícil realizar a reforma trabalhista que sempre sonharam, para tirar direitos do trabalhador e lhes garantir mais lucros.
Agiram financiando grupelhos tipo MBL e colocando nas manifestações milhares de patos da FIESP. Com a ajuda da mídia golpista pregaram a reforma trabalhista como milagre para recuperar a confiança de investidores externos, e mais geração de emprego.
Mentirosos, canalhas. Na verdade, só existe uma saída para trazer mais empregos aos desempregados, e ela é totalmente contrária aos interesses capitalistas: eles teriam que abrir mão da lucratividade absurda que sempre tiveram e deixarem de sonegar impostos.
Ai sim teríamos menor concentração de renda; mais pessoas receberiam remuneração melhor; teriam mais acesso ao consumo de produtos no mercado interno, gerando mais igualdade e menos violência, causada historicamente pela miséria e a falta de perspectivas.
Dois recentes trabalhos sobre desigualdade brasileira apontam na mesma direção da pesquisa e mostram que o Brasil é um dos países com maior índice de concentração de renda do mundo.
Um deles realizado por Marc Morgan Milá, na Paris School of Economics; e outro por Pedro Souza, pesquisador do Ipea, ambos no âmbito de parcerias com Thomas Piketty, um dos maiores especialistas do mundo em desigualdade e progressividade do imposto de renda, autor do badalado livro O Capital no Século XXI.
Os dois trabalhos demonstram que a análise da desigualdade a partir de declarações tributárias leva à conclusão de uma concentração de renda muito maior do que nos estudos a partir de pesquisas domiciliares, como a Pnad – Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios.
Como já se constatou que a desigualdade patrimonial é maior que a desigualdade da renda, Piketty, por exemplo, sugere que uma saída poderia ser taxar mais o patrimônio acumulado ao longo dos tempos pelos milionários- imóveis, terrenos, ações, aplicações financeiras – e dividir o resultado com as populações na forma de serviços públicos.
Isso permitiria aliviar os impostos cobrados no consumo, o que acaba sendo injustamente punitivo para os mais pobres, que consomem menos.
A idéia sempre encontrou resistência no Brasil, no Executivo e no Legislativo, mas já passou da hora de encará-la de frente. Se esse Congresso não fosse dominado por corruptos a medida já estaria sendo discutida seriamente.
Se todos os milionários e grandes empresas deste país pagassem o que devem ao fisco e à previdência social, nossos problemas seriam bem menores.
*Chico Vigilante é deputado distrital pelo PT-DF
Artigo publicado originalmente no portal Brasil 247
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