*Por Gleisi Hoffmann
A caravana pelo Nordeste marca o reencontro do ex-presidente Lula com uma grande parcela da população que foi cuidada por seus governos, mas que hoje sofre com o desmonte do Estado promovido por um governo de golpe. Ao contrário de seus algozes, Lula sai às ruas e, em apenas dez dias, já visitou trabalhadores da construção civil, estudantes universitários, quilombolas, lideranças religiosas, agricultores, pescadores. Pessoas que nesse momento estão alarmadas com os rumos do país. A recepção é calorosa e barulhenta, com reações que vão do “estamos com muita saudade” a demonstrações emocionantes de carinho, gratidão, que dão um pouco a medida do legado deixado pelo PT. Basta apenas um dado para mostrar a importância que esses governos tiveram: em uma década retirou mais de 36 milhões da pobreza extrema e trouxe autoestima ao povo brasileiro.
Nessa caminhada de Lula, uma das histórias que mais chamou a atenção foi o encontro com a sergipana Iva Mayara. Aos 25 anos, ela fez questão de entregar pessoalmente ao ex-presidente seu cartão do Bolsa-Família. Sua história é parecida com a de milhões de brasileiros que deixaram a miséria em nossos governos. Aos 13 anos, Iva fugiu de casa grávida e começou a receber o benefício, que a ajudou a concluir o Ensino Médio em meio às tarefas domésticas. Em seguida, formou-se no curso de administração de empresas, financiado graças ao ProUni, e ainda obteve uma unidade do “Minha Casa, Minha Vida”, uma transformação e tanto na vida de quem nasceu com poucas oportunidades, e sem grandes perspectivas de futuro.
A história dessa sergipana é também uma resposta àqueles que condenam a ajuda do Estado aos mais pobres. E dá um pouco a dimensão da gravidade dos retrocessos impostos pelo atual Congresso Nacional, que age em conluio com o governo golpista para retirar direitos de cidadãos como Iva Mayara, por meio da suspensão dos reajustes do Bolsa-Família, o fim de direitos trabalhistas e o congelamento dos gastos com saúde e educação. Com Lula no Nordeste, as pessoas começam a compreender o que está em jogo e a necessidade de mobilizações para evitar que o desastre seja ainda maior – a última de Temer e seus associados é vender o Brasil em uma grande liquidação. Da Eletrobras a Casa da Moeda. Das reservas da Amazônia a comunicação do espaço aéreo. Onde vamos parar? Viraremos um nada enquanto Nação?!
Ainda bem que temos a caravana de Lula que promove um resgate às famílias que viveram as políticas públicas dos governos do PT, em que os números falam por si só. Na educação, constantemente lembrada como a saída para as crises do país, o ex-torneiro mecânico fez mais do que qualquer outro presidente. No período entre 2003 e 2014, que inclui nossos três governos, o número de universidades federais subiu de 45 para 63, os campi universitários passaram de 148 para 321 e o número de matrículas quase dobrou, de 500 mil para 932 mil; os cursos de graduação saíram de 2047 para 4867. É uma situação bem diferente da atual, em que assistimos ao sucateamento de universidades e centros de pesquisa, alguns com possibilidade de fechar as portas por falta de recursos já a partir do mês que vem, um fato de repercussão internacional.
O povo não é bobo, como o governo golpista parece crer. Gostaria de ver Temer e seus apoiadores em uma caravana como essa, explicando ao povo o que andam fazendo em Brasília. Ao longo dos últimos três anos, Lula sofreu ataques diários contra sua honra, mas isso não impede que hoje possa andar de cara limpa e de cabeça erguida pelas regiões mais remotas do país, tirando selfies e distribuindo abraços. Lula é a maior liderança política do Brasil e está convencido de que a única saída para o país voltar a crescer é incluir novamente os pobres no orçamento, retomando a opção pela distribuição de renda para que todos possam voltar a sonhar com um futuro melhor.
*Gleisi é senadora pelo PT-PR e presidenta do PT
Artigo publicado originalmente no portal Brasil 247
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