A mesa do trabalhador de baixa renda ficará mais vazia com o anúncio de redução de R$10 do salário mínimo, feito pela equipe econômica do governo golpista de Michel Temer nessa quarta-feira (16). Atualmente, praticamente todos os trabalhadores que ganham renda mensal de um salário mínimo utilizam a verba com pagamento de aluguel, transporte e alimentação, além de, esporadicamente, gastarem também com saúde. Entretanto, dessa lista, o único gasto que pode ser reduzido é com a alimentação. O que depende de colocar menos comida no prato.
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2011, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a população de baixa renda consome basicamente arroz e feijão, já que são alimentos que rendem e, financeiramente, são mais viáveis, fazendo valer o custo x benefício. Nos dias de hoje, o preço médio de um pacote de arroz de 5Kg é de R$10, justamente o valor que o governo golpista Michel Temer pretende descontar do salário mínimo.
“Não tem perdão. Temer esfola a carne do povo brasileiro, principalmente o de baixa renda. Não importa se o brasileiro vai ter que comer menos. O importante, na lógica dessa política desumana, é quitar o débito com os patrocinadores do golpe, ou seja, os empresários, os banqueiros, os ruralistas”, afirma o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.
Na contramão do argumento que tenta justificar o assalto feito aos trabalhadores, que é tampar o buraco nas contas públicas, Temer vem sendo bondoso com os aliados e não hesita em distribuir valores estratosféricos do dinheiro público.
Em 90 dias, o golpista perdoou a dívida de aproximadamente R$ 30 bilhões do Bradesco, Itaú e Santander. O Itaú acumulava R$ 25 bilhões de dívidas com a Receita Federal do processo de aquisição do Unibanco. Santander e Itaú tiveram suas dívidas perdoadas no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Já no caso do Bradesco, Temer, usou a Ativos, empresa controlada pela Banco do Brasil, uma empresa pública, para comprar a dívida de R$ 4 bilhões em carteiras de crédito vencidas do banco privado.
O setor ruralista também comemora as benesses do golpista Michel Temer. A bagatela de R$ 10 bilhões, fruto do perdão dos juros da dívida da contribuição social do empregador rural, foi destinada ao setor.
Bilhões também foram reservados para a compra de votos de parlamentares. Para se safar da investigação por corrupção e angariar apoio aos seus projetos, Temer investiu R$ 17 bilhões apenas em emendas parlamentares e verbas destinadas para governos e prefeituras. Até o ex-deputado Eduardo Cunha, que está na cadeia, foi beneficiado: três emendas suas somaram R$ 1.671,5 milhão.
A cifra das concessões de Temer a seus comparsas está bem além do que a equipe econômica do golpista projeta com a diminuição do salário mínimo: uma economia de R$ 3 bilhões ao governo no ano que vem. A matemática clara mostra que o discurso de “sacrifício” evocado pelo golpista para ajustar as contas tem endereço certo.
“O contingenciamento dos gastos do governo golpista só é aplicado quando diz respeito aos direitos do povo: direitos trabalhistas, educação, saúde pública e, agora, o próprio salário mínimo. Para bancos, empresariado e aliados, os benefícios não cessam”, afirma o secretário geral da CUT Brasília, Rodrigo Rodrigues.
Conquista desmantelada
Com a pressão da CUT e outras centrais sindicais, o salário mínimo passou a ter uma política anual de valorização, desde 2004. Em 2015, o reajuste no mínimo foi de 15% e, em 2006, 16%. Um acordo entre as centrais e o então governo Lula estabeleceu que o reajuste do salário mínimo seria feito levando em consideração a inflação do ano anterior mais o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do ano retrasado. Esse cálculo passou a ser adotado em 2008 e virou lei em 2011. A lei foi responsável por beneficiar os 45 milhões de brasileiros que têm como renda o salário mínimo, além de colaborar para que o Brasil saísse do mapa da miséria, para onde voltou após o golpe.
Em 2015, a presidenta Dilma Rousseff decidiu prorrogar essa política de valorização até 2019, com possibilidade de prorrogação até 2023.
“Essa foi uma política de maior êxito do governo Lula no aumento da renda dos trabalhadores de forma geral, em especial aqueles que não estão organizados e representados por sindicatos. Não podemos deixar que nossa conquista seja desmantelada por golpistas. Vamos resistir!”, avisa Rodrigo Rodrigues.
Atualmente o salário mínimo é de R$ 937. A previsão era de que, no ano que vem, ele passasse a valer R$ 979. Com o corte de Temer, o salário de milhares de brasileiros será de R$ 969.
Fonte: CUT Brasília
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